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"Por trás desse ataque à Petrobrás, está o plano do Guedes para privatizar a empresa"
O próprio Jair Bolsonaro foi às redes sociais dizer que "a Petrobrás pode mergulhar o país num caos" (só esqueceu de dizer que é ele quem indica o presidente e seis dos 11 conselheiros da empresa).
Edição: 403
Data da Publicação: 24/06/2022
Desde a semana passada, o governo
Bolsonaro passou a criticar a Petrobrás como se não tivesse nada a
ver com a indicação do presidente ou dos conselheiros da empresa.
O próprio Jair Bolsonaro foi às redes sociais
dizer que "a Petrobrás pode mergulhar o país num caos" (só esqueceu de dizer
que é ele quem indica o presidente e seis dos 11 conselheiros da empresa).
Praticamente ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, também foi ao
Twitter afirmar que a empresa age como "inimiga do Brasil".
Três dias depois, o presidente da Petrobrás
renunciou. O cenário na estatal é de caos: em menos de dois anos, a empresa vai
ter quatro presidentes - todos indicados pelo governo Bolsonaro. Os presidentes
passam, mas a alta dos combustíveis fica. Só em 2022, a gasolina subiu 31%, e o
diesel, 68%.
Mas nem o caos nem o aumento dos preços nem a
ação articulada de Bolsonaro e Lira acontecem por acaso. A estratégia de manter
o preço alto e colocar a culpa na Petrobras é útil para os objetivos do
governo.
Isso porque o projeto de privatização da
empresa está pronto, mas ele ainda tem que passar pelo Congresso, e a alta dos
combustíveis torna o momento político muito mais favorável a essa discussão,
especialmente se a imagem da empresa estiver abalada.
E não há nem um esforço para esconder a
estratégia. O filho 03 do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP),
disse que vai defender a criação de uma CPI da Petrobrás, e completou: "Eu
tenho certeza de que essa CPI muito provavelmente vai culminar pedindo a
privatização da Petrobrás".
É por isso que o economista Eric Gil Dantas,
do Observatório Social do Petróleo (OSP), aponta o interesse de privatização
por trás do ataque à Petrobrás, na frase que dá o título a esta newsletter. Ele
não é o único: "Trocas sucessivas de presidente e diretoria da estatal fazem
parte da mesma estratégia em busca de destruição da imagem da empresa", disse
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).