Síndrome do punho de ferro
E então, agora me conta, você já passou por isso?
08/12/2023
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 478
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Já ouviram essa expressão? A
Síndrome do punho de ferro é uma condição clínica que acomete uma parcela
considerável de homens que realizam a masturbação utilizando uma técnica
específica. Nesta técnica, a estimulação se dá de forma ritmada, onde aplica-se
tamanha vigorosidade e força que acaba causando uma dessensibilização do pênis.
A esta disfunção sexual também se dá o nome de ejaculação retardada. O homem
terá grande dificuldade para atingir o orgasmo de outras maneiras que não com
aquela prática masturbatória; ele, apesar de se sentir excitado e ter uma
ereção firme, não consegue ou demora muito a atingir o orgasmo.
Simplificando, é como se o
indivíduo se acostumasse a gozar de um jeito e para conseguir chegar lá
precisasse repetir sempre os mesmos movimentos. Os motivos que desencadeiam a
disfunção podem ser tanto psicológicos quanto fisiológicos, a título de
exemplo, podemos citar o uso de antidepressivos, estresse, ansiedade de
performance, insegurança, álcool e/ou uso de drogas.
Perceba que não é o excesso de
masturbação que desencadeará a síndrome, mas sim a maneira como o estímulo é
conduzido, sempre da mesma forma, mesmo tipo de toque, velocidade e pressão.
Vale ressaltar que, normalmente, a masturbação é conjugada com o consumo de
pornografia, formando o combo explosivo.
Uma das consequências que este
quadro acarreta na maioria das vezes é o desinteresse sexual pela parceria.
Isto porque o homem já sabe que, apesar de ele empreender esforços, ele não
conseguirá atingir o ápice. A não ser que ele interrompa a penetração para se
masturbar, aí sim o orgasmo será possível. Fato é que, além da questão mecânica
do ato, a relação sexual, muitas vezes gera ansiedade e tensão, o que vai ser
mais um dificultador. E imagina a situação para a mulher se todas as vezes que
ela transa com o boy, ele interrompe o ato, retira o pênis e começa a se
estimular com força, agressividade e uma pressão tamanha que acaba explodindo
em um orgasmo, porém, sem a participação dela...
Agora imagine um casal que não
tem uma boa comunicação sexual. De repente, o homem perde o interesse sexual
pela parceira porque ele está condicionado a só gozar quando se masturba. A
mulher, que não sabe desta condição, vai, certamente, trazer para si a
responsabilidade daquela "rejeição". Vai criar mil motivos pelos quais o
parceiro não a procura mais. Isso é uma bola de neve, o casal vai se
distanciando cada vez mais, até se tornar algo irrecuperável. Por isso eu bato
tanto na tecla sobre a importância da transparência e do diálogo.
E então, agora me conta, você já
passou por isso?