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Hidrogênio de etanol para abastecer carros
Mais uma ideia genial que perdemos!
Edição: 362
Data da Publicação: 10/09/2021
Em
pleno pico da safra no sudeste e centro-oeste brasileiro, maiores regiões
produtoras de cana de açúcar do Brasil, temos visto o valor do litro de etanol
nas bombas com valor superior a 70% da gasolina (que é considerado por
especialistas o percentual limite para que seja mais econômico que o combustível
fóssil nos carros com motor bicombustível).
Mas
esta já não é a única tecnologia verde que estamos perdendo em um momento em
que a economia limpa aposta tanto em fontes de energias renováveis. A Nissan
está fazendo testes com carros elétricos que dispensam a necessidade de recarga
externa para as baterias. Em vez disso, o dono apenas abastece o tanque com
etanol, como em qualquer veículo existente hoje. A diferença é que o etanol
sofre um processo chamado de reforma-vapor, no qual este composto reage
quimicamente com a água, produzindo uma mistura gasosa cujo componente
principal é o hidrogênio.
A
eficiência desse processo situa-se na casa dos 80%. Uma vez disponível, esse
hidrogênio pode ser utilizado energeticamente em motores de combustão interna,
turbinas a gás e células a combustível. Este último dispositivo é um reator
eletroquímico que converte o hidrogênio e o oxigênio do ar em eletricidade,
calor e água com elevada eficiência de conversão (em torno de 50%), que é o
caso da tecnologia da Nissan.
A
eficiência global da combinação etanol, hidrogênio e veículos com células a
combustível está por volta de 40%, quase o dobro daquela verificada nos
veículos com motores de combustão interna a álcool (cerca de 25%), sendo que em
todo seu ciclo de produção e utilização não há praticamente nenhuma emissão de
poluentes. Pode ser empregada também em aplicações em que o etanol não vem
sendo utilizado diretamente, como veículos pesados (ônibus e de carga) e
geração distribuída de eletricidade (sistemas isolados e rurais, sistemas
complementares à rede elétrica, de segurança etc.).
Há 20 anos, a Unicamp já
pesquisava essa ideia
A Unicamp,
através de seu Laboratório de Hidrogênio do Instituto de Física Gleb Wathagin
(IFGW), já havia vislumbrado e pesquisado essa tecnologia há quase 20 anos, com
resultados satisfatórios. Entretanto, nossos pesquisadores e acadêmicos
visionários, mais uma vez, foram deixados na berlinda por ausência de uma
política industrial integrada a nossos centros de pesquisa.
Fonte Paulo Gala e
Tarcísio de Oliveira