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Correios privatizados no mundo não melhoraram prazo de entrega e ficaram mais caros
Projeto de Bolsonaro de privatizar Correios copia a ideia de Trump; mas lá, os trabalhadores do serviço postal já se mobilizam contra
Edição: 353
Data da Publicação: 09/07/2021
Se isso se confirmar, o Brasil será um dos poucos países do mundo a
ter um serviço postal privatizado. Detalhe: em nenhum dos países onde isso
aconteceu, os Correios viraram exemplo de sucesso. Pelo contrário, os
prazos de entrega continuaram os mesmos ou pioraram e os preços dos serviços foram
à estratosfera. Considerado o serviço postal mais bem avaliado do mundo,
os Correios suíços são uma empresa pública.
Ao contrário do que já foi dito, os Correios dão lucro. Em 2018, o
lucro foi de 161 milhões de reais, em 2017 foi
de 667,3 milhões de reais, e em 2020, em plena pandemia, a
empresa apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão, segundo relatório -
maior resultado nos últimos 10 anos.
Na Alemanha
Enquanto isso, na Alemanha, por exemplo, os Correios foram
privatizados parcialmente no ano 2000 e totalmente em 2005. Embora o modelo
adotado seja citado pelos entusiastas das privatizações, os alemães reclamam
que os preços dos serviços postais ficaram incrivelmente altos e sobem todo
mês. Em janeiro, o jornal alemão Die Welt noticiou um aumento de
até 400% nas postagens para o usuário comum. 38 mil postos de trabalho
foram cortados.
No Reino Unido
Considerada a mais ambiciosa privatização do Reino Unido desde as
ferrovias, em 1997, a venda do Royal Mail do Reino Unido, iniciada em
2013 e completada em 2015, cobra hoje um valor 60% maior por um selo do que os Correios
dos Estados Unidos, que ainda permanecem estatais. As maiores queixas dos
britânicos em relação aos Correios privatizados são sobre perdas de
encomendas e cartas. Atrasos e danos nos pacotes também são alvos frequentes de
reclamações. 11 mil trabalhadores foram para a rua.
Nos EUA
O Washington Post publicou
um artigo afirmando que o plano de Donald Trump de privatizar os Correios
iria destruí-los. "Os Correios estão na vida norte-americana desde 1775,
quando o Segundo
Congresso Continental nomeou Benjamin Franklin como o primeiro carteiro geral.
Atualmente, o serviço postal dos EUA é a agência governamental mais popular do
país, com uma taxa de aprovação de quase 90%".
Os trabalhadores dos Correios dos EUA, ao contrário dos
daqui, estão reagindo à privatização e lançaram uma campanha em defesa do
serviço postal como entidade do Estado. "Nossa mensagem ao público é
bastante simples: 'Serviço Postal dos Estados Unidos - Conserve-o. Ele é
seu!'", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios dos
EUA, Mark Dimondstein, em um comunicado. "Não venda esse tesouro nacional
para interesses privados que irão cobrar mais por menos serviço". Eles
planejam entregar a mensagem em 100 localidades ao redor do país. Além de
rejeitar a privatização e alertar para a subida dos preços com a privatização,
os trabalhadores também querem acabar com o mito de que os Correios são
mantidos por impostos.
Aqui no Brasil, os trabalhadores dos Correios fizeram campanha para
Bolsonaro.
Fonte: jornalista
Cynara Menezes