Família Rodrigues Ferreira

E os Rodrigues

 16/04/2021     Historiador Sebastião Deister      Edição 341
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Os Rodrigues remetem-se a uma das mais antigas famílias autóctones de Portugal ramificada pelas ilhas e colônias lusitanas, além de constituir a primeira e bem documentada família brasileira oriunda da união de Diogo Álvares Correia, conhecido como Caramuru, um dos primeiros portugueses a se estabelecer na Bahia, considerado "pai biológico" do Brasil em função do seu casamento com uma índia da tribo Tupinambá chamada Paraguaçu. Diogo nasceu cerca de 1475 e viveu em Viana da Foz de Lima, hoje Viana do Castelo, de onde partiu para o Novo Mundo, naufragando em 1509 no litoral da Bahia, vendo muitos de seus companheiros mortos pelos tupinambás. Após o massacre, Diogo conseguiu sobreviver e conviver com os índios. Ao conhecer os costumes nativos, contribuiu decisivamente para facilitar o contato entre eles e os primeiros colonizadores portugueses. Caramuru levou à Europa a índia Paraguaçu, batizando-a em Saint Malo, na Bretanha, em 30 de julho de 1528, apondo-lhe o nome cristão de Katherina do Brasil, com ela formando, então, a primeira família brasileira documentada pela História. Tiveram como filhos Ana Álvares, casada com Custódio Rodrigues Correia, de Santarém, Portugal; Genebra Álvares, casada com Vicente Dias de Beja, do Alentejo, Portugal; Apolônia Álvares, esposa do Capitão João de Figueiredo Mascarenhas, da cidade portuguesa de Faro, no Algarve, e Grácia Álvares, casada com Antão Gil, de Évora, Portugal. Diogo faleceu em 1557 em Salvador.

 

 

Assim, nos primeiros tempos da Bahia encontramos Custódio Rodrigues Corrêa, casado com Ana Álvares, a primogênita de Digo Álvares Caramuru e de D. Catarina Paraguaçu, que estruturou a reconhecida primeira linhagem brasileira, ou seja, os agora centenários Rodrigues. Importante ressaltar que Rodrigues tem origem patronímica, significando filho de Rodrigo, tendo como equivalente o castelhano Rodríguez. A explicação para Rodrigo virar Rodrigues é que antigamente se usava o final "es" para designar "filho de". O nome Rodrigo vem do alemão antigo Hrod-rich, significando rico em glória ou Senhor da Glória. É um nome medieval, imortalizado pelo último Rei Visigodo também chamado Rodrigo.

Em Portugal, conhecem-se três brasões diferentes relativos a este sobrenome, pelo que é certo que há inúmeras estirpes que o adotaram sem existirem os menores laços consanguíneos entre elas. Contudo, isso não impede que algumas dentre elas alcançassem a Nobreza da Fidalguia com a instituição do Brasão de Armas.

 

Miguel Pereira

 

Em terras de Miguel Pereira, a família Rodrigues (ligada à família Ferreira) é até hoje uma das mais conhecidas. Um dos seus membros mais ativos e conhecidos foi Calmério Rodrigues Ferreira, o Juju da Estiva, casado com Algecira de Alarcão Machado. Do enlace vieram ao mundo Alzira; Calmério Junior; Maria e Dagmar. Outra personagem Rodrigues também importante na cidade foi Cecília Rodrigues Barbosa (a propósito, parenta direta de Juju), casada com Policarpo Barbosa (conhecido como Lique), casal pioneiro na implantação de uma padaria em Miguel Pereira. Em relação aos filhos de Lique e Cecília, devemos lembrar Manoel Guilherme (que veio a ser prefeito de Miguel Pereira em duas ocasiões); Noel; Consuelo e Sandra. Registre-se que Cecília faleceu em 31 de dezembro de 1994.

 

1. Brasão de Armas da Família Rodrigues

 

De ouro, com cinco flores-de-lis de vermelho, postas em santor, e um chefe do segundo esmalte carregado de uma cruz florenciada e vazia do primeiro. TIMBRE: um leão de ouro, em posição de salto, com uma flor-de-lis do escudo sobre a espádua.

 

Os Ferreira

 

Quanto aos Ferreira, o sobrenome não se remete a uma única origem. É sabido, entretanto, que a família Ferreira remonta ao século XI tendo raízes na Península Ibérica. Seus primórdios são portugueses, sendo classificados tanto como toponímicos, ou seja, o termo refere-se a um lugar onde há minas ou jazidas de ferro, ou então lembrando a profissão de ferreiro, o que poderia dar origem a um apelido, passando depois ao nome doméstico Ferreira. Historicamente, Rui Pires, um dos fidalgos que viveram em Portugal ao lado da rainha D. Tareja, foi o primeiro que se intitulou Ferreira ao tomar para si o título de Ferreira de Aves aposto ao solar da família onde morava como senhor de família.

No Brasil, há indícios históricos de que vários membros da família Ferreira se dirigiram ao nordeste em caravanas logo após o descobrimento do Brasil, região em que criaram algumas comunidades no agreste alagoano em razão da grande diversidade de alimentos que podiam ser plantados naquela área, já que a zona da mata era ocupada por vastos canaviais e numerosos coqueirais. Mesmo antes de tais registros, há documentos que mostram os nomes de proeminentes figuras de sobrenome Ferreira habitando também o sudeste brasileiro, incluindo os anos seiscentos e setecentos. Atualmente, encontramos a estirpe Ferreira em todas as regiões do Brasil.

O termo tornou-se tão conhecido e popular na Europa que hoje existem correspondentes em vários idiomas, tais como Herrera (na Espanha), Ferrara ou Ferrari (na Itália) e Smith (na língua inglesa).

 

2. Brasão de Armas da Família Ferreira

 

O brasão dos Ferreira é bem simples, sendo constituído de escudo em vermelho, com quatro faixas em ouro, tendo como TIMBRE um elmo representando a nobreza portuguesa.