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A Senzala acha que é Casa-grande
O escravo de hoje acha que é a própria Casa-grande e vota naqueles que o açoitam
Edição: 320
Data da Publicação: 20/11/2020
O escravo africano sabia que era
escravo. Ele via os ferros em seus pés, em seus braços e o capataz que o
açoitava, mas ele lutava pela sua liberdade, era a luta da Casa-grande e da Senzala.
Hoje, o escravo acha que é a própria Casa-grande e vota naqueles que o açoitam,
o oprimem, o humilham, roubam os seus direitos, a sua riqueza, o seu salário e o
seu emprego. É a cultura escravocrata que penetrou na alma de cada um de uma forma profunda, criando raízes
no íntimo e ganhando força e intensidade. É difícil para qualquer
sociólogo encontrar um povo igual ao brasileiro, tão espezinhado, humilhado,
vexado, e tão inerte diante de tamanho descalabro.
O brasileiro não luta por seu
país, não luta nem pelos seus direitos. O brasileiro acha que o Brasil pertence
aos ricos, que os direitos pertencem aos ricos e os deveres aos pobres, e que
tudo o que aqui existe e é produzido não lhe diz respeito, não é seu, nem de
seus filhos e netos. O brasileiro acha, enfim, que é um favor estar vivo. Ele
não sabe que é a sua força de trabalho que constrói a nação.
Aqueles que hoje controlam o poder
sabem que o projeto que pretendem implantar é um projeto de desnacionalização
da economia e da retirada do compromisso do Estado com a redução da
desigualdade social. Um projeto que não ganha eleição no Brasil, por isso a atitude
do golpe.