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A quem interessa não regulamentar a exploração da Amazônia?
Enquanto a discussão caminha em círculos, a população de 30 milhões de habitantes continua obrigada a conviver com os piores índices de analfabetismo, saúde, saneamento básico
Edição: 522
Data da Publicação: 27/06/2025
Hoje a Amazônia já é explorada,
seja o seu ouro, sejam seus diamantes. A denúncia é feita pelo ex-ministro da
Defesa, Aldo Rebelo, que é um profundo conhecedor e pesquisador sobre os
assuntos da Amazônia. Ele defende que ela seja explorada com responsabilidade
ambiental, mesmo porque a irresponsabilidade ambiental é não regularizar o
aproveitamento dessa riqueza. O ex-ministro lança ainda um desafio: "eu
quero saber quem é que vai impedir as pessoas de entrarem naqueles rios para
tirar ouro. Neste exato momento, tem centenas, milhares de pequenas dragas
tirando ouro dos rios da Amazônia. São toneladas e mais toneladas saindo sem
pagar um centavo de imposto para o bem-estar da população. O diamante dos
índios da Reserva Roosevelt e Espigão do Oeste vão saindo sem deixar um centavo
de real, deixando apenas destruição por falta de licenciamento. Pode reunir o
serviço secreto do mundo inteiro, trazer o Exército russo, chinês, o americano que
não vão impedir as pessoas de entrarem para tirar aquele ouro".
Enquanto isso, a Amazônia vai vivendo
esse drama de ser a região do país que tem os piores índices de mortalidade
infantil, saúde, educação. Liderando esses índices estão as populações
indígenas. As maiores taxas de analfabetismo estão na Amazônia. Os maiores
índices de doenças infecciosas, como a tuberculose, estão na Amazônia. Os
piores índices de saneamento básico estão na Amazônia. Os maiores rios estão na
Amazônia, mas, lá, também estão os piores índices de água tratada. À 30 metros
do rio Madeira, do Purus, do Xingú, as escolas não têm água tratada nem luz elétrica,
já as cidades que são atendidas pela contribuição sobre a mineração, como Parauapebas,
no Pará, (notadamente na extração de minério de ferro, manganês e ouro) que
conseguem arrecadar alguma coisa através dessa atividade, essas são exceções,
por isso Aldo classifica como um fracasso completo a política do estado
brasileiro para a população da Amazônia.
Só para complementar, Roraima
importa farinha de mandioca, que é uma tradição indígena. O estado do Amapá
cultiva míseros 5.000 hectares, o que não dá para alimentar sua população. Hoje
querem proibir atividade econômica no Marajó, mas, quando o Marquês de Pombal confiscou
os bens dos jesuítas, só em uma fazenda, eles tinham 134.000 cabeças de gado.
Os jesuítas tinham fazenda do Marajó até Tabatinga. Os Franciscanos tinham mais
30.000 cabeças. Na Amazônia, portanto, tinha atividade econômica, tinha
pecuária, tinha agricultura. A carne do boi na feira de Belém era mais barata
do que o peixe. Agora, a Amazônia está proibida pelo Meio Ambiente de plantar
cana, tendo que importar etanol de São Paulo e do Paraná.
Fracassamos porque não soubermos
compatibilizar a bandeira do meio ambiente com a exploração consciente dos
recursos amazônicos e os revertê-los para a população existente. Aliás, hoje,
são mais de 30 milhões de brasileiros vivendo na região e que não entram em
nenhuma agenda dessas ONGs internacionais, que, na verdade, querem tutelar no Brasil.
E a Amazônia fica condenada à pobreza.
Aldo conclui que "a ministra
Marina [do Meio Ambiente] diz que a Amazônia é um paraíso, mas ela trocou a Amazônia
para ir morar em São Paulo, aliás por onde se elegeu deputada federal".