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Jesus revolucionário, subversivo
Ser subversivo é executar atos de transformação, ou a derrubada de uma ordem estabelecida. É ser revolucionário.
Edição: 238
Data da Publicação: 19/04/2019
Nessa data tão especial para o mundo cristão
- a Páscoa, faço minhas as palavras do professor,
cientista social, historiador, teólogo e pastor Henrique Vieira da
Igreja Batista do Caminho, na Gávea, Rio de Janeiro. Um dos pastores mais
atuais.
"Ser subversivo é executar atos de
transformação, ou a derrubada de uma ordem estabelecida. É ser revolucionário.
Em uma sociedade patriarcal, as mulheres tiveram protagonismo no movimento que
Jesus organizou.
Em uma sociedade muito desigual
economicamente, Jesus denunciou o acúmulo de riquezas e exaltou os pobres.
Numa sociedade de moralismo vazio,
Jesus andou especialmente com as pessoas consideradas de 'má fama' e denunciou
muito a hipocrisia dos líderes religiosos.
Numa sociedade baseada na vingança, no
olho por olho, dente por dente, Jesus ensinou a amar, inclusive os inimigos, e
perdoar sempre.
Numa sociedade profundamente
hierárquica, Jesus exaltou os humildes, disse que os menores serão os maiores,
que os últimos serão os primeiros, que a glória mesmo é poder servir ao
próximo. Em outras palavras, Jesus implodiu as relações de poder.
Numa sociedade autocêntrica, ou seja,
uma sociedade que despreza a infância, uma sociedade chata, indisposta ao riso
e à brincadeira, Jesus disse que o reino de Deus pertencia justamente às
crianças.
Numa sociedade que odiava os
estrangeiros, Jesus andou livre e levemente por vários povos e culturas, Ele
desconheceu fronteiras.
Numa sociedade que tinha uma tradição
religiosa conservadora que só se podia encontrar a Deus no templo, Jesus viu a
beleza de Deus em todos os lugares, em tudo quanto é canto, disse mesmo que o
importante era buscar de coração. Ou seja, Ele retirou poder do templo, retirou
poder dos líderes religiosos que queriam ser gerentes do sagrado, Ele
democratizou e ampliou a experiência de Deus.
Numa sociedade em que a tradição
religiosa estava subordinada ao lucro, Jesus entrou no templo quebrando tudo e
disse que ali não era lugar de comércio.
Numa sociedade em que alguns
territórios valiam mais do que outros, ou que pessoas valiam mais ou menos
dependendo de onde moravam, Jesus nasceu na periferia, viveu na periferia e ficou
na periferia até o fim, justamente por essas razões, Ele não teve a razão de
envelhecer. Jesus foi preso, torturado e assassinado pelo Estado a pedido dos
líderes religiosos em nome da ordem.
Jesus morreu como imoral, escandaloso,
desviado, rebelde, desordeiro e herege. E é esse Jesus que tantas vezes, parte
da igreja, em nome da ordem, tenta, tenta, tenta esconder.
Mas é esse o Jesus do evangelho -
revolucionário, subversivo".
Nota:
A Igreja Batista do
Caminho lê a Bíblia pelo viés dos povos
oprimidos e das vítimas da terra e acredita que o semblante de Deus se revela
especialmente no rosto daqueles e daquelas que sofrem. A Igreja se diferencia de
toda forma de opressão, preconceito, injustiça e exploração que constitui uma
ofensa à humanidade e ao próprio coração de Deus.