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"A luta pela liberdade eterniza o homem", Manoel Congo
Há 186 anos Manuel Congo liderava a fuga de mais de 200 escravos, mas uns falam em 400, entre mulheres e crianças da Fazenda Freguesia, onde hoje é a Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes
Edição: 500
Data da Publicação: 17/05/2024
Há 186 anos (2024) Manuel Congo
liderava a fuga de mais de 200 escravos, mas uns falam em 400, entre mulheres e crianças da Fazenda
Freguesia, onde hoje é a Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes.
No poema (parte), O Quilombo Manoel
Congo, a saga de um guerreiro, de autoria de Medeiros Braga o eu lírico narra
o trajeto percorrido por Manoel Congo da África ao Brasil, fixando os espaços
de sua história:
"Manoel
Congo é o primeiro
No tapete a se mexer,
A sua insatisfação
Dava bem pra perceber,
Sendo da África arrancado
Se mostrou inconformado
Com as elites no poder" ...
É importante entender
e contextualizar que em 1838, cinquenta anos antes da abolição da escravidão, o
centro da economia nacional era a região sul fluminense. Cerca de 70%
do café exportado pelo Brasil naquela data era produzido e colhido nas terras
da Vila de Vassouras que incluíam este atual município mais os de Mendes, Paty
do Alferes, Miguel Pereira e parte de Paracambi. As plantações
de café também se expandiam pelos municípios vizinhos
de Valença e Paraíba do Sul e já eram o principal
sustentáculo econômico do Império do Brasil.
Rebelião
A rebelião se deu a 5 de
novembro de 1838, quando o capataz da
fazenda Freguesia matou o escravo africano Camilo Sapateiro a tiros.
Os escravos tentaram linchar o capataz, mas foram contidos. Nenhuma punição foi
dada ao assassino e o clima de revolta se estabeleceu nas senzalas das
duas fazendas do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, a fazenda
Maravilha e a fazenda Freguesia que hoje é a Aldeia de Arcozelo (Aldeia do
dramaturgo Pascoal Carlos Magno).
A fuga
Por volta da meia-noite, as portas das
senzalas da fazenda Freguesia foram arrombadas e o primeiro grupo,
com de cerca de 80 negros cruzou correndo o pátio, chamou as escravas
domésticas que dormiam no sobrado, arrombou os depósitos e se armou com facões
e uma velha garrucha.
Sabendo dos eventos,
vários escravos também fugiram das fazendas São Luís da Boa Vista, Cachoeira,
Santa Teresa, Monte Alegre, além de outras não registradas nos documentos
históricos. Em torno de 300 a 400 escravos seguiram pelas matas. Algum
planejamento prévio pode ter ocorrido, porque foi rápida a adesão de escravos
das outras fazendas e houve pontos de encontro nas matas para os vários grupos.
O quilombo era o espaço de
reinvindicação dos escravizados frente a uma sociedade excludente,
discriminatória e espoliadora de seus direitos. Historicamente, os quilombos
foram espaços de resistência e de sociabilidades de negros/as em sua luta pela
liberdade devido à opressão a que estavam expostos na sociedade brasileira.
Manuel Congo é nosso maior herói, escravizado
na África, trazido a ferros para o Brasil para erguer a economia brasileira. Os
negros escravizados formavam a principal categoria de trabalhadores. Manuel
Congo e Marianna Crioula são os heróis da resistência. Esse foi o maior líder
da maior rebelião que a região do Vale do Café já teve.
Em Vassouras, vale a pena conhecer o
Memorial a Manoel Congo e Marianna Crioula erguido no local onde Manoel Congo
foi enforcado.
Fonte biografia: Milton Teixeira. Ignacio
Raposo. Alaôr Eduardo Scisínio. Renato Pompeu Toledo.
Flávio dos Santos Gomes. Fania Fridman. Alan
de Carvalho Souza. Medeiros Braga.