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O juiz Paulo César Salomão e a eleição do Diretório Acadêmico

Como colocar um juiz em uma 'roubada'

Edição: 179
Data da Publicação: 02/03/2018

Essa semana Miguel Pereira inaugurou as instalações da Faculdade de Direito e de Gestão Pública da cidade. A pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, o campus da faculdade ganhou o nome do genial Paulo César Salomão, na verdade Campus Desembargador Paulo César Salomão.

Paulo César era juiz da Vara de Falências e Concordatas, era presidente do TRE do Estado do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Direito Candido Mendes de Ipanema onde me formei. Paulo Salomão, como gostava de ser chamado, era daqueles professores que qualquer sala era pequena para assistir sua aula, mas por sorte nossa, era de direito eleitoral, e naquela época era pouco procurado, sorte nossa, mesmo assim não faltava um aluno. Paulo Salomão era um professor duro, exigente, mas acessível, educado, amigo, parceiro. Tão parceiro que entrou em uma "roubada", como ele mesmo dizia, conosco do diretório de direito, aliás só amigos entram em "roubadas".

 

As eleições do Diretório Acadêmico

A história começou com as eleições para um novo mandato do Diretório Acadêmico (DASCAM - Diretório Acadêmico Senador Candido Mendes), nosso grupo iria fazer o sucessor, o candidato era nosso colega Marcelo Neves, hoje promotor de Justiça. Sabíamos que tínhamos feito uma boa gestão e éramos favoritos. Entretanto, a chapa de oposição era formada por filhinhos de papai, que não queriam nada com a vida, era uma chapa "barra pesada", andavam com segurança, era o pessoal da ala rica da faculdade, e a única forma de chegarem ao diretório era "melando" as eleições, porque seriam colocados pela direção da faculdade. Então sugeri formarmos uma comissão eleitoral formada por professores da faculdade. Fizemos a reunião e a proposta foi aprovada por unanimidade.

 

A roubada que enfiamos o juiz  

Então partimos para o segundo passo, convidamos três professores, Paulo César Salomão (que era juiz eleitoral) para presidir a comissão, a professora Patrícia Serra (chefe do escritório modelo da faculdade, e que hoje é desembargadora) e um terceiro professor. Fizemos uma Portaria, o presidente do diretório assinou e empossamos os membros e saímos do processo eleitoral. Paulo Salomão adorou a ideia, estava radiante, fez a relação dos eleitores (alunos), tudo era com a Comissão Eleitoral, que baixava portarias explicando o passo a passo das eleições, trouxe as urnas do T.R.E., organizou tudo dentro dos conformes.

 

A roubada consumada

No dia da eleição, foi tiro e queda, a rapaziada da pesada chegou e tocou um terror, e o presidente da Comissão, um juiz de quase 2 metros de altura, não se intimidou, chamou a polícia, prendeu quatro alunos, foi para a delegacia e o delegado teve que autuá-los como formação de quadrilha, ficaram presos 15 dias e dois foram expulsos da faculdade. E nossa chapa?! Bem ela foi reeleita para mais um mandato!

Todas as vezes que encontrava com Paulo César Salomão, o chavão era o mesmo... "que roubada você me meteu" e caíamos na gargalhada. Esse era o Paulo Salomão, quem o conheceu, entendeu o nível de emoção que teve a inauguração do Campus Universitário que levou seu nome. E, além do mais, Paulo César Salomão começou sua vida pública em Miguel Pereira como defensor público, ele deixava a família no Rio e vinha para a cidade defender aqueles que não tinham como pagar um advogado.

Prefeito parabéns pela escolha e ministro Fux parabéns pela indicação, ela não poderia ter sido mais oportuna.