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Desemprego no Brasil em mínima histórica
Embora a economia esteja aquecida, os dados mostram que o aumento do PIB é impulsionado pelo crescimento do emprego e não por um salto na produtividade
Edição: 515
Data da Publicação: 14/12/2024
Neste final de
ano, foi divulgada pelo IBGE a taxa de desemprego do país, que caiu para 6,4%,
o menor índice dos últimos 10 anos (desde 2014 - governo Dilma). Esse recuo de
6,9% na leitura anterior para 6,4% reforça o aquecimento do mercado de
trabalho. O Ministério do Trabalho também apontou uma criação de 247.818 vagas
formais, elevando o acumulado do ano para 1.981.557 empregos com carteira
assinada. Tradicionalmente, novembro e dezembro trazem alguma redução de vagas,
devido ao término de contratos sazonais, mas é provável que o saldo anual fique
em torno de 1,7 a 1,8 milhão de novos empregos formais.
Nos últimos
quatro anos (2021-2024), a economia brasileira gerou aproximadamente 2 milhões
de vagas formais por ano. Esse desempenho ajudou a reduzir o desemprego de 15%
durante a pandemia para 6,4%, configurando o momento mais favorável do mercado
de trabalho em uma década. As demissões voluntárias estão em nível recorde,
indicando que trabalhadores têm encontrado oportunidades com salários melhores.
Esse cenário eleva a massa salarial e reflete positivamente no mercado de
trabalho. Esse desempenho é consequência do crescimento econômico, projetado em
3,2% para 2024. O crescimento se deve mais ao aumento no número de
trabalhadores do que a ganhos de produtividade.
Embora a
economia esteja aquecida, os dados mostram que o aumento do PIB é impulsionado
pelo crescimento do emprego e não por um salto na produtividade. A inflação de
serviços, por outro lado, segue pressionada. Os índices de preços ao consumidor
vêm subindo, dificultando o trabalho do Banco Central. Com o mercado de
trabalho próximo do pleno emprego, ainda há muitos trabalhadores subempregados
ou informais, além de uma grande parcela que gostaria de trabalhar mais.
O desafio agora
O desafio
agora é transformar empregos de baixa qualidade em vagas mais qualificadas e
tecnologicamente avançadas. Para aumentar salários sem provocar inflação, é
essencial elevar a produtividade, o que só é possível com a criação de vagas
mais qualificadas e uma melhora no nível de sofisticação das empresas.
Esse é o
cenário atual do Brasil: uma economia aquecida, crescimento acima de 3%,
desemprego em baixa, mas também com pressões salariais e de serviços. A
expectativa é que o Banco Central reaja a essa situação com um aumento na taxa
de juros, de 0,5%, na próxima semana, coincidindo com decisões importantes do
Fed (Banco central dos EUA) e levando em consideração os resultados das
eleições americanas.
Fonte
Paulo Gala