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O Brasil já teve sua marca doméstica de caminhões, a FNM

Que agora tenta voltar como caminhão elétrico

Edição: 493
Data da Publicação: 22/03/2024

A Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi uma empresa brasileira fundada em 1942, durante o governo de Getúlio Vargas. Inicialmente, a FNM foi criada para produzir motores de aviação e motores para embarcações navais, como parte do esforço de industrialização e de modernização do Brasil. Em meados da década de 1950, no entanto, a FNM expandiu suas atividades para a produção de veículos automotores, com foco na fabricação de caminhões e ônibus. A empresa rapidamente se destacou no mercado nacional, tornando-se uma das principais fabricantes de veículos comerciais do Brasil.

O ponto alto da história da FNM ocorreu na década de 1960, quando lançou uma linha de caminhões e ônibus robustos e de alta qualidade, que logo se tornaram populares entre os transportadores e empresas de transporte de carga e passageiros. O modelo mais famoso da FNM foi o caminhão FNM D-11000, conhecido por sua confiabilidade e resistência.

A partir da década de 1970, a FNM começou a enfrentar dificuldades financeiras e de gestão, devido a uma série de fatores, incluindo a concorrência estrangeira, e, mais uma vez, o país não resguardou suas empresas, além de ter sofrido problemas internos.

Sem apoio do governo para ter sua empresa genuinamente nacional, em 1977, a FNM acabou cedendo e foi incorporada pela italiana Alfa Romeo, que assumiu o controle da empresa. A Alfa Romeo tentou revitalizar a FNM, mas, em 1980, a produção de veículos foi encerrada e a fábrica foi fechada. Desde então, a marca FNM foi descontinuada e a empresa tornou-se parte da triste história da indústria automotiva brasileira que sucumbiu diante das indústrias estrangeiras.

Apesar do seu fim, a FNM deixou um legado importante na indústria automobilística brasileira, sendo lembrada até hoje por seus caminhões robustos e de qualidade, que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do transporte de carga e de passageiros no país.

O retorno da marca - uma nova chance

O renascimento da FNM começou em 2008, quando uma empresa carioca do ramo de mobilidade adquiriu os direitos no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), para usar o nome da histórica marca brasileira - inclusive a logomarca, inspirada no clássico logotipo da Alfa Romeo.

Em sua nova versão, a sigla FNM passou a significar Fábrica Nacional de Mobilidades.  Sua divisão FNM Elétricos será voltada para soluções em mobilidade de alta tecnologia, com projetos de ônibus e caminhões com zero emissões. A empresa também desenvolve o sistema "RePower", para transformação de veículos a diesel em elétricos. A proposta é produzir modelos para transporte de cargas e de passageiros que proporcionem uma logística sem poluentes, silenciosa, segura, sustentável e sem emissão de carbono.

O novo FNM é um 'smart-truck'. Utiliza tecnologias de ponta, com tablet ligado com a TI operacional e com os sistemas de logística das empresas, incluindo monitoramento, soluções inovadoras de vídeo-telemática de câmeras anti-colisão com inteligência artificial, mudança de pista, alerta de partida de veículos à frente, alerta de motorista fumando e distraído, acelerômetro, avanço de sinal de trânsito vermelho, aviso de distância mínima dos veículos no trânsito, aviso de riscos de colisão, para-choques virtuais, telão de alta resolução na traseira, que pode transmitir imagem da câmera da frente ou anúncios, reconhecimento de sinais de tráfego, aviso de perigo de colisão com motocicletas e bicicletas e quatro câmeras - duas laterais, na dianteira e na traseira, tudo sendo transmitido em tempo real para o centro de gestão dos frotistas e para a 'nuvem FNM'? e com tudo pronto para se tornar um 'caminhão autônomo' no futuro.

A FNM foi a primeira a sentir a falta de apoio do Brasil para suas indústrias nacionais, bem diferente do Japão que apoiou a Honda e a Toyota; bem diferente da Coreia do Sul que deu incentivo às suas marcas nacionais, entre elas a mais conhecida Hyundai, que saiu de uma empresa que plantava arroz e se tornou uma das maiores do mundo. Sem falar na China, que, depois de diversas joint ventures (união de duas ou mais empresas) com as indústrias ocidentais como GM, Toyota, entre outras, para adquirir know how (como fazer), está dominando o mundo com suas marcas.

O Brasil nunca conseguiu furar o bloqueio das multinacionais instaladas no país e ter sua marca de automóveis. O Brasil possui a 3ª maior e melhor indústria de aviões, a EMBRAER, orgulho nacional, que produz um dos melhores aviões do planeta, seja avião civil como militar, mas não consegue ter seu carro nacional, como a Gurgel, a Puma e, recentemente, a Troller, vendida para a Ford.

Tenho esperança de que um dia nossos governantes (Executivo e Legislativo) estejam olhando na mesma direção.

 

Com informações do economista Paulo Gala