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Amazônia: 500 anos de cobiça
Defender a Amazônia que tanto as grandes potências cobiçam há mais de 500 anos
Edição: 502
Data da Publicação: 31/05/2024
Em recente livro lançado pelo do
ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, "Amazônia:
500 anos de cobiça", ele explica o que é a Amazônia hoje em dia, muito de que
não fazemos ideia.
Profundo estudioso, Aldo conhece,
como poucos, o que se passa na maior fronteira mineral do mundo, na maior cobiça
dos recursos minerais do mundo, na maior fronteira de biodiversidade do mundo,
na maior reserva de água doce do mundo, na maior reserva de floresta tropical
úmida do mundo, nas minas das terras raras, no petróleo etc.
A Amazônia é brasileira muito antes
do estado da Califórnia ser dos EUA. Aliás, não só a Califórnia, mas também o
Texas, o Novo México e o Arizona ainda pertenciam ao México enquanto a Amazônia
já pertencia ao Brasil.
Embora as instituições militares
sejam as mais presentes, a Amazônia tem 6 milhões de quilômetros quadrados,
12.000 km de fronteiras, 20.000 milhas navegáveis, portanto é claro que não temos
o contingente de pessoal necessário à sua defesa. Temos bases áreas apenas em
Manaus, Boa Vista e Belém. São necessários mais recursos humanos, mais tecnologia
para que a Amazônia possa ser defendida. A defesa da Amazônia não é apenas
militar, é também a presença demográfica de quem tem a posse, está presente e com
seu idioma. Também é preciso presença econômica e a presença científica na Amazônia.
Não é possível que a região mais
rica do planeta, maior fronteira mineral do mundo, maior reserva de
biodiversidade do mundo, possa ser a população mais pobre do Brasil, com os
piores indicadores sociais do país. Na Amazônia, está a mais alta taxa de
mortalidade infantil do Brasil, a mais alta taxa de analfabetismo, doenças
infecciosas, os piores índices de água tratada, de luz elétrica, de saneamento
básico. Essa semana, o IBGE divulgou os dados sobre o analfabetismo do Brasil,
a sua pior taxa fica em um município de Roraima, que tem a população
prioritariamente indígena.
Conclusão: a atual política governamental
para as ONGs na Amazônia é um fracasso, não consegue proteger o meio ambiente,
nem a população, nem proteger os índios, ninguém, muito pelo contrário, segundo
Aldo, na verdade, o minério está saindo de contrabando, a biodiversidade pela
biopirataria, as populações indígenas vivendo um grau de subnutrição e de
abandono como nunca viveram.
Marina Silva
Aldo presenciou os motivos que levaram
Marina Silva a pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente no primeiro
governo do presidente Lula. Segundo ele, o presidente Lula questionava por que não
se licenciava nada no Ministério, e lhe foi informado que, no Ministério do
Meio Ambiente (Ibama), havia um comitê de 50 ONGs que mandava no ministério.
Dois dias depois, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deu uma
entrevista ao jornal O Globo e citou esse fato. Houve um desentendimento e a
ministra Marina pediu demissão.
Para Aldo, o que mantém Marina,
hoje, no ministério são os interesses internacionais que estão na Embaixada dos
EUA, da Noruega, da Holanda, da Suécia. Aldo não tem dúvida disso, é só olhar o
secretariado do ministério que sai das ONGs e vai para o ministério, para o
Ibama, esvaziando a pasta, e, em seguida, sai do ministério e volta para as
ONGs financiadas pelos governos estrangeiros e organismos como a Fundação Ford,
Fundação Soros etc. Aldo vai mais além, garante que quem criou o SNUC - Sistema
Nacional de Unidade de Conservação que imobiliza as áreas de minérios, as
terras férteis da Amazônia, foi uma agência americana muito conhecida, chamada
USAID (United States
Agency for International Development), que foi adotada pelo governo brasileiro.
Marina não tem base parlamentar alguma. O único senador que seu partido tinha,
que era Randolfe Rodrigues, do Amapá, saiu da legenda por discordar do
Ministério do Meio Ambiente quanto à proibição de exploração de petróleo na
margem Equatorial, e, na Câmara dos Deputados, seu partido só possui um
deputado federal.
Brasil
importa potássio de terra indígena no Canadá
Os órgãos ambientais proibiram a abertura de uma mina
de potássio na Amazônia, por isso o Brasil precisa importar potássio e, por
incrível que pareça, o país importa de uma mina que fica em terra indígena no
Canadá - isso não faz o menor sentido.
A população indígena é a mais negligenciada do Brasil, é
a que ficou mais isolada das conquistas da evolução da civilização brasileira,
e precisa ser integrada, como defendia marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon, filho de uma índia com descendente de bandeirantes. Essa integração não
quer dizer abandonar as tradições, muito pelo contrário, é necessário preservar
a cultura, a identidade indígena, mas é preciso que o índio tenha direito à
educação, à saúde pública, ter direito ao usufruto das conquistas da
tecnologia.
Existem pelotões de fronteira das Forças Armadas
brasileiras formados por 90% de indígenas que falam seus idiomas e há pelotões
que falam até cinco línguas. Aldo, no ministério da Defesa, sempre defendeu que
os integrantes das Forças Armadas pudessem ir além do cargo de soldados e de
cabos, defendia que o Exército também pudesse ter sargentos e oficiais
indígenas, mas, para isso, esbarra na questão do grau de escolaridade. Sobre
esse assunto, Aldo tem outro livro que vale a pena ser lido, "O índio e a
questão nacional", com prefácio do ex-presidente do BNDES, o economista Carlos
Lessa.
As riquezas nas terras indígenas precisam ser
exploradas por três razões: a primeira é que a Constituição Federal prevê essa
atividade, segunda, porque o país necessita das riquezas ali existentes, e a
terceira, tão importante quanto a segunda, os índios precisam usufruir das
riquezas ali existentes. Eles precisam de escolas, postos de saúde, estradas,
comunicações e conforto. Querer mantê-los na era das pedras é que é um absurdo.
Isso só interessa às potências estrangeiras que acalentam, um dia, tomar posse
da Amazônia.
Tendo em vista todo o exposto,
entende-se que, se o mundo está ameaçado pelo meio ambiente, certamente não é pelo
Brasil e muito menos pela Amazônia. O Brasil é o país que mais protegeu o meio
ambiente no mundo.