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O mundo precisa de microchips
Apenas 4 empresas produzem microchips em toda terra.
Edição: 367
Data da Publicação: 15/10/2021
No ano 2000, em
relação ao valor de um automóvel, 18% correspondia ao preço dos equipamentos eletrônicos,
fundamentalmente semicondutores (chips). Hoje, esse percentual subiu e está em
40%, tal a sofisticação que eles têm. São dezenas, centenas de sensores e, por
isso e por falta de chips, há diversas linhas de montagem que estão paradas,
seja de automóveis ou de caminhões.
Os 2 países que mais precisam de semicondutores (chips) são a
China e EUA, seja em número de patentes ou produtos em desenvolvimento. Também
são os 2 maiores mercados consumidores do mundo, fora o mercado internacional.
A Coreia do Sul tem um programa com 450 bilhões de dólares
para que, nos próximos 5 anos, o país possa avançar no setor de semicondutores
(chips). A União Europeia vai investir 140 bilhões de dólares. E no Brasil, os
investimentos não chegam nem a 1 bilhão de dólares. Em todos os países - EUA,
China (Taiwan), Japão, Coreia do Sul e da Europa - existem empresas nacionais.
Apenas uma só empresa, na Coreia do Sul, está fazendo investimento na ordem de
100 bilhões de dólares para ampliação das unidades de produção de
semicondutores (chips).
O Brasil
A CEITEC S.A. - Centro Nacional
de Tecnologia Eletrônica Avançada é uma empresa pública brasileira, única
na América Latina, localizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, vinculada ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações que atuava no segmento de
semicondutores (chips), desenvolvendo soluções para identificação automática e
para aplicações específicas no desenvolvimento e produção de chips para
diversas finalidades, dentre elas os chips utilizados nos passaportes
brasileiros, nos veículos e poderia estar produzindo chips para o SUS.
Esse tipo de empresa
opera na fronteira do conhecimento, na fronteira da inovação, e por isso não
pode ter perspectiva de curto prazo, ela deve ser enquadrada como uma política
de Estado e não política de governo.
Apesar de toda essa
realidade no mundo, o governo federal quer liquidar (fechar) não só a empresa,
mas também o PADIS, que é um programa específico de apoio ao desenvolvimento do
setor de semicondutores que foi criado em 2015.
O mundo digital demanda 50 vezes mais chips que antes da
pandemia. A pandemia acelerou esse processo. Para se ter uma ideia, Taiwan está
passando por uma seca, não por causa da agricultura, mas por causa das
indústrias de semicondutores que estão usando toda a água da ilha para lavar
suas fábricas.
Enquanto o mundo canaliza imensos recursos para o
desenvolvimento e produção de semicondutores, o governo brasileiro está
tentando liquidar sua empresa (CEITEC). Em função dessa situação, todos (ou
quase todos) os engenheiros da empresa brasileira já foram contratados pela
empresa britânica que veio produzir chips no Brasil sem qualquer transferência
de tecnologia. É uma mão de obra altamente qualificada de um setor que tende a
expandir por causa da expansão da indústria 4.0, que demanda chips e que demora
a ser formada.
Semana passada, a Câmara dos Deputados soube dessa situação
e tomou conhecimento da importância da CEITEC, vamos aguardar e torcer para que
os parlamentares possam reverter esse quadro.