Vale das Princesas e o Caminho do Imperador
A via foi construída na época do Brasil Império (século XVII), unindo o Rio de Janeiro e as Minas Gerais, utilizada por tropeiros e pelo Imperador Dom Pedro II que principalmente, no início do Ciclo de Ouro, a utilizava para alcançar as Minas Gerais.
14/07/2023
História
Edição 458
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O Brasil Colônia possuía uma importante rede de caminhos, aos quais era
dado o nome de estrada real. Muitos desses caminhos eram antigas trilhas e
veredas abertas pelos bandeirantes que se embrenhavam pelo sertão, na direção
das Minas Gerais e goiás, à procura de ouro e pedras preciosas. Quem vinha da
capital do Rio de Janeiro, tinha de ir em uma embarcação até Paraty, subir a
Serra do Mar até Taubaté para encontrar o Caminho Velho e seguir adiante. Do
Rio eram em média 100 dias de viagem, sendo 43 a pé ou a cavalo.
Localizado entre os Municípios de Miguel Pereira, Paty do Alferes e
Petrópolis, o Vale das Princesas fica no encontro de duas das mais importantes
áreas de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, as florestas das Serras do
Órgãos e do Tinguá. Foi no Vale que surgiu a primeira via construída no início
do século XVII (época do Brasil Império) unindo o Rio de Janeiro e as Minas
Gerais, utilizada por tropeiros e pelo Imperador Dom Pedro II que
principalmente, no início do Ciclo de Ouro, a utilizava para alcançar as Minas
Gerais. Razão pela qual, a via ficou conhecida por "Caminho do Imperador".
Devido ao seu relevo o local, foi denominado "Mar de Morros", na sua
região mais alta (1.100 metros de altitude) está a "Mesa do Imperador",
pedra de onde é possível avistar, em dias claros, a Ponte Rio-Niterói e o
Cristo Redentor.
No início o Caminho do Imperador só podia ser percorrido à cavalos,
várias passagens surgiram ligando Paty do Alferes a Córrego Seco. Mas com a
criação de Petrópolis, em 1843, e depois com a chegada dos imigrantes alemães,
surgiu a necessidade de uma estrada melhor para abastecer a colônia alemã.
Assim os produtos seriam transportados com mais facilidade e em menor tempo,
além de um estímulo para a fabricação de carruagens. A obra do caminho foi
concluída, em 1858, com uma distância de 33 km a partir da Estrada do Contorno.
Esses caminhos que ligaram o interior ao litoral, promoveram uma
unificação cultural e de esforços que resultaram na ocupação e no
desenvolvimento de uma vasta região onde se instalaram fazendas, ranchos,
pousos e vendas. Nesta época, também, teve início da atividade administrativa
pública, organizada com o emprego de funcionários para o controle da zona
mineira, como fiscais, carregadores, meirinhos (antigo magistrado de nomeação
régia, correspondente ao atual oficial de justiça), criação dos registros ao
longo dos caminhos, monetarização da economia, com a criação da Moeda, das
Casas de Fundição e a formação, enfim, de uma classe média mais sólida, ao lado
de outras como mineradores, artesãos, administradores, comerciantes, etc?
O Caminho do Imperador é perfeito para os que gostam de pedalar e tem
disposição para o desafiador trajeto íngreme e com muitas ondulações. E,
também, para aqueles que curtem a natureza que irão encontrar um cenário
exuberante, de muitos riachos e cachoeiras espalhados ao longo do caminho.
Fonte: jornal DR1