Zé do Gué terminou a oração, pediu uma bacia e uma tesoura com ponta...

Todas as histórias contadas aqui, são fatos reais, com pessoas reais e que muitas ainda estão vivas

 21/11/2014     Zé do Gué      Edição 7
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Hoje vamos falar sobre Zé do Gué que viveu no Plante Café entre as décadas de 30 e 80. Ele era casado com dona Maria e um profundo conhecedor das matas e seus mistérios medicinais.

Seu Zé do Gué era colaborador do Instituto Butantã de São Paulo. Quando o Instituto precisava de cobras, recorria a Zé do Gué, que tinha uma reza específica para achar cobras. Assim como tem a reza para curar, tem a reza para amansar. E, Zé do Gué tinha o dom do entendimento entre as duas tarefas.

Seu Zé tinha um terreiro na Vila Selma, vinha gente de todo lugar para se consultar. Ele atendia a todos, tinha a força da reza e o dom da cura. Sem cobrar nada, ele ia curando quem o procurava. Algumas vezes o caso trazido não era da sua "competência", então ele dizia: "isso é caso de médico". Mas também havia o contrário, Dr. Muniz, médico conceituado na cidade, quando via que a medicina não conseguia curar, ele indicava o amigo Zé do Gué. 

O primeiro caso

Ocorreu com dona Beth, hoje já uma senhora moradora de Paty. Na época ela tinha cerca de 15 anos de idade, estava com um abscesso na boca e ninguém conseguia curar, não havia médico nem remédio, nem antibiótico que desse jeito. O pai dela já sem esperanças foi aconselhado a se consultar com o seu Zé do Gué, no terreiro da Vila Selma. Na verdade a consulta é com a entidade que seu Zé incorporava toda semana. Finda a consulta no terreiro, ela então marcou dia e hora, e disse que mandaria um emissário na casa de Beth.

No dia acertado, Zé do Gué apareceu, pediu permissão para entrar na casa e fez uma oração. Terminada a oração, viu Beth, pediu uma bacia, toalha e uma tesoura com ponta. A pequena Beth ficou assustada e com medo ela pensou, "o que ele vai fazer com a tesoura?", pensou Beth.

Seu Zé pediu para ela se deitar e colocar a bacia em baixo do rosto. Seu Zé pegou a tesoura e com toda força enfincou no parapeito da janela, logo acima de sua cabeça. Nesse momento o abscesso estourou e o sangue jorrou dentro da bacia. Beth nunca mais teve nada.

Coqueluche

Outra história ocorreu com seu neto Mário, hoje carpinteiro de mão cheia. Mário conviveu com seu avô até os 9 anos de idade. Mário era unha e carne com o avô. Onde estava Zé do Gué, estava o pequeno Mário. Na verdade Mário foi criado mais com pelo avô do que pelo o pai. Mário nasceu com uma bronquite/coqueluche crônica, quando vinha a crise, o pequeno Mário não conseguia andar 50 metros e caia por falta de ar. Mário pedia que seu avô o curasse. Zé do Gué dizia a ele "só posso fazer isso quando chegar seus sete anos" profetizava o avô.

Quando Mário completou sete anos, Zé do Gué falou: "Mário vou te levar agora para a mata e vou te rezar"... E junto de uma figueira Zé do Gué pregou sete pregos. Cada prego foi enterrado com sete marteladas, sempre precedida da frase que Zé do Gué perguntava à Mário "o quê que eu prego agora?", Mário respondia: "coqueluche" isso sete vezes, nos sete pregos com as sete marteladas. A partir desse momento Mário nunca mais teve crise de falta de ar.

Levanta...

O terceiro caso foi com o filho do seu Luiz Couto. Ele tinha um filho na cama e dela não saía, tinha uma "certa" paralisia e a cada dia o menino ficava pior. E o procedimento foi o mesmo, Luiz Couto foi a uma sessão encontrar com o guia de Zé do Gué. Seu Luiz Couto contou, ao guia, que seu filho não levantava mais da cama e o guia falou para seu Luiz: "fica tranquilo tal dia meu cavalo vai lá e vai resolver seu problema".

Cavalo é aquele que leva, é aquele que é o enviado, e nesse caso era o Zé do Gué. No dia acertado foi o mesmo ritual, Zé do Gué chegou na casa de Luiz Couto, bateu na porta, pediu para entrar e fez uma oração na sala. Ao final da oração, Zé do Gué disse à Luiz Couto: "vai lá dentro que seu filho já está bom". Sem acreditar, seu Luiz entrou, quando chegou no quarto, viu seu filho já sentado na cama e depois em pé.

Essas são algumas de muitas das histórias protagonizadas pelo famoso Zé do Gué. Homem de hábitos simples, que viveu para fazer o bem.