Família Coelho

Em Miguel Pereira, tivemos como antigo patriarca pioneiro Joaquim Coelho da Silva. Pecuarista oriundo de Ferreiros, como Polycarpo Barbosa, Juju, Job e Heleno Leal

 04/06/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 348
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A origem da família Coelho remonta à antiga Roma, ou mais exatamente a Marcus Coelho Rufo, discípulo de Marco Túlio Cicero, um dos maiores vultos da oratória de todos os tempos. Os Coelhos, cujas divisas em Roma assinalavam "Non veni in libro sermonum dierum regum sanguine et de sanguine Regum venire", ou seja "Nós procedemos do sangue dos Reis, e os Reis provêm de nosso sangue", transferiram-se da Itália para a Espanha, onde o nome "Coelius" mudou para "Coello", e daí para Portugal.

Em terras lusitanas, a estirpe Coelho surgiu de D. Soeiro Viegas Coelho (camareiro do Rei D. Afonso Henriques), cujos genealogistas garantem ter sido o primeiro a assinar tal sobrenome pelo fato de ter se assenhoreado das terras de Conejo (Coelho, em português arcaico), apesar de outros historiadores afirmarem que seu pai já usara este apelido oriundo da Quinta do Conejo. D. Soeiro Viegas Coelho pertencia à linhagem radicada em Riba Douro, pois descendia de D. Egas Moniz e de sua primeira esposa Dona Mor Pais da Silva. Dona Mor era de família importante, pois o seu pai fora o primeiro a entrar em Santarém quando D. Afonso Henriques conquistou a vila derrotando os mouros. Em seguida, o sobrenome difundiu-se para Évora, Barcelos, Vizeu, Açores, Arantes e outras terras portuguesas.

Uma segunda teoria sugerida por historiadores portugueses aponta que D. Soeiro Viegas recebeu o apelido coelho porque, durante a guerra, "(...) movia-se sorrateiramente a buscar e surpreender o inimigo para com eles pelejar (...) assim disse El-Rei, gabando seus feitos e assaltos dizendo que ele se arrastava rápido pelo chão como um coelho (...)".

Já no arquipélago dos Açores, o primeiro registro do sobrenome Coelho fazia referência a Baltazar Coelho da Costa, avô paterno de frei Diogo das Chagas, filho de João Coelho.

É sabido que a maior parte dos Coelhos (principalmente as linhagens radicadas em vários estados do nordeste brasileiro) descende de Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco que, casado com D. Brites Coelho de Albuquerque (irmã do famoso Jerônimo Albuquerque), gerou os filhos Duarte Coelho de Albuquerque e Jorge Coelho de Albuquerque. O primogênito Duarte nasceu em Olinda em 1537, cidade fundada pelo pai.

Com o pai e o irmão, Jorge seguiu em 1554 para Portugal a fim de realizar seus estudos. Entretanto, o pai morreu pouco tempo depois da chegada a Lisboa. Em 1560, os irmãos voltaram para Olinda, onde Duarte assumiu a capitania até ali administrada pela mãe Brites e pelo tio Jerônimo de Albuquerque, logo organizando um exército que seguiu para o sul de Pernambuco sob o comando de seu irmão Jorge. A tropa foi formada por colonos, interessados em conseguir doações de terras (as sesmarias) e por indígenas já pacificados e rivais dos caetés. Por conseguinte, Duarte Coelho de Albuquerque tornou-se o segundo donatário de Pernambuco.

Em 1576 retornou a Portugal, e em 1578 participou da fracassada expedição empreendida pelo Rei D. Sebastião contra os mouros do Norte da África. Após a derrota de Alcácer-Quibir, na qual o Rei português desapareceu, os dois irmãos foram aprisionados pelos muçulmanos. Foram resgatados um ano depois, mas Duarte não conseguiu empreender a longa viagem de retorno a Portugal, e por conta de vários ferimentos acabou morrendo quando se encontrava no norte da África em 1579. Pelo fato de Duarte ser solteiro e não ter nenhum herdeiro, a capitania de Pernambuco passou às mãos do irmão Jorge Duarte de Albuquerque.

Já nos anos oitocentos, o sobrenome Coelho encontrava-se espalhado por inúmeras regiões brasileiras. De acordo com anotações e pesquisas de historiadores e genealogistas, tais linhagens, sem laços diretos de consanguinidade com aqueles nascidos no nordeste, derivaram diretamente do imigrante João Coelho da Silva que, em 1895, aportou no Brasil vindo da Ilha da Madeira, ao lado de três irmãos chamados Manoel, Augusto e Ayres. Posteriormente, Manoel mudou-se para a Argentina e, logo depois, para os Estados Unidos. Por seu turno, João residiu até 1908 na cidade de Botucatu, em São Paulo. Também consta que Augusto morou no bairro da Lapa paulista, enquanto Ayres, o terceiro irmão, seguiu para a área metropolitana de São Paulo, havendo dúvida se ele se estabeleceu em Santo André ou em São Bernardo.

Apenas como curiosidade, podemos registrar que o sobrenome Coelho, em termos heráldicos, significa prosperidade, fartura, inteligência e esperteza.

 

Miguel Pereira

 

Em Miguel Pereira, tivemos como antigo patriarca pioneiro Joaquim Coelho da Silva. Pecuarista oriundo de Ferreiros (como tantas outras famílias que participaram ativamente do desenvolvimento da cidade, como Polycarpo Barbosa, Juju, Job e Heleno Leal, entre outras), Quinzinho organizou, em 1955, a primeira loja especializada em víveres e demais provimentos para animais, até hoje mantendo o mesmo título: Rações Quinzinho. Casou-se com Julieta Ambrosini Coelho, gerando com ela apenas um filho, Pedro Coelho da Silva. Este, por seu turno, esposou Theresinha Sad, de tradicional família patiense, tendo com ela dois filhos: Antônio Paulo Sad Coelho (casado com Cristiane Severo Pullig e pai de João Pedro Severo Coelho e Yasmim Severo Coelho) e Pedro Paulo Sad Coelho (advogado e atual vice-prefeito de Miguel Pereira, casado com Iara Alves e pai de Amir Alves Coelho da Silva e Thomás Alves Coelho da Silva). Pedro Coelho da Silva exerceu um mandato de vereador em Miguel Pereira no período de 31 de janeiro de 1971 a 31 de janeiro de 1973 durante a gestão de Aristolina Queiroz de Almeida. Nos dias atuais, ao lado da esposa e do filho Antônio Paulo, Pedro Coelho administra a loja fundada pelo pai.

     No município existem outras famílias que ostentam o mesmo sobrenome, mas não há comprovação de consanguinidade com o pioneiro Quinzinho.

 

Brasão de Armas da Família Coelho

 

     Escudo em azul, com um leão em salto de ataque de púrpura, armado e lampassado de vermelho, circundado por cinco coelhos, e carregado de duas faixas xadrezadas de azul e de ouro. TIMBRE: O leão do escudo.