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Há uma luta a ser feita

Quando Fernando Henrique Cardoso disse que o programa de governo dele era acabar com a Era Vargas, ele deu o mote...

Edição: 324
Data da Publicação: 18/12/2020

Quando Fernando Henrique Cardoso disse que o programa de governo dele era acabar com a Era Vargas, ele deu o mote, deu o tom de que seu governo veio para desconstruir tudo aquilo que o Brasil construiu a partir da década de 30 em termos de legislação trabalhista com a CLT e em termos de parque produtivo nacional com a CSN - Cia Siderúrgica Nacional, Petrobras e com a industrialização induzida pelo estado brasileiro.

Fernando Henrique veio com esse projeto pessoal dele, com o discurso de que queriam "passar a história a limpo", e ele seguiu isso e implementou nos dois mandatos que conseguiu. Entre as joias da coroa, ele privatizou a Vale do Rio Doce e o sistema de telefonia. Só não privatizou a Petrobras porque não deu tempo - chegou a tentar mudar seu nome para ser mais palatável no exterior, queria que passasse a se chamar "Petrobrax". Mas, como já estava desgastado e com a popularidade em baixa, veio o movimento que resistiu a esse modelo, que foram os governos Lula e Dilma.

FHC, Temer e Bolsonaro

Esse movimento que iniciou com FHC foi consumado com o governo Temer e está sendo continuado pelo governo Bolsonaro. Realmente, é uma regressão histórica e vai jogar o país, que tem um grande território e uma população imensa, em um lugar deserto de empregos, deserto de educação, será um grande país retrógrado. Será um país detentor dos piores indicadores sociais, como, aliás, já está ocorrendo com a queda do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano em cinco posições, ficando atrás do Chile, Argentina, Uruguai, Cuba (que não é novidade), Peru e Colômbia, mais um vexame internacional. Isso, se não for barrado (porque a história sempre pode ser modificada pelos meios democráticos), continuará caindo e desempregando.

Ganharam, mas não levaram

Já temos o troféu de sermos o último país a acabar com a escravidão na América. Nossa elite não permite que o pobre ande de avião ou entre em shopping, e tudo isso com as bençãos das famílias que controlam os meios de comunicação. Não se pode tirar a responsabilidade das elites pela situação de atraso que estamos vivendo. Queriam Aécio, não conseguiram, depois tentaram o Alkmin, não conseguiram, mas ganharam um Bolsonaro. Ganharam, mas não estão levando.

Há uma luta a ser feita, a pandemia atrapalha, mas não impede

Há uma luta política a ser feita no país. E a pandemia atrapalha, mas não impede, o Greenpeace, o MST, a Une e a juventude nos ensinam isso todos os dias. Os partidos, as esquerdas precisam fazer esse movimento de baixo para cima. É preciso unificar as esquerdas, é unificando que se conseguiu vencer. Há um problema de unidade, de pauta comum. O próprio Evo Morales, o que ele fez na Bolívia? Colocou o Arce como candidato, unificou o partido e foi disputar as classes médias, foi colocar as pautas econômicas, democráticas e sociais e venceu as eleições.

O Brasil precisa voltar a distribuir sua riqueza, só assim voltará a crescer e a democracia é o único caminho seguro para isso.