Gouinage
Quem aí já ouviu falar do Gouinage?
17/09/2021
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 363
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Sem uma
tradução direta para o português, gouinage é um termo francês que
significa "sexo lésbico". Porém, esta prática não está associada apenas às
pessoas homossexuais do sexo feminino, mas sim à busca de prazer sexual sem
penetração.
Infelizmente,
a ideia de sexo é diretamente associada à penetração, o que decorre do culto
ao falo que é venerado na sociedade falocêntrica na qual vivemos. Além disso,
culturalmente, a relação sexual é muito genitalizada. Vale sempre lembrar que
um número altíssimo de mulheres nunca conseguiu ter um orgasmo com penetração,
até porque - e quem está nessa caminhada comigo já sabe - nosso canal vaginal
só tem inervação no início dele, no 1º terço distal. Ou seja, aquele tipo de
sexo no qual não há estimulação prévia de outras zonas do corpo da mulher e que
parte direto para a penetração, naquele estilo bate estaca, está longe
de ser algo realmente prazeroso para a mulher.
Já a vulva,
parte externa da genitália feminina onde está a glande do clitóris, que tem
8.000 terminações nervosas (o dobro de terminações presentes na glande do
pênis), é extremamente sensível. Não é à toa que a mulherada goza com muito
mais facilidade com o estímulo da vulva do que com a penetração.
Ocorre que
nosso corpo é todo erógeno, mas a maioria dos casais acaba caindo naquele sex
mode automático. Beija aqui, lambe ali, enfia e em menos de 10 minutos já
acabou.
Vocês já
pararam para pensar no quanto a pele é negligenciada neste processo sexual
empobrecido? A pele é o maior órgão do corpo humano, com incrível potencial
bioelétrico, e as pessoas, muitas vezes, mal se tocam durante o sexo. Casais
que optam por um sexo não focado na penetração encontram espaço para mordiscar,
lamber, roçar, morder, beijar, massagear e acariciar; o que acende o corpo todo
para aquela experiência excitante.
No Gouinage,
como o objetivo final não é a penetração, o casal se estimula de diversas
maneiras explorando várias outras regiões do corpo que não a genital. Não
existem regras fixas sobre exatamente o que fazer e como fazer, mas o desejo de
descobrir novas possibilidades e de, eventualmente, chegar ao orgasmo através
de novas carícias está presente nesta experiência com proposta diferente.
A não
existência da fixação na penetração inverte a lógica do jogo e deixa que a
criatividade aflore assim como os outros sentidos do nosso corpo. E aí, vamos
testar?
Clarissa Huguet é bacharel em Direito, mestre em
Direito Internacional pela Universidade Utrecht, pós-graduada em Educação
Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no Instagram @sexualize_se -
Contato (21) 99701-7225.
Foto @anastasia.lisitsyna