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Quem te alimenta, é o agronegócio ou a agricultura familiar?
Uma reflexão que precisa ser feita
Edição: 456
Data da Publicação: 30/06/2023
Todos os
países capitalistas e desenvolvidos, do mundo, fizeram a reforma agrária. A
Reforma Agrária não é uma pauta socialista, sempre foi uma pauta capitalista.
Por isso que alguns historiadores dizem que o Brasil é semifeudal, porque ele
está antes do capitalismo.
O MST, por
exemplo, não é um movimento revolucionário, ele luta pelo cumprimento da lei,
que no Brasil, que existe três situações pela qual a propriedade privada pode
ser alterada se for encontrada nela: plantação ilegal de maconha (droga);
escravidão e, por fim, terra improdutiva que, dessa forma e, conforme a lei,
não está cumprindo sua função social estabelecida na Constituição Federal de
1988 e na legislação infraconstitucional. O objetivo da lei é fazer com que a
terra improdutiva seja socializada pelo Incra, devidamente para pelo governo e
disponibilizada para a Reforma Agrária, nada mais do que isso, não há nada de
revolucionário, mas a luta de classes no campo é que faz com que a lei sequer
seja aplicada.
Só com a luta a
aplicação da lei é cumprida. No campo as pessoas lutando pela sobrevivência e
fazendo uma demanda muito básica - terra improdutiva precisa produzir, e é isso
que os países capitalistas já sabiam há mais de 100 anos. Só o Brasil parou no
tempo.
Lei de Terras de 1850
Enquanto nos
EUA, os americanos fizeram uma guerra para libertar os escravizados e em
seguida fizeram a reforma agrária, no Brasil foi o inverso. Em 1850 percebendo
que libertação dos homens escravizados era uma realidade, fizeram a Lei de
Terras, que garantia que as terras devolutas, ou seja, aquelas que não tinham dono
passaram a ser do estado brasileiro, fazendo com que toda e qualquer pessoa que
queria ter acesso a um lote de terra teria que comprá-la, aumentando assim, a
abissal desigualdade da distribuição de terras no Brasil. A terra só poderia ser
adquiridas através de compra.
Trinta e oito
anos depois, com a abolição, os ex-escravizados foram alforriados e não tinham
condições financeiras de acessar um lote de terra para começar uma nova vida. A
Lei de Terras explica muito o Brasil ser um país com as maiores concentrações
fundiárias de terra no mundo.
O agronegócio não alimenta o
Brasil
O agronegócio
não alimenta o Brasil, embora seja uma parte essencial da economia brasileira
sua principal função não é alimentar diretamente a população do pais, na
verdade, o agronegócio concentra-se na produção de commodities como soja, milho
e carne, que são exportadas para outros países ou utilizadas para ração animal
e bio combustíveis.
Segurança alimentar dos
brasileiros
Portanto, é
importante entender que o agronegócio não é responsável por garantir a
segurança alimentar dos brasileiros, no entanto é conveniente para os grandes
latifundiários e empresas do agronegócio que essa ideia seja difundida ao fazer
com que o pobre repita que o agronegócio alimenta o Brasil, eles conseguem
manter uma narrativa que justifica a concentração de terras na mãos de poucos.
Essa
concentração impede o acesso a terra para a agricultura familiar e camponesa
dificultando a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis para a população,
e aqui que está a importância de valorizarmos a agricultura familiar. São os
pequenos agricultores, incluindo aqueles envolvidos no MST que desempenham
papel fundamental na produção de alimentos frescos e diversificados para o
brasileiro. Nós devemos valorizar a agricultura familiar e apoiar a reforma
agrária. A agricultura é fundamental para garantir a segurança alimentar produzindo
alimentos saudáveis e diversificados. Além disso, ela promove o desenvolvimento
local e a preservação do meio ambiente.
Fica a pergunta...
É o agro
negócio ou a agricultura familiar, que todos os dias, enchem os Ceasas do
Brasil?