Voltar
O governo Bolsonaro acabou!
O que segura Bolsonaro é a reforma da Previdência. O que se discute agora é como e quando Bolsonaro vai cair.
Edição: 243
Data da Publicação: 25/05/2019
O jornalista Ricardo Kotscho foi enfático: Não tem mais jeito: o que se
discute agora é como e quando Bolsonaro vai cair. Renúncia? Internação?
Impeachment? Golpe dos generais? Como diria o êmulo Trump, todas as opções
estão sobre a mesa, mas uma coisa é certa: Jair Bolsonaro não tem mais
condições políticas, mentais e morais para governar o país.
Já não tinha quando tomou posse. Mas, de lá para cá, tudo só piorou _
para ele e para nós. O país está perto de um colapso político e econômico sem
precedentes na nossa história. Antes de completar cinco meses no poder e de
começar a governar, o tempo do capitão já acabou. Quem ainda sustenta Bolsonaro
e quer a sua permanência? Quem vai sair às ruas para defender seu desgoverno? Cada
vez mais isolado e raivoso, ele mesmo já falou em impeachment num dos
confrontos com os jornalistas na sua escalafobética viagem relâmpago a Dallas
para fazer uma homenagem a ele mesmo.
"Nossa senhora, hein? É uma Lava Jato aí. Vai fundo, tá ok? O
objetivo é me atingir", deixou escapar logo cedo, ao ser perguntado sobre
o Queirozgate que está fazendo uma devassa no modus-operandi dos bolsonaros. Ainda
atordoado com as grandes manifestações contra seu governo na véspera, as
maiores desde o Fora Collor, o capitão saiu atirando para todo lado. "Não
vão me pegar!", bradou Bolsonaro, mas agora é tarde. Já pegaram, como ele
pode constatar ao ler a Folha de hoje:
"Apuração sobre Flávio pode avançar sobre milícia, PSL e
primeira-dama", informa o jornal na página A8.
Para completar, os editoriais dos três principais jornais brasileiros
nesta sexta-feira já decretaram o fim do seu governo. O Globo - "Não é
possível governar assim. Não se governa por meio de confrontos". Estadão -
"Hostilidade como método". No texto, o jornalão conservador, que
apoiou sua candidatura, constata que "Bolsonaro age como um chefe de
facção". Folha - "Idiotia inútil". Começa assim: "O
obscurantismo agressivo do governo Jair Bolsonaro (PSL) converteu o crucial
debate sobre o financiamento do ensino superior público, já tardio no país, em
um confronto de bandeiras ideológicas".
Com a economia e a articulação política em frangalhos, sem conseguir
entregar as reformas prometidas, Bolsonaro já perdeu o apoio da mídia e do
mercado que bancaram o Fora PT.
Só faltava o povo nas ruas. Não falta mais. Novas manifestações já foram
marcadas para o dia 30 e uma greve geral está sendo organizada para 14 de
junho.
Só as redes sociais dos guerrilheiros de internet do filho Carlucho 02
não vão segurar Bolsonaro no poder. Ao contrário, agora com sinal invertido,
podem apressar a sua queda, como mostram as pesquisas feitas pelos jornais após
os protestos contra o governo esta semana. Em guerra permanente, Bolsonaro
abriu várias frentes de batalha ao mesmo tempo _ e perdeu todas. Até o
inacreditável gurú Olavo de Carvalho (de onde saiu isso?) já pulou do navio e
avisou que não vai mais se meter na política nacional. Restou a Bolsonaro a
companhia apenas dos três belicosos filhos parlamentares, que só lhe causam
problemas.
Triste fim de um capitão expulso do Exército, que passou 30 anos
escondido no baixo clero da Câmara, e achou que poderia ser presidente da
República para se vingar dos seus inimigos reais ou imaginários. Alguém precisa
avisar o presidente que a Guerra Fria já acabou faz tempo, mas acho que agora
não adianta mais. Enquanto se procura uma "saída institucional" para
tirar o estorvo do Palácio do Planalto, com o vice general Mourão ou com
Rodrigo Maia, o herdeiro do centrão de Eduardo Cunha, não para de crescer o
número de desempregados e de moradores de rua jogados nas calçadas.
O que virá depois de Bolsonaro? É a pergunta que mais se ouve agora,
diante da terra arrasada pela "nova política", que fez o país
retroceder 50 anos, ou mais.
Perdeu, capitão. Acabou a brincadeira de fazer arminha com as mãos.