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Desafios do novo governo
Hoje, o Brasil pode olhar para a história e perceber que a China nos entrega uma oportunidade única de reindustrialização como a que entregam ao mundo. É preciso ter um nível de negociação com os chineses que permita a transferência de tecnologia.
Edição: 422
Data da Publicação: 04/11/2022
A guerra eleitoral acabou e começaram outros
desafios: a posse e governar esse continente territorial, cuja riqueza precisa
voltar a financiar o desenvolvimento econômico, educacional, científico, e,
sobretudo, voltar a ter um governo soberano, que voltará a falar com as grandes
potências internacionais de forma ativa e altiva.
A Petrobrás, esse gigante nacional, precisa
voltar a ser um dos fatores da indução do crescimento do país, voltando a comprar
aqui suas plataformas e navios, gerando emprego, renda e qualidade de vida no
Brasil e não na Ásia.
É preciso voltar a refinar o petróleo brasileiro,
extraído por brasileiros, pagos em reais e por uma empresa nacional, deixando
de importar, e, com isso, oferecer ao país um combustível compatível, ao preço de
20 dólares o barril, valor médio de custo do petróleo extraído no país, contribuindo
com o seu desenvolvimento; produzirmos 80% do petróleo de que o país necessita e
não pagar mais os 100 dólares do mercado internacional.
Nunca, na história do Brasil, o preço
do óleo diesel foi mais caro que o da gasolina, impactando diretamente no frete
dos produtos e nas tarifas dos transportes públicos e energia elétrica. Isso deixará
de ser assim. É preciso retomar a produção de fertilizantes, com a retomada das
obras das fábricas paralisadas e outras arrendadas a grupos estrangeiros. Fertilizante
é questão estratégica para país.
O Brasil precisa enfrentar essas
questões que envolvem a segurança alimentar e preço dos alimentos. O problema
do Brasil não é falta de alimentos, mas de renda dos trabalhadores. As pessoas
passam fome simplesmente porque não têm dinheiro para comprar comida. É preciso
que o governo dê uma resposta rápida e firme sobre isso. Não é uma resposta
difícil, mas estratégica sobre essa questão.
E, nesse aspecto, a valorização do salário
mínimo, esse poderoso instrumento, precisa voltar a ser aplicada. Essa
experiência já aconteceu e foi um sucesso. Em 8 anos de governo Lula, o salário
mínimo foi reajustado em cerca de 77%. Se o reajuste acima da inflação não
tivesse parado devido ao golpe de 2016, hoje ele estaria beirando os 2 mil reais
e não estaríamos na crise econômica que estamos, e cidades pequenas, como as
nossas, não estariam na crise em que estamos.
Reindustrialização
O governo de JK descobriu a
centralidade do automóvel e cortou o Brasil em estradas, industrializou o país,
trouxe a indústria automobilística e conseguiu montar, ao redor dela, mais de
2.000 pequenas e médias empresas de autopeças, fazendo com que o Brasil
tivesse, na década de 80, o maior parque industrial metalmecânico do mundo.
China
Hoje, o Brasil pode olhar para a
história e perceber que a China nos entrega uma oportunidade única de
reindustrialização como a que entregam ao mundo. É preciso ter um nível de
negociação com os chineses que permita a transferência de tecnologia de todos
esses setores concernentes à segunda revolução industrial, que é basicamente a
indústria mecânica pesada, como a China está fazendo com Argentina, Somália,
Congo etc. Com o Irã, por exemplo, a China está trocando 25 anos de fornecimento
de petróleo iraniano pela construção do metrô da capital e centenas de quilômetros
de trens de alta velocidade.
Com o Brasil pode ser feito o mesmo
modelo envolvendo o minério e a soja. Como diz o professor e escritor Elias
Jabbour, maior conhecedor de China no Brasil, a relação Brasil x China não pode
ficar ao nível dos técnicos do Ministério das Relações exteriores, é necessário
que se tenha um político que seja peso pesado dentro do governo. Jabbour
arrisca dizer que deveria ser montado quase um ministério para tratar dessas
negociações com a China e também EUA. Vamos ver.