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Diretoria da Petrobrás faz encomendas de plataformas no exterior e deixa de gerar 1,5 milhão de empregos no Brasil
Das 14 plataformas previstas para operação nas bacias de Campos e Santos, 10 já foram contratadas fora do País, sendo sete na China, duas em Singapura e uma na Coréia do Sul
Edição: 411
Data da Publicação: 19/08/2022
Até 2026, a Petrobrás irá
colocar 14 plataformas para operar nas bacias de Campos e Santos e dez delas já
estão com suas obras contratadas no exterior, sendo sete na China, duas em
Singapura e uma na Coréia do Sul, todas na Ásia. Essa política da diretoria
bolsonarista da Petrobrás está exportando o emprego do Brasil para a Ásia.
Segundo dados do Instituto de
Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), cada
bilhão de investimento na construção de plataforma gera 26,3 mil empregos. Por
exemplo, o FPSO* Maria Quitéria, que tem investimento estimado de R$ 5,6
bilhões, deve gerar 147 mil empregos, mas na Ásia. Essa embarcação vai operar a
partir de 2024 no Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos.
As dez plataformas já
contratadas no mercado asiático pela Petrobrás devem representar exportação de
mais de um milhão de empregos: "Se todas essas plataformas tiverem um
investimento similar ao do FPSO* Maria Quitéria, a exportação total de empregos
será de 1,47 milhão de trabalhadores", calcula o coordenador-geral da
Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Enquanto isso, o Brasil
enfrenta o encolhimento do setor naval, que contribui para a alta taxa de
desemprego do país, acima de 10 milhões de pessoas. Por falta de encomendas, os
estaleiros brasileiros empregam hoje cerca de 21,4 mil trabalhadores, longe do
auge de 82,4 mil empregados em 2014, quando o Brasil tinha uma das maiores
carteiras de encomendas de plataformas de produção do mundo, de acordo com
estatísticas do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval
e Offshore (Sinaval).
"A situação é desastrosa.
Grande indutora do crescimento da indústria naval em passado recente, a
Petrobrás, com a gestão atual, cancelou contratos e cortou investimentos no
país, deixando os estaleiros brasileiros e toda a cadeia de fornecedores sem
novas encomendas e limitados à construção de apenas alguns módulos. Grande
parte dos trabalhadores da indústria naval dedica-se, atualmente, a serviços de
reparos navais em estaleiros que operam abaixo da capacidade", destaca
Bacelar.
A retomada de encomendas no mercado brasileiro, com base em uma política
industrial que contemple índices de conteúdo local, é uma das propostas da FUP
para o próximo governo, e já apresentada à chapa Lula-Alckmin.
Entre as propostas, estão ainda mudanças na estratégia empresarial da
Petrobrás e sua relação com o setor privado, principalmente nos segmentos nos
quais a saída da estatal aumentou a fragilidade do parque produtivo nacional.
"O setor energético envolve não apenas a indústria de Óleo e Gás
(O&G), mas um extenso conjunto de indústrias cuja renda está atrelada a
esse segmento. Isso significa que as políticas específicas de exploração e
produção, refino, gás e renováveis devem passar por transformações para lidar
com inúmeros desafios como a destruição de clusters locais com a saída da
Petrobrás; a desverticalização de cadeias produtivas; altas de preços de combustíveis;
a dependência de importações, entre outros", destaca o coordenador-geral da
FUP.
Fonte FUP
*FPSOs (floating, production, storage and offloading) são
navios com capacidade para processar e armazenar o petróleo e prover a
transferência do petróleo e/ou gás natural.