Quem é a Iguá que sucederá a Cedae em Miguel Pereira e Paty do Alferes
Segundo o economista Paulo Gala, "o modelo de privatização da Cedae é odiado pelo Governo Federal porque não é uma privatização. É odiado pela esquerda porque acha que concessão é privatização.
07/05/2021
Cedae
Edição 344
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Miguel
Pereira e Paty do Alferes foram arrematados pelo Consócio encabeçado pela
empresa Iguá Saneamento, que arrematou o Lote 2 formado por três municípios - Miguel
Pereira, Paty do Alferes e parte do Rio de Janeiro (regiões da Barra e
Jacarepaguá). A Iguá venceu com a oferta de R$ 7,3 bilhões, ante um mínimo de
R$ 3,17 bilhões, o que equivale a um ágio de 129,68%.
Economista Paulo Gala
Segundo o
economista Paulo Gala, "o modelo de privatização da Cedae é odiado pelo
Governo Federal porque não é uma privatização. É odiado pela esquerda porque
acha que concessão é privatização. É a licitação mais bem sucedida da história
do país em saneamento. Temos que ser mais pragmáticos e menos ideológicos".
Empresa deve
assumir operações da Cedae em 1º de junho
A rotina dos serviços deve
ser compartilhada por estatal e investidores privados por até 9 meses. Os grupos, que na última
sexta-feira venceram o leilão para operar os serviços de
abastecimento de água e esgoto que estão hoje com a Cedae, devem assinar contrato
no dia 1º de junho. A previsão é do secretário estadual da Casa Civil, Nicola
Miccione. Haverá, no entanto, uma fase de transição entre a operação pública e
privada.
"Esse será um período de operação assistida, em que os técnicos
da Cedae vão trabalhar lado a lado com os operadores. A expectativa é de que
essa transição dure de 6 a 9 meses", disse o secretário. "Estamos
fazendo o planejamento dessa transição desde antes do leilão", acrescentou
Miccione.
Quem é a Iguá Saneamento
A Iguá atualmente atende 6 milhões de pessoas e
vai triplicar de tamanho com essa concessão. "No caso da Cedae, estamos
muito engajados. Temos assessores trabalhando conosco. No lado financeiro,
estamos com BTG Pactual e Bradesco BBI; no lado técnico, a Worley; no jurídico,
com o Mattos Filho. Desde novembro, estamos trabalhando no processo", diz Brandão.
Antes do negócio no Rio de
Janeiro, a Iguá operava em 37 municípios em 5 estados (Mato Grosso, Alagoas,
Santa Catarina, Paraná e São Paulo), e atende a uma população de 6 milhões de
pessoas. A companhia já pertenceu à Galvão Engenharia no passado, mas a
empreiteira se desfez do ativo quando entrou em recuperação judicial.
A Iguá foi refundada em
2017 com outros acionistas. Hoje, a gestor IG4, a canadense Alberta
Investment Management Corp (AIMCo) e o fundo de pensão canadense CPP
Investments formam o bloco de controle. No ano passado, a empresa teve uma
receita líquida de 757,6 milhões e um prejuízo de 4,7 milhões, ante lucro de R$
44,72 milhões em 2019.
Quem é o BTG Pactual
O BTG Pactual é um banco que foi fundado pelo hoje
ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos que mais pressionou para que o
leilão acontecesse, mesmo de forma ilegal. Muitos especulam que essa é a razão
pela qual Paulo Guedes não deixa o comando do Ministério da Economia.
Wagner Victer, presidente da Cedae por 8 anos
Atual diretor
da Alerj, Wagner Victer é engenheiro, administrador, ex-secretário de Estado de
Energia, Indústria Naval e do Petróleo, ex-secretário estadual de Educação e
ex-presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). Victer foi
presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae),
onde ficou por 8 anos. "É lícito ressaltar que a sociedade vai perder
muito com a privatização da Cedae, pois as tarifas irão aumentar. Um bom
exemplo dessa estratégia equivocada é que governos liberais, como São Paulo,
não falam em privatizar a SABESP, e o Romeu Zema, em Minas, também não fala em
privatizar a COPASA, suas estatais de Saneamento", comentou Victer em entrevista
ao jornal O DIA. Com sua experiência na área de petróleo e gás, ele alerta que
"Devemos explorar melhor nessa área o desenvolvimento de parques
tecnológicos. Temos que atuar em eventuais retomadas, em bases competitivas da
Indústria Naval Fluminense e também no desenvolvimento de centros voltados à
energia renovável".
Por que os liberais de São Paulo e Minas não privatizaram? Porque as
tarifas vão subir
"É
impossível para as concessionárias privadas, que perderão a imunidade
tributária federal disponível a estatais, como a Cedae. Ao mesmo tempo, se
simula pagar um valor elevado de outorga e ainda ter que fazer 30 bilhões em investimentos,
o que acho um tremendo de um factoide, o que impedirá, por pura matemática
financeira, manter o processo tarifário atual. É lícito ressaltar que a
sociedade vai perder muito com a privatização da Cedae, pois as tarifas irão
aumentar. Um bom exemplo dessa estratégia equivocada é que governos liberais,
como São Paulo, não falam em privatizar a SABESP, e o Romeu Zema, em Minas,
também não fala em privatizar a COPASA, suas estatais de Saneamento",
garantiu Victer.
Governo do Estado
Segundo o Governo
do Estado, além do objetivo de universalização dos serviços de água e esgoto, também
estão previstos projetos para a despoluição da Baía de Guanabara, da Bacia do
Rio Guandu e do complexo lagunar da Barra da Tijuca (R$ 250 milhões), com valor
estimado em cerca de R$ 5 bilhões.
Funcionários da Cedae
O processo prevê
o aproveitamento de funcionários da Cedae. Além
disso, também existe a projeção de geração de mais de 20 mil empregos diretos e
indiretos, somados aos 18,7 mil já existentes.
Aumento de tarifas
Não haverá
aumento real da tarifa, a não ser o da inflação setorial. Além disso, a tarifa
social passará dos atuais 0,54% para 5% da população nos municípios atendidos. A
redução poderá até ser maior, desde que haja reequilíbrio econômico do contrato.
Novos investimentos
Entre obras,
equipamentos, manutenção e outorgas, serão investidos mais de R$ 100 bilhões em
35 anos.