João "Alemão" e a Família DEISTER - Estudo biográfico 32

As primeiras atividades da família Deister no Brasil associaram-se diretamente ao nascimento de Petrópolis, principalmente depois do ano de 1845.

 06/05/2016     Historiador Sebastião Deister      Edição 84
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As primeiras atividades da família Deister no Brasil associaram-se diretamente ao nascimento de Petrópolis, principalmente depois do ano de 1845. De fato, aproveitando as facilidades concedidas pelo Imperador D. Pedro II e instado pelo engenheiro Júlio Frederico Köeller- construtor da cidade Imperial -, no dia de São Pedro (12 de junho de 1845) chegaram ao Córrego Seco da Serra Acima (primitivo nome de Petrópolis) 2.111 colonos alemães, entre os quais um casal formado por Martim Dengler Deister (nascido em Gaus-Algesheim) e GertrudGebhardt Deister (natural de Sauerschwabenheim) ao lado dos filhos Anna Maria, Georg, Johann e Maria Anna. Martim logo foi agraciado com o Prazo de Terras nº 670 e mais Rs. 25.000 (vinte e cinco mil réis), dando início assim aos seus trabalhos imobiliários na cidade imperial, na qual nasceram-lhe mais três filhos: Emília e Filipina, mortas na infância, e o caçula Martim Junior. De todos seus herdeiros, o ramo oriundo de Johann Deister torna-se particularmente importantes, visto que graças ao seu 6º filho, de nome José Deister, Miguel Pereira ver-se-ia contemplada com vários descendentes desta família pioneira.

José casou-se em 1903 com Luiza Rodrigues Casquilha, de origem portuguesa, com ela gerando João (1904); José Filho (1905, morto na infância), Maria Luiza (1908); Aurora (1910); Roberto José (1914); Augusto (1916) e Carlinda (1918). A família radicou-se na então chamada Estiva em 1920, indo residir junto ao Sítio Alegria, da família Soares Maia.Nesta cidade vieram ao mundo Marta (1921, morta prematuramente); Josephina (1922) e Sebastião (1924, também morto na infância).

Excelente construtor e pedreiro de qualidade, José - sempre acompanhado do primogênito João, já apelidado "Alemão" pelo povo da Estiva/Miguel Pereira - participou,entre os anos de 1920 e 1933, de dezenas de importantes obras na localidade, destacando-se aí a edificação da Igrejinha de Pouso Alegre (na estrada da Vargem do Manejo), da conclusão da torre da Igreja do Padroeiro Santo Antônio da Estiva,da construção da casa do Major Prado, à Rua Luiz Pamplona (que anos depois abrigaria o cantor Francisco Alves, imóvel não mais existente) e de dezenas de outras residências nos bairros miguelenses.

José morreu em 25 de novembro de 1934 devido a problemas respiratórios causados pela asma, quando contava apenas 55 anos. João logo assumiu os compromissos do pai, mas no ano seguinte à sua morte logrou obter um emprego fixo na Estrada de Ferro Central do Brasil. Devido à grande experiência que adquirira, de pronto viu-se designado como mestre-de-obras da empresa,em especial ao longo da construção do complexo de oficinas e salas de manutenção da estação de Miguel Pereira (inaugurado em 1939), infelizmente hoje desaparecido. Sempre requisitado pelos diretores da ferrovia, João ainda se responsabilizou pela coordenação das atividades ligadas à Linha Auxiliar no trecho compreendido entre Japeri e Porto Novo do Cunha. Desportista nato e apaixonado pelo futebol, mostrou-se consternado com a desativação do campo do Miguel Pereira Atlético Clube. Por essa razão, fundou o Central Atlético Clube em 1955, construindo seu estádio de futebol praticamente a suas próprias expensas, inaugurando-o em 1958 e logo batizando-o de Estádio Adalvet, em homenagem ao falecido amigo Adalvete Rodrigues Ferreira, irmão de Juju, que fora por anos administrador do campo do Miguel Pereira Atlético Clube.

João casou-se em 23 de junho de 1928 com Áurea Monteiro, filha de Messias Monteiro e de Florisbela da Silva Monteiro, com ela gerando Hilda (professora e musicista, nascida em 8.04.1928, casada com Ennes de Almeida Machado e morta em 8.03.1978, deixando cinco filhos); Helena (doméstica, nascida em 26.04.1931, casada com Hélio Moreira e falecida em 13.01.2004, com quatro filhos); Hugo (músico e ferroviário, nascido em 28.06.1935, casado com Léa Soares Cadinha e morto em 05.09.2010, gerando quatro filhos); Humberto (bancário, nascido em 25.02.1938, casado com Nilcéa Pereira e falecido em 29.05.1998. Deixou três filhos); Heitor (músico instrumentista, maestro e ferroviário, nascido em 20.09.1940. Morreu solteiro em 02.05.2002); Eloisa (nascida em 8.04.1942, solteira e aposentada) e Sebastião (nascido em 22.05.1944, também solteiro, autor desta coluna).

Vitimado por um câncer ósseo, João "Alemão" faleceu em Miguel Pereira em 6 de novembro de 1976, aos 72 anos de idade. A esposa Áurea seguiu-o em 10 de dezembro de 1984,quando contava 74 anos.

 

Na próxima edição: Frei Marciano José Kropf