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Dez pontos percentuais da taxa Selic significa todo orçamento da Educação e da Saúde juntos
A Selic é a taxa básica da economia brasileira, é ela que vai balizar (ou não) o crescimento, a geração de emprego do país
Edição: 505
Data da Publicação: 21/06/2024
Segundo
o economista e professor da FGV, Paulo Gala, "no ano passado, a bolsa de
valores foi para a máxima histórica, reservas cambiais em 350 bilhões de
dólares, superávit de 100 bilhões de dólares (o Brasil está entre os cinco
maiores superávits do planeta), o crescimento do país, a inflação e o
desemprego menores do que os dos últimos 10 anos, os juros caindo. Foi um ano
muito bom para a bolsa de valores. Esses são indicadores inequívocos de um país
sólido do ponto de vista econômico".
No
mercado financeiro, há muita especulação, mas, no final do dia, a realidade se
impõe e quem vem apostando contra o Brasil vem perdendo dinheiro - a realidade
econômica se impõe, ela é mais forte do que a ideologia. As próprias agências
de risco têm melhorado a nota do Brasil, e Paulo Gala acredita que: "dentro
de dois anos, o Brasil recebe o grau de investimento".
O que
significa a taxa Selic
Todos
esses indicadores vêm influenciando a queda da taxa Selic, mas, para a economia,
essa queda está lenta por demais. É preciso entender que cada ponto percentual
(10%) da taxa Selic significa que o governo vai desembolsar 400 bilhões de
reais (por ano), que sairão dos cofres públicos para remunerar os aplicadores,
e, obviamente, é dinheiro que não vai para a educação e para saúde. Para se ter
uma ideia do que é isso, o orçamento da educação e o orçamento da saúde somam
300 bilhões de reais/ano.
Por
isso, reduzir 0,25% ou 0,50 na taxa Selic é fundamental para você, pra mim e
para a economia e, sobretudo, para aqueles que ainda não estão no mercado de
trabalho. A taxa Selic é a taxa de curto prazo que serve como uma unidade
básica para o mercado financeiro. Para se chegar aos juros praticados pelos
bancos, outros fatores são levados em consideração, como, por exemplo, o volume
de crédito ofertado pelos bancos, a procura de crédito pela população,
comércio, indústria etc.
Se tem
uma variável importante na economia, é a taxa de juros, pois é ela que vai (ou
não) financiar o crescimento do país, gerar empregos, gerar impostos que serão
destinados à implantação de novas universidades, escolas, creches, hospitais,
melhores salários, pesquisas etc. Quanto uma empresa vai pagar de juros para
financiar a ampliação de uma fábrica? Quanto o consumidor vai pagar para
adquirir uma geladeira, um carro, uma casa etc.? Se a Selic está proibitiva, o
comércio não vende, a indústria não produz e o Brasil não cresce.
Há
setores inteiros da economia, como, por exemplo, o varejo (Magazine Luiza,
Casas Bahia, Ponto Frio etc.) que estão sofrendo brutalmente com as atuais
taxas de juros, uma vez que a venda a prazo é a base de sua arrecadação. As
empresas do varejo, portanto, estão se deteriorando, o custo de capital é superior
ao da rentabilidade, muitas já quebraram e outras estão indo pelo mesmo caminho.
Por que a
Selic tem que cair?
Hoje, o
Brasil está vivendo um dos melhores momentos em termos de inflação, cerca de
3,7%. Nos últimos 20 anos, tivemos uma inflação próxima de 3% não mais do que
durante 4 anos, e esse é um sinal bastante forte de que a inflação brasileira está
ancorada e tem uma boa perspectiva.
Sabemos
que não existe inflação morta, existe inflação controlada, vigiada de perto e
com rédeas curtas, e o presidente Lula sabe disso. Aliás, a presidente Dilma
sofreu muito com a inflação passando a 6%, 7%, IPCA chegando a 10%, cobrando um
preço caro. Lula tem clareza disso e sabe também que a inflação é o pior e o maior
"imposto" para a classe trabalhadora.
Economista Uallace Moreira
Para o economista Uallace
Moreira, "o Banco Central do Brasil errou todas as
projeções de inflação. Manteve o Brasil com um dos maiores juros do mundo,
aumentando o serviço da dívida pública, e, por causa desses juros elevados, que
persistem em cair, retirando dinheiro da economia. Essa política irracional de
juros elevados aumentou o déficit público e gera transferência de renda para
uma minoria detentora de títulos públicos, impedindo o investimento produtivo,
o crescimento econômico e o emprego".
Dentro desse contexto, o Banco Central manteve a taxa Selic em 10,5%,
interrompendo a trajetória de queda, que era lenta e agora estagnou. Vale dizer
que, no último ano do governo Bolsonaro, o seu presidente do Banco Central, Campos
Neto, a Selic era 2% e, em 2022 (ano das eleições), começou a trajetória de
alta até passar dos 13%. Campos Neto fez de tudo para boicotar o governo
federal e o crescimento do Brasil. Até sua saída, em dezembro desse ano, a taxa
Selic se manter nesse atual patamar.