Joaquim Osório Duque Estrada

151 anos de nascimento - 29.04.1870 - 05.02.1927

 30/04/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 343
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Neto do Dr. Domingos de Azeredo Coutinho Duque Estrada e de Emília Carlota de Oliveira Leão, o poeta, crítico literário, professor, membro da Academia Brasileira de Letras e ensaísta brasileiro Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em Paty do Alferes em 29 de abril de 1870 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 5 de fevereiro de 1927. Joaquim era filho do tenente-coronel Luís de Azeredo Coutinho Duque Estrada (carioca) e de D. Maria Rosa Delfim e Silva Duque Estrada (oriunda de Valença), vindo a ser afilhado do general Manuel Luís Osório, o Marquês de Herval. Joaquim Osório teve como irmãos Luís Carlos; Carlota Alice; Emília (a primeira, falecida na infância); Emília (a segunda) e Paulino (morto aos quatro meses de vida).

Primeiros estudos e o nascimento da letra do hino

Estudou as primeiras letras em colégios do Rio de Janeiro, matriculando-se depois no Imperial Colégio Pedro II, pelo qual recebeu o grau de bacharel em letras em dezembro de 1888. O fato que inicialmente lhe deu renome foram as incisivas e esmeradas críticas literárias na imprensa brasileira no início do século XX. Seu belo poema em versos decassílabos, concluído em outubro de 1909, acabou sendo oficializado como letra do Hino Nacional Brasileiro por meio do Decreto nº 15.671 assinado pelo presidente Epitácio Pessoa em 6 de setembro de 1922, às vésperas do Centenário da Independência do Brasil. O poema fora escrito em 1909 (pelo qual viu-se agraciado com o prêmio de 5 contos de réis) após o lançamento de um concurso sugerido pelo escritor Coelho Neto. A letra e o ritmo sofreram algumas alterações ao longo de sua história, e sua primeira gravação em disco ocorreu em 1917.

Imprensa, casamento e vida familiar

Começou a colaborar na imprensa em 1887, escrevendo os primeiros ensaios no Rio de Janeiro como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Em 1888 alistou-se nas fileiras republicanas ao lado de Silva Jardim e entrou para o "Centro Lopes Trovão" e para o "Clube Tiradentes", do qual foi segundo secretário. No ano seguinte foi para São Paulo, a fim de se matricular na Faculdade de Direito, entrando nesse mesmo ano para a redação do Diário Mercantil. Abandonou o curso de Direito em 1891 para se dedicar à diplomacia, sendo então nomeado segundo secretário de legação no Paraguai, país em que permaneceu por um ano. Por razões desconhecidas, regressou ao Brasil e abandonou de vez a carreira diplomática, fixando residência na cidade mineira de Cataguases entre os anos de 1893 a 1896, onde criou e redigiu o jornal Eco de Cataguases.

Joaquim Osório Osório casou-se em Niterói no dia 2 de fevereiro de 1894 com Ilídia Regina Freire de Aguiar, nascida em 6 de janeiro de 1874 e morta em 6 de maio de 1928. Ilídia o acompanhou em sua viagem a Cataguases em 1894, mas em 11 de novembro daquele ano ambos regressaram a Niterói, onde nasceria seu primeiro filho batizado então como Magnus de Aguiar Duque Estrada. Curiosamente, enquanto a futura mãe esperava em casa pela hora que daria à luz, Joaquim Osório tomou a barca até o Rio para participar da solenidade de inauguração do monumento ao General Manuel Luís Osório, na Praça XV. No dia seguinte, Osório regressou a Cataguases, pois ainda faltavam vinte dias para as férias escolares. E foi naquela cidade que recebeu a notícia do nascimento de seu primeiro filho que acontecera em 28 de novembro de 1894. Osório não desejava ficar muito tempo em Cataguases. Além disso, ele gostava de movimento, de agitação e era na capital que as coisas aconteciam. Justamente esse espírito libertário e seu hábito de permanecer em grandes tertúlias na cidade junto a outros intelectuais, muitas vezes deixando a esposa a esperá-lo sozinha em casa (situação agravada pelo fato de ela gerar o primeiro filho sem ter o marido ao lado) motivaram desavenças sérias entre eles, levando-os a uma primeira separação. De qualquer maneira, após seu retorno ao Rio de Janeiro o casal veria nascer mais dois outros herdeiros, respectivamente Saulo de Aguiar Duque Estrada (26.04.1897) e Ciro de Aguiar Duque Estrada (18.06.1901).

Nos anos de 1896, 1899 e 1900 Osório foi, sucessivamente, inspetor geral do ensino, por concurso; bibliotecário do Estado do Rio de Janeiro e professor de francês do Ginásio de Petrópolis, cargo que exerceu até se radicar no Rio de Janeiro em 1902, sendo então nomeado Regente Interino da Cadeira de História Geral do Brasil no Colégio Pedro II. Deixou o magistério em 1905, voltando a assinar uma coluna literária em quase todos os diários do Rio de Janeiro. Entrou para a redação do Correio da Manhã em 1910, e durante esse período criou a seção de crítica chamada Registro Literário, mantida de 1914 a 1917 no Correio da Manhã, de 1915 a 1917 no Jornal Imparcial e de 1921 a 1924 no Jornal do Brasil. Uma boa parte de seus trabalhos dessa época foi reunida no volume Crítica e polêmica (1924). Tornou-se um crítico mordaz e temido, demostrando grande prazer pela polêmica. No entanto, de todas as censuras que fez, nenhuma conseguiu dar-lhe fama na posteridade.

Produção Literária

Como poeta, não fez nome como autor, a não ser pela autoria da letra do Hino Nacional e pelo livro de estréia publicado aos 17 anos - Flora de Maio -, com prefácio de Alberto de Oliveira, no qual reuniu poesias escritas até os 32 anos de idade. Entre suas obras, destacamos: Alvéolos, poesia (1887); A Aristocracia do Espírito (1899); Flora de Maio, poesia (1902); O Norte, impressões de viagem (1909); Anita Garibaldi (1913); Rimas Ricas (1915); A Abolição, esboço histórico (1918); Crítica e Polêmica (1924). Como crítico, historiador e defensor do idioma, publicou: Noções Elementares de Gramática Portuguesa; Questões de Português; Guerra do Paraguai; História Universal e A Alma Portuguesa. Encontram-se trabalhos seus na Revista Americana, em O Mundo Literário, na Revista da Língua Portuguesa e na Revista da Academia Brasileira de Letras. Foi o segundo ocupante da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleito em 25 de novembro de 1915 na sucessão de Sílvio Romero. Sua recepção aconteceu em 25 de outubro de 1916, tendo sido comandada pelo acadêmico Coelho Neto.

Osório e a esposa Ilídia viveram uma relação relativamente conturbada, separando-se após alguns anos de casados. Mesmo assim, houve um período em que se reconciliaram, resultando daí o nascimento do seu último filho, Ciro. Entretanto, diferenças conjugais incontornáveis acabaram por desagregar seu relacionamento em definitivo, com Ilídia indo morar sozinha em Minas quando contava apenas 54 anos.

Joaquim Osório Duque Estrada, hoje, batiza a Academia de Letras de Paty do Alferes (ALJODE) fundada em 29 de abril de 2006, dia de seu nascimento, a qual este ano comemora 15 anos de atividades.