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Europa vai estatizar e EUA não terão limites para gastar

Coronavírus liquida o neoliberalismo

Edição: 286
Data da Publicação: 20/03/2020

O modelo econômico fracassado de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, que só prevê privatizações e teto de gastos, está sendo liquidado no mundo inteiro com o avanço do coronavírus. No Brasil, o que está salvando os brasileiros é o SUS, que tem enorme capilaridade e está em 100% dos municípios brasileiros. Além do SUS, a pesquisa das universidades públicas também está contribuindo.

A pandemia desmontou a tese do "estado mínimo". No Brasil, é o SUS que está no comando, a guerra está sendo travada por bravos civis e não por generais ou capitães. Especialistas, entidades e partidos aumentam a pressão para que o governo revogue a limitação de gastos públicos. Essa limitação retirou do SUS 20 bilhões de reais. Estamos enfrentando a pandemia com 20 bilhões a menos, esse é o resultado da emenda do teto de gastos públicos (EC 95) que congelou estes por 20 anos. Isso não existe em nenhum outro lugar do mundo. Essa emenda constitucional foi proposta por Michel Temer, endossada pelo Congresso Nacional e mantida pelo presidente Bolsonaro. A EC 95 foi vendida como essencial para o equilíbrio das contas públicas, mas seu resultado, percebido nos últimos anos, está longe desse cenário.

Governo brasileiro privatiza e reduz investimento público

O avanço da epidemia do novo coronavírus expôs o fracasso da política neoliberal adotada pelo governo Jair Bolsonaro e implementada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Enquanto no Brasil as prioridades são as privatizações de estatais e a contenção do investimento público por meio do teto de gastos, a Europa começa a agir no sentido inverso e já começa a se preparar para estatizar empresas. Já os Estados Unidos deverão destinar até US$ 850 bilhões para manter a economia aquecida. 

 

Itália: Alitalia será estatizada

 

Nesta terça-feira (17), a Itália - país europeu mais afetado pelo avanço da Covid-19 - anunciou que a companhia aérea Alitalia, que já enfrenta dificuldades financeiras há alguns anos, deverá ser estatizada. O governo italiano deverá destinar um fundo de 600 milhões de euros para o setor aéreo nacional, dominado pela Alitalia. 

Pelo projeto, uma nova empresa deverá ser constituída, sendo "totalmente controlada pelo ministério da Economia e das Finanças, ou controlada por uma empresa com participação pública majoritária, inclusive indireta".

 

França

 

Em uma linha semelhante à adotada pela Itália, o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, também afirmou que o país deverá fazer de tudo para proteger suas empresas, o que inclui a estatização ou nacionalização de muitas delas. 

"Não hesitarei em utilizar todos os meios a meu alcance para proteger as grandes empresas francesas", ressaltou Le. "Isto pode ser feito por meio da capitalização ou compra de participações. Inclusive, posso usar o termo nacionalização, se for necessário", completou em seguida.

 

EUA: pacote de US$ 850 bilhões

 

Já nos Estados Unidos, segundo informações da mídia norte-americana, o presidente Donald Trump pediu que o Congresso aprovasse um pacote de US$ 850 bilhões em estímulos à economia, sendo US$ 50 bilhões apenas para o setor aéreo. 

O pacote também prevê o atraso no pagamento de impostos como forma de estimular e evitar a quebra de pequenas empresas, ampliação das linhas de crédito e aumento do seguro-desemprego, entre outras ações. A expectativa é que o pacote seja votado pelos congressistas ainda nesta semana.