Seis meses sem transar, mas casamento é assim mesmo, né?
Não, casamento não é "assim mesmo"
03/09/2021
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 361
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Nós passamos três,
quatro, às vezes seis meses sem transar, mas casamento é assim mesmo, né? Não,
casamento não é "assim mesmo", a não ser que ambos não sintam a menor falta de
sexo e este seja o acordo daquele casal. Mas, normalmente, sexo é uma parte
vital de um relacionamento e quando ele deixa de existir, ou passa a acontecer
com uma frequência extremamente baixa, causando sofrimento a uma das partes ou
a ambas, deve-se olhar para isso.
As relações homo
ou heteroafetivas passam por fases, isto é fato. E é totalmente compreensível
que, em algumas destas fases, o sexo diminua de frequência. Momentos de
estresse no trabalho, doença na família, puerpério e diversas outras que todos
nós, seres humanos, estamos suscetíveis a vivenciar.
Porém, eu recebo
constantemente esta queixa nas minhas sessões: o toque e o beijo foram deixando
de existir com o tempo e, a rebote, o sexo. E, por diversas vezes, as mulheres
tendem a acreditar que casamento é assim mesmo e/ou que a "culpa" é delas. Como
mulher e sexóloga, não gosto da palavra "culpa". Vamos trocar por
responsabilidade?
A responsabilidade
geralmente é dupla, quase nada acontece somente de um lado nos relacionamentos.
Por ação ou omissão, ambos os envolvidos têm ali sua parcela. Com o aumento da
distância, vai se criando um abismo quase intransponível no qual os atos do dia
a dia e as obrigações, que também são parte de todos as relações, vão tomando
conta de todos os espaços, inclusive daqueles onde deveria haver afeto,
divertimento, risada, prazer, suor e regozijo.
Este cenário tem
um baque direto na autoestima das mulheres que tendem a crer que o problema é
com elas. Começam a se achar desinteressantes e não mais capazes de despertar e
atrair o desejo da parceria. Muitas até param de se masturbar, pois deixam de
se achar merecedoras daquele prazer; guardam a sexualidade em uma gaveta e
passam anos sem gozar.
Até o dia em que
percebem que há algo adormecido ali e resolvem reagir. E é lindo de ver quando,
com alguma orientação, elas redescobrem dentro delas uma leoa capaz de rugir
tão alto que faz o mundo a sua volta tremer. E a parceria também.
Isso já aconteceu
em alguma relação que vocês viveram? Conta para mim.
Clarissa Huguet é
bacharel em Direito, mestre em Direito Internacional pela Universidade Utrecht,
pós-graduada em Educação Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no
Instagram @sexualize_se - Contato (21) 99701-7225
Crédito da foto: @ianrassari