Sebastião Teixeira Portela

Tião Portela foi um homem de muitas facetas e polivalente em suas atividades comerciais e pecuárias. Aprendeu as artes de açougueiro com um português conhecido seu.

 03/06/2016     Historiador Sebastião Deister      Edição 88
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O patriarca da família, Joaquim Teixeira Portela, falecido com apenas 50 anos de idade, casou-se com Maria da Piedade Pinto Portela, e com ela gerou os filhos Maria, Joaquina, Julieta, Sebastião, Iolandi, Iva e Joaquim Filho. Tinha como irmãos Irineu, Alfredo, Joaquim e José, todos oriundos da Fazenda Rocha Negra e estabelecidos na área de Governador Portela em finais do século XIX. Como curiosidade, podemos lembrar que à época da febre espanhola (uma pandemia ocorrida em 1918, que ceifou milhões de vidas pelo mundo), muitos membros da família Portela também faleceram. Na ocasião, Sebastião - que devia contar entre 14 e 15 anos - demonstrou seu espírito de liderança, assumiu a família e reuniu em Portela aqueles que lograram escapar da doença, determinando que seu compadre Adelino Lima adotasse e criasse um rapazola órfão chamado Irineu Pinto, que anos depois iria administrar um armazém muito conhecido no centro de Miguel Pereira, no espaço agora ocupado pelo banco Itaú.

Sebastião nasceu em 31 de julho de 1904 em Portela. Casou-se com Izolina Ayrão Portela, que conheceu em uma festa em São Sebastião dos Ferreiros, ela nascida em 19 de julho de 1907. O casamento ocorreu em 25 de fevereiro de 1927. O casal trouxe ao mundo 11 filhos, na seguinte ordem cronológica: Eloá, casada com Sebastião Rezende Ferreira; Ely Joaquim, casado com Dejanira Barbosa; Erlita, casada com Adriano Delmas; Elmo, casado com Jeanethe Pereira; Eloci, casada com Joaquim Amaral; Ednéia, casada com Dilson Marreira de Carvalho; Everardo (Poroca), casado com Edê Ribeirinha; Evanda (Vandinha), casada com Altino Vieira; Edmar (Mazinho), casado com Elídia Corrêa; Eliane (solteira) e Élcio, casado com Ana Maia.

Tião Portela foi um homem de muitas facetas e polivalente em suas atividades comerciais e pecuárias. Aprendeu as artes de açougueiro com um português conhecido seu, de nome João, abrindo em Portela um estabelecimento que acabou sendo administrado pelos filhos ainda adolescentes Elmo e Ely que, a propósito, continuariam com tal ramo comercial quando adultos. Tião Portela, por vezes, não conseguia muito sucesso em suas empreitadas, tanto que passeou pela fabricação de tijolos e pelo segmento agrícola, participando com entusiasmo em áreas de plantações de tomate. Aliás, nesta atividade precursora conseguiu obter ganhos bastante expressivos, a ponto de lhe permitir comprar da senhora Célia Zenatti (viúva de Francisco Alves) a casa que fora do famoso cantor, à Rua Luiz Pamplona. Também com os vultosos ganhos vindos das lavouras de tomate, Tião Portela adquiriu alguns caminhões que, tempos depois, iriam servir para ele executar uma série de serviços sociais no município. Persistente e entusiasmado com toda e qualquer novidade, quando não conseguia alcançar determinados objetivos logo partia para outras empreitadas, e assim veio a ser ainda Juiz de Paz e Tabelião em Portela. Por outro lado, é justo lembrar que ele, disposto e incansável, também batalhou com êxito no ramo de transportes, valendo-se de um de seus veículos para inúmeros serviços pela região, principalmente quando da construção do Hospital da Fundação Miguel Pereira. De fato, em finais de semana ele disponibilizava um dos seus caminhões para as equipes de construção comandadas pelos pioneiros Muniz, Beaujean e Badenes, levando e trazendo para lá e para cá os materiais necessários à conclusão daquela obra meritória. Todavia, seu nome ficou mesmo eternizado em Miguel Pereira como dono de açougue, e até hoje seus descendentes trabalham neste setor, administrando o Açougue Irmãos Ratos. A propósito, o título Irmãos Ratos tem sua explicação. Quando da passagem de Luiz Gonzaga pela cidade, um artífice que o acompanhava, de nome Isnar, realizou alguns serviços para Tião Portela, inclusive na recuperação e aprimoramento da carroceria de sua picape. Admirado por ver os ainda jovens Elmo e Ely administrando o açougue, Isnar, ironicamente, desenhou dois ratinhos na lataria do veículo, acrescentado a imagem de um queijo roído e os nomes dos rapazes, dizendo para Tião que eles eram "os ratinhos que comiam o dinheiro dele". A chacota pegou, e agradou tanto que o nome do estabelecimento ficou consagrado, e a logomarca criada por Isnar permanece até hoje no açougue em Miguel Pereira.

Tião Portela faleceu em 11 de setembro de 1960, com apenas 56 anos. Para que se tenha uma ideia do seu prestígio em Miguel Pereira e Portela, e de quantos amigos ele amealhara pela região, basta citar o fato de que o cortejo levando o corpo para sua morada definitiva foi acompanhado pelas ruas de Portela ao som da Sociedade Musical XV de Novembro que ele tanto admirava. Já a esposa Izolina o seguiu em 20 de janeiro de 1978, aos 71 anos de idade. O casal repousa no cemitério de Governador Portela.