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Salve o SUS
É sobre ele que recai a responsabilidade de atender à maioria das vítimas do vírus
Edição: 290
Data da Publicação: 17/04/2020
A jornalista
Maria Hermínia Tavares foi muito feliz em suas posições, que vale a pena ser
divulgada. "Temos sido salvos pelas nossas instituições", disse
Joseph Stiglitz em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no último
domingo. O Prêmio Nobel de Economia se referia ao mesmo tempo aos Estados
Unidos e ao Brasil, governados por presidentes populistas, incapazes e
desinteressados em liderar os esforços nacionais de enfrentamento do
coronavírus.
O americano
destaca a importância, em seu país, do Centro de Controle de Doenças e dos
médicos que lutam contra a pandemia. No Brasil sem presidente para o que de
fato importa, é sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) que recai a
responsabilidade de atender à imensa maioria das vítimas do vírus. Por essa
razão, não será demais entender como logramos construir uma das maiores
estruturas públicas de saúde do mundo.
O SUS nasceu
do compromisso das forças que se opuseram à ditadura militar com o princípio de
que a saúde deveria ser um direito garantido a todos os brasileiros, o que não
acontecia até então. Uma rede nacional de médicos sanitaristas progressistas
concebeu o sistema e ganhou os políticos democratas, que o inscreveram por
inteiro na Constituição de 1988.
Para
universalizar o acesso à saúde, o SUS promoveu a articulação e a divisão de
responsabilidades e recursos entre os serviços de saúde dos três níveis da
Federação. Antes, estes se ignoravam, eram redundantes e deixavam sem
atendimento os brasileiros mais pobres.
Nos governos
de Fernando Henrique Cardoso fincaram-se os marcos institucionais do sistema,
incluindo a vinculação constitucional dos seus recursos - tão combatida pelos
ultraliberais-, o que lhe permitiu sobreviver em tempos de escassez. Nos
governos do Partido dos Trabalhadores, o sistema público de saúde ganhou
musculatura, com novos programas, ampliação da oferta de serviços às populações
mais vulneráveis, formação de recursos humanos e melhoria de gestão.
Os problemas
do SUS sempre foram múltiplos e de difícil trato: a qualidade desigual do
atendimento pelo país afora, filas, congestionamento em hospitais, falta de
médicos, oferta limitada de tratamento para doenças mais graves: indícios de
que os recursos quase sempre foram insuficientes para dar conta da gigantesca
tarefa.
Mas não é para
se enfeitar que o atual ministro da Saúde usa jaqueta com o monograma do SUS:
3/4 da população são atendidos pelo programa, e perto de 2/3 dos brasileiros em
mais de 5.300 municípios são cobertos pelas equipes de Saúde da Família.
Será preciso
lembrar disso quando, no pós-pandemia, tivermos que enfrentar a dura discussão
sobre o que caberá ao setor público como tarefa e como recursos. Concluiu a
jornalista.
Concluo
lembrando o levantamento que o presidente americano Jimmy Carter "ao longo das
últimas décadas nosso país gastou 300 bilhões fazendo guerras ao redor do
mundo, ao invés de ter gasto em melhoria de infraestrutura para nossa
população". Carter se referia a falta de um sistema de saúde que atenda ao povo
norte-americano.
Vale refletir
sobre Maria Hermínia Tavares e sobre o levantamento que Jimmy Carter fez sobre
os gastos militares.