Antônio Ribeiro VELHO DE AVELAR
Velho de Avelar foi promotor Público em Paraíba do Sul, deputado estadual e vice-presidente da Província do Rio de Janeiro e prefeito de Vassouras.
07/05/2021
Historiador Sebastião Deister
Edição 344
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Segundo a historiadora
Mariana Muaze, o ramo da família Velho da Silva no Brasil foi fundado pelos
irmãos portugueses Manoel, Amaro, Francisco e Domingos, que migraram durante a
segunda metade do século XVIII. No caso desses irmãos, pode-se presumir que se
tratava de gente com nobreza no passado, todavia com dificuldade de manter a
fortuna condizente com seu status social, o que, explicaria, inicialmente, sua
transferência para o Brasil na segunda metade da centúria setecentos. Enquanto
Francisco e Domingos desembarcaram no Rio Grande do Sul, Manoel e Amaro
deixaram Portugal com destino ao Rio de Janeiro, onde, em 1788, fundaram uma
sociedade universal destinada a importações de especiarias e louças da China e
exportações de produtos brasileiros, principalmente pau-brasil.
Um aspecto que pode ter
interferido positivamente no processo de ascensão social de Manoel Velho da
Silva foi seu casamento com Leonarda Maria da Conceição, filha de Antônia
Tereza de Jesus e Domingos Vieira Pinto, negociante português e capitão de
embarcações de escravos na rota Luanda - Rio de Janeiro. Dentre os seis filhos
deixados por Manoel e Leonarda, uma filha, também chamada Leonarda Maria Velho,
casou-se com o primo José Maria Velho da Silva, com ele gerando Mariana Velho
da Silva e um filho também batizado como José Maria Velho da Silva. Foi
exatamente esta Mariana quem se casou com Joaquim Ribeiro de Avelar Jr.
(posteriormente agraciado com o título de visconde Ubá), o filho do barão de
Capivary. Mariana e Joaquim trouxeram ao mundo 12 filhos, entre eles Antônio
Ribeiro Velho de Avelar, o oitavo na linha sucessória.
Antônio foi um dos mais
requintados proprietários da fazenda Pau Grande, entre os finais do século XIX
e início do XX. Formou-se em advocacia no Rio de Janeiro, vindo então trabalhar
como Promotor Público em Paraíba do Sul. Alguns anos depois, exerceu os cargos
de Juiz de Direito da Comarca de Vassouras e de vereador naquela cidade no período
de 24 de dezembro de 1889 a
9 de fevereiro de 1892. No interregno de 1890 a 1892 ocupou a Presidência da Câmara
vassourense, que, naquela época, equivalia ao de atual prefeito do município, voltando
a presidi-la entre 1901 e 1903, ocasião em que o município recebeu a visita de
Quintino Bocaiúva.
Político ativo e homem
de ilibada reputação moral, Antônio Ribeiro Velho de Avelar foi novamente
conduzido ao cargo de Presidente da Câmara na legislatura 1904-1906, sendo
posteriormente conduzido às funções de Deputado Estadual e Vice-Presidente da
Província do Rio de Janeiro. Supostamente misógino (demonstrava verdadeira
aversão às mulheres), era culto e muito sofisticado, tendo mantido em Pau Grande um casal de
franceses - os Doyen, levados para lá por Mariquinha, irmã de Antônio, casada
com o barão de Muritiba (Manoel Vieira Tosta Filho) - exclusivamente para seu
atendimento pessoal. O marido desempenhava o papel de mordomo e a esposa
cuidava da casa como governanta. Na fazenda, ele determinou que duas cozinhas
operassem separadamente: uma exclusiva para pratos franceses (sempre servidos
aos seus ilustres visitantes) e outra apenas para comidas nacionais. Seu grande
sonho era ver Pau Grande transformada no "Orfanato Antônio Ribeiro Velho de
Avelar", e por essa razão deixou a fazenda para um sobrinho também chamado
Joaquim Ribeiro, pois não queria que ela ficasse em mãos do irmão Joaquim
Ribeiro Velho de Avelar, que considerava gastador e irresponsável. A idéia não
foi concretizada, porque o sobrinho morreu muito jovem. Após a morte de Velho
de Avelar, a cunhada Zizinha (que assumira Pau Grande) legou a propriedade, por
testamento, a um advogado inescrupuloso por quem se deixara dominar.
Antônio Ribeiro Velho
de Avelar morreu solteiro em data desconhecida, e seu nome ficou perpetuado em
Paty do Alferes graças a uma resolução emitida pela Câmara de Vereadores de
Vassouras que, durante as comemorações dos 100 anos da criação da Vila de Paty
em 4 de setembro de 1920, determinou que a Praça do Centenário passasse a se
chamar Velho de Avelar, espaço hoje fronteiriço ao Centro Cultural daquela
cidade.
Antônio Ribeiro Velho de Avelar teve como
irmãos:
1 - Joaquim Velho de
Avelar (morreu solteiro)
2 - Maria José Velho de
Avelar (a Mariquinha, casada com Manuel Vieira Tosta Filho, o barão de Muritiba.
Não tiveram filhos. O casal acompanhou a família imperial ao exílio após a
Proclamação da República, quando ela era secretária da princesa Isabel, e ele,
do conde d'Eu. Como curiosidade, podemos lembrar que entre o barão e o conde
houve uma coincidência notável, e ao mesmo tempo muito triste. O conde morreu a
bordo quando em viagem ao Brasil e o barão de Muritiba também em uma viagem
realizada pouco tempo depois da morte do primeiro).
3 - Mariana Velho de
Avelar (faleceu solteira).
4 - Joaquim Velho da
Silva Avelar (também morreu solteiro).
5 - Luiza Velho de Avelar
(casada com Antônio Lemgruber, proprietário da Fazenda Pau Grande em finais da
década de 1910 e início da seguinte. O casal teve 3 filhos)
6 - Elisa Velho da Silva
Avelar (morreu solteira).
7 - Júlia Velho de
Avelar (casada com o Dr. Francisco de Carvalho Figueira de Mello, gerando com
ele 9 filhos).
8 - Josefina Velho de
Avelar (morreu solteira).
9 - José Maria Velho de
Avelar (morreu solteiro).
10 - Elisa Velho de
Avelar (casada com Luís Ribeiro de Souza Fontes. Descendência desconhecida).
11 - Joaquim Ribeiro
Velho de Avelar (casado com Mariana Albuquerque de Avelar, a Zizinha, da
fazenda Boa Esperança. Tiveram 4 filhos).
Pode parecer estranho ou curioso que
alguns irmãos tenham sido batizados como o mesmo nome, como é o caso de 3
Joaquins e 2 Elisas. Entretanto, isto era uma prática comum à época, pois com a
morte prematura de algum filho, normalmente os pais batizavam o seguinte com a
mesma denominação do primeiro, no intuito, talvez, de preservar a memória
daquele que se fora. Por outro lado, observa-se que em alguns casos o sobrenome
vinha grafado como Ribeiro Velho de Avelar ou então como Velho da Silva Avelar,
certamente por opção dos pais ou - quem sabe? - por equívoco de um escrivão
menos atento.