Família Pinheiro
Famílias Pioneiras e seus Brasões de Armas - 10
09/07/2021
Historiador Sebastião Deister
Edição 353
Compartilhe:
As ligações históricas do conhecido sobrenome
Pinheiro remetem-se à família romana Pinária (Pinarii), clã muito antigo de aristocratas romanos existente no
século IX a.C. A família foi mencionada pela primeira vez no período monárquico da
antiga Roma (753a.C./ 509a.C.), e o primeiro da linhagem que
obteve um consulado foi Públio Pinário Mamercino Rufo em 489
a.C. Os antigos Pinarius constituíram
uma das famílias patrícias mais ilustres do Império Romano, mas com o tempo
resolveram se estabelecer na então chamada Hispânia
(designação dada a toda Península Ibérica formada por Portugal, Espanha, Andorra, Gibraltar e uma pequena parte a sul da França adstrita
a Roma) na atual região de Aragão, ainda
no período
republicano (509a.C./ 27a.C.), local onde resolveram
adotar o nome Pine. Na Idade Média,
todavia, a família se mudou para Portugal, ali
criando suas raízes genealógicas por volta do século XII e
trazendo para seus descendentes o hoje tão disseminado apelido Pinheiro.
O Pinheiro mais famoso da história portuguesa foi Dom Pedro de Afonso
Pinheiro, cavaleiro da Ordem de Aviz, que defendeu a região de Rebordões contra
os mouros, liderando grupos portugueses em várias batalhas, até finalmente
expulsar por completo, em 1314, todos os invasores islâmicos radicados na área que
tentavam a todo custo dominar, passando, assim, a ser reconhecido e respeitado
como um dos grandes Mestres da Ordem que representava.
Em reconhecimento pelas suas vitórias, Dom Pedro de Afonso recebeu do Rei
de Portugal o Brasão de Armas da Casa Pinheiro, em que o azul está sobre prata
dividindo-se em três partes: uma é o leão vermelho representando a coragem, a
força, o combate e a honra; em outra, três cruzes representando a cristandade e
lembrando o seu momento do seu maior sacrifício, que foi a crucificação de
Jesus, e o terceiro, cinco pinheiros representando toda a família.
Existe uma importante obra chamada Livro de Linhagens do Conde D. Pedro
(1340-1344) que apresenta uma ótima listagem genealógica das principais
famílias nobres de Portugal. Nela, Dom Pedro Afonso, Conde de Barcelos, neto do
pioneiro Dom Pedro de Afonso Pinheiro, informa que, realmente, este nobre vinha
ser filho de Afonso Pinheiro, morador no Minho nos idos de 1301 e homem
encarregado de defender os logradouros de Rebordões na Freguesia de Insalde, no
Concelho de Paredes de Coura, confirmando, dessa maneira, a liderança do filho
nas lutas contra os mouros em 1341.
Importante ressaltar que, dessa família original, multiplicaram-se vários
ramos, entre eles os Pinheiros de
Andrade e os Pinheiros
Barcelos. Dela, ainda, surgiram diversas estirpes com títulos
variados, como o Cavaleiro Gomes Nunes de Outiz, patriarca da família Outiz,
dono da Quinta de Outiz e neto de Dom Pedro de Afonso Pinheiro.
De acordo com as notas do Conde Barcelos, Gomes Outiz foi cavaleiro de um escudo e uma lança (titulo dado a pessoas que não provinham da
nobreza, mas que por vezes gozavam de privilégios por conta de grandes feitos
realizados a favor do Reino). Casou-se com Felícia Fernandes Camelo, filha
de Fernão Gonçalves Camelo e de D Constança Pires de Arganelo. Gomes
e Felícia geraram três filhos: Estevão Gomes de Outiz , Pedro Gomes Pinheiro
(sem descendência conhecida) e Tristão Gomes Pinheiro (casado na cidade
de Barcelos).
Por seu turno, Estevão, o primogênito de Gomes e Felícia, teve um filho
chamado Gil Esteves de Outiz que, ao herdar a Quinta de Outiz, tornou-se Cavaleiro da Casa
Real e Vassalo do rei D. Fernando I, o nono rei de Portugal (nascido em Lisboa em 31 de
outubro de 1345 e falecido em 22 de
outubro de 1383). D. Fernando I, então, concedeu-lhe a Terra
da Cunha, o uso do castelo local e renda permanente na cidade de Guimarães. Além de tais benesses, Estevão ainda ganhou
o direito sobre a Quinta de Oliveira do Prado, cessão confirmada por D. João I,
que também lhe doou várias outras propriedades ao longo do ano de 1385. Explica-se que tais privilégios nasceram
como agradecimento do Rei pelos trabalhos desenvolvidos por Estevão ao comandar
as Armas de Portugal em lutas contra o Reino de Castela.
Por outro lado, há registros de que os Pinheiros pertenciam a uma família
judia que mudou seu sobrenome para não sofrer perseguições impostas pelo
Tribunal da Inquisição durante a Idade Média. Com o tempo, alguns desses judeus
(então conhecidos como cristãos novos) acabaram por se identificar com a
religiosidade cristã, convertendo-se definitivamente ao catolicismo.
Miguel Pereira
Um dos elementos mais representativos de tal família
em Miguel Pereira foi Argeu Abreu Pinheiro, nascido em 20 de julho de 1913 no
distrito rio-florense de Taboas. Casou-se ainda muito jovem com Maria José
Figueiredo, gerando com ela os filhos José Mário (corretor de imóveis), Maria
Hilda (professora aposentada e falecida) e Antônio Paulo (falecido). Contudo,
Maria José faleceu com apenas 27 anos, com a família já morando em Miguel
Pereira. Após trabalhar como taxista, Argeu resolveu dedicou-se à corretagem de
imóveis, tornando-se um dos pioneiros nesse ramo de negócios na cidade. Bem estabelecido,
contraiu então segundas núpcias com sua cunhada, Edina de Figueiredo Teixeira,
que lhe deu os filhos Wanda, Jorge e Cláudio, todos com o sobrenome Figueiredo
Pinheiro. Registre-se que o filho de Wanda veio a receber o nome do avô,
mantendo assim na família a lembrança de um homem que deixou sua marca pessoal
e profissional nos pioneiros serviços de corretagem que ajudaram a construir e
divulgar a cidade de Miguel Pereira. Argeu faleceu em Miguel Pereira em 23 de
julho de 1992, três dias depois de completar 79 anos. Seu nome hoje batiza a
pequena servidão que conduz às casas de seus descendentes junto à Avenida César
Lattes, no centro da cidade.
Brasões
de armas da Família Pinheiro
São encontrados três tipos de brasão na família dos Pinheiros. Mesmo
assim, o mais oficial deles é constituído de prata com cinco pinheiros
arrancados, de verdes, postos dois em cada canto e um no meio deles. No Timbre
é encontrado o mesmo pinheiro do escudo.
Já os Pinheiros de Andrade
apresentam escudo de prata, com cinco pinheiros arrancados de verde,
postos de sautor e chefe do mesmo, carregado por uma banda de vermelho,
perfilada a ouro, abocada por duas serpentes do mesmo. Por Timbre, aparece um
pinheiro de verde, saindo da boca de uma serpente em ouro e posto em pala.
Os Pinheiros Barcelos usam brasão de
vermelho com um pinheiro de sua cor, arrancado de prata com frutos de ouro e um
leão no mesmo, à esquerda do escudo em posição rampante, virado para o tronco
de árvore.