Família Carvalho

Famílias Pioneiras e seus Brasões de Armas - 08

 28/05/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 347
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A família Carvalho apresenta uma grande distribuição pelos estados brasileiros, mas a exemplo de tantos outros sobrenomes não se originou diretamente no país pelo fato de a nossa colonização ter sido levada a cabo por várias famílias estrangeiras. Com efeito, a estirpe Carvalho teve sua origem em Portugal, constituindo historicamente uma das 72 famílias da alta nobreza daquele país e ali existindo desde o século XII. Sua origem é toponímica, isto é, a titulação é puramente geográfica.

Em documentos antigos, seus primeiros registros mostram a grafia Carvalhio. Esta é uma variante pouco ou nada usada entre os descendentes dessa linhagem. Nos documentos mencionados, aparece, também, uma família Carvalho detentora de um grande solar no antigo Morgado de Carvalho, em Coimbra, fundado por D. Bartolomeu Domingues, do Concelho de Penacova, nas famosas serras do Senhor de Carvalho, pai de D. Soeiro Gomes de Carvalho. A título de esclarecimento histórico, o Morgado era um vínculo histórico dado a certos bens que deveriam ser transmitidos diretamente ao filho primogênito sem que este os pudesse vender, enquanto que Concelho refere-se a uma seção administrativa ou parte de um distrito, ou seja, um bairro específico, termo ainda em uso em terras portuguesas.

O primeiro indivíduo que se destacou dos demais através do uso deste nome provavelmente morava próximo a um carvalho que, por sua altura, servia de referência na região. De fato, o carvalho é uma árvore muito conhecida pelo seu grande porte e pela sua exuberância de ramos e folhas, havendo, no Brasil, muitas espécies deste vegetal. Por outro lado, trata-se de uma árvore muito resistente, o que a leva a ser bastante utilizada na construção civil e marcenaria, razão pela qual passou a ser muito valiosa comercialmente.

A antiguidade da Família Carvalho foi comprovada pela constatação de uma doação feita ao Mosteiro de Lorvão, em 1131, assinada por Pelagius Carvalis (Payo Carvalho), senhor de toda a terra em que hoje está o Morgado de Carvalho, que foi instituído por seu neto Bartolomeu Domingues, aliás, o mais antigo Morgado em Portugal referido em parágrafo anterior.

A família provém da varonia (filhos homens) de Domingos Pires de Carvalho, Coronel na cidade e dos Regimentos do Rio Real, Inhampube, Itapicuru, Mata de São João e Pirajá, além de Provedor da Alfândega, Procurador da Rainha, Irmão da Santa Casa e Ministro da Ordem 3ª de São Francisco. Casou-se com D. Tereza Cavalcanti de Albuquerque.

O registro heráldico do Brasão da Família Carvalho é um dos 72 brasões das 72 famílias principais da alta nobreza de Portugal no século XVI, pintados no teto da Sala dos Brasões do Paço Real de Sintra por ordem de D. Manuel I, o Venturoso (1469-1521), 14.º Rei de Portugal, monarca entre 1495 a 1521. Segundo suas ordens, foram priorizados esses 72 brasões quando ele mandou reorganizar e qualificar a nobreza portuguesa objetivando escolher as famílias mais ilustres do Reino nos atributos de honra, história e bens no século XVI.

A mais ilustre família portuguesa com este sobrenome e varonia talvez seja a do Marquês de Pombal. Registre-se que Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras (Lisboa, 13 de maio de 1699 - Pombal, 8 de maio de 1782) foi um diplomata e estadista português de grande renome. Veio a ser Secretário de Estado durante o reinado de D. José I (1750-1777), sendo considerado, ainda hoje, uma das figuras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa. Representante do despotismo esclarecido em Portugal no século XVIII, viveu num período da história marcado pelo Iluminismo. Iniciou com esse intuito várias reformas administrativas, econômicas e sociais no país. Acabou com a escravatura em Portugal Continental a 12 de fevereiro de 1761 e, na prática, com os  chamados Autos de Fé em Portugal (ligados à Inquisição) e com a discriminação dos cristãos-novos, apesar de não ter extinguido oficialmente a Inquisição Portuguesa, em vigor, na verdade, até 1821. Por outro lado, criou a Real Mesa Censória em 1768, com o objetivo de transferir para o Estado, em sua totalidade, a fiscalização das obras que se pretendessem publicar ou divulgar no Reino, o que até então estava a cargo do Tribunal do Santo Ofício. A sua administração ficou marcada por duas contrariedades célebres: a primeira foi o terremoto de Lisboa em 1755, um desafio que lhe conferiu o papel histórico de renovador arquitetônico da cidade. Pouco depois, o Processo dos Távoras, uma intriga com consequências dramáticas. Por outro lado, Pombal foi um dos principais responsáveis pela expulsão dos jesuítas de Portugal e das suas colónias.  

O Marquês de Pombal morreu pacificamente na sua propriedade, também batizada de Pompal, em 8 de Maio de 1782. Os seus últimos dias de vida foram vividos tanto nessa localidade quanto na Quinta de Gramela, propriedade que herdara em 1713 de seu tio, o Arciprestre (coordenador de padres e vigários em uma diocese) Paulo de Carvalho e Ataíde.

Membros da honorável Casa dos Carvalho viveram no tempo em que uma das maiores façanhas das armas da história de Portugal teve lugar, ou seja, a Batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385, nas proximidades da vila do mesmo nome, como visto, por sinal, no histórico da família Almeida.

 

Miguel Pereira

 

Em Miguel Pereira, destacaram-se, com tal sobrenome, os senhores Antônio Roque de Carvalho, Vítor de Carvalho, o vereador Abelard Teixeira de Carvalho, o ferroviário Mário de Carvalho, a musicista Geralda de Carvalho e a professora Maria da Conceição Machado de Carvalho, entre tantos outros membros ilustres desta família.

 

Brasão de armas da família Carvalho

 

      Escudo constituído de azul, com uma estrela de ouro com oito pontas, encerrada numa caderna de crescentes de prata. Em seu TIMBRE podemos perceber um grande elmo, membrado e armado com prata.