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Compensações de carbono inúteis
Mais de 90% dos créditos são 'fantasmas', afirmam jornais
Edição: 436
Data da Publicação: 10/02/2023
As
compensações de carbono florestal aprovadas pelo principal fornecedor mundial e
usadas por corporações como Disney, Shell, Gucci são em grande parte inúteis e
podem piorar o aquecimento global, de acordo com uma investigação de nove meses
realizada pelo jornal britânico The Guardian, pelo semanário alemão Die Zeit e
pela Source Material, uma organização sem fins lucrativos de jornalismo
investigativo.
O
resultado, publicado nesta quarta-feira, mostra que mais de 90% dos créditos de
compensação de florestas tropicais da Verra provavelmente são "créditos
fantasmas" e não representam reduções genuínas de carbono.
Verra é
uma corporação sem fins lucrativos sob as leis do Distrito de Columbia
(Washington, DC, EUA), que gerencia o principal programa de mercados
voluntários de carbono do mundo, o Verified Carbon Standard (VCS). O mercado é
estimado em US$ 2 bilhões.
A
investigação levanta dúvidas sobre os créditos comprados por várias empresas de
renome internacional - algumas delas rotularam seus produtos como "neutros
em carbono". O levantamento é baseado em uma nova análise de estudos
científicos dos esquemas de floresta tropical da Verra, dezenas de entrevistas
e relatórios de campo com cientistas, membros da indústria e comunidades
indígenas.
Segundo a
pesquisa, apenas um punhado de projetos de floresta tropical mostrou evidências
de reduções de desmatamento. A ameaça às florestas foi superestimada em cerca
de 400%, em média, para os projetos Verra, de acordo com a análise de um estudo
de 2022 da Universidade de Cambridge.
"Já
trabalhei como auditor nesses projetos na Amazônia brasileira e, quando comecei
essa análise, queria saber se podíamos confiar nas previsões deles sobre o
desmatamento. A evidência da análise - não apenas os controles sintéticos -
sugere que não", disse aos jornais Thales West, um dos principais autores
dos estudos do grupo internacional. Verra argumenta que as conclusões dos
estudos estão incorretas e questiona sua metodologia.
O
desmatamento na Amazônia bateu novo recorde em 2022, ano em que a cobertura
vegetal da floresta perdeu 10.573 km², o equivalente a quase 3 mil campos de
futebol, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto do Homem
e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Fonte: Aepet/Monitor
Mercantil