Fazenda Monte Líbano - Antigas Fazendas de Miguel Pereira - V
Foi comprada pelo barão de Paty em 1844 a Duarte José do Rego Gouveia, ficando, pelo inventário, para o filho Manoel Peixoto de Lacerda Werneck.
05/08/2016
Historiador Sebastião Deister
Edição 97
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Foi comprada pelo barão de Paty em 1844 a Duarte
José do Rego Gouveia, ficando, pelo inventário, para o filho Manoel Peixoto de
Lacerda Werneck. Como informação adicional sobre essa propriedade, outrora tão
importante e rica, transcreveremos a seguir sua MEDIÇÃO JUDICIAL, mantendo na
reprodução tanto a ortografia quanto
a sintaxe da época.
"ATTESTO E FAÇO CERTO que fui convidado pelo DR.
MANOEL PEIXOTO DE LACERDA WERNECK, proprietário da Fazenda denominada do Monte
Líbano, sita na Freguesia de Sant´Anna das Palmeiras, Município de Iguassú,
para aviventar os rumos antigos de sua fazenda e medir para levantar a planta
da mesma juntamente com o calculo superficial.
Para esse fim fomos ao Marco angular das terras
compradas a BENTO ANTONIO MOREIRA DIAS, para o lado do Norte, na linha
divisoria das terras que foram compradas ao fallecido DUARTE, deste Marco segui
na divisão de 58º 30´ do Quadrante Sudoeste por meio de um cafesal da mesma fazenda,
accompanhando depois uma cerca de espinhos na divisa com o Commendador FELÍCIO
AUGUSTO DE LACERDA, encontrando depois uma matta virgem, passando sempre por
vestigios da medição antiga, chegando-se com 1.500 braças ou 3.300 metros, ao
fim da linha a qual estava assignalada com um Marco de pedra bruta.
Deste lugar se seguiu em direção de 31º 30´
Sudoeste, e se mediu a divisa com terras devolutas 586 braças, ou 1.289 metros,
aonde estava fincado outro Marco que faz canto das terras de JOSÉ DA ROCHA
CHAVES; deste Marco se chegue a uma linha parallela à da primeira 58º 30´
Noroeste, pela divisão do mencionado ROCHA, e se mediu até o canto 1.500
braças, ou 3.300 metros, aonde se tem um Marco de pedra bruta, de cuja pedra se
segue na direção de 31º 30´ Noroeste e se mediu até uma cerca de espinhos 66
braças, ou 145, 20 metros, accompanhando esta cerca de espinhos, pelas diversas
direcções, conforme mostra a planta junta, se seguindo no fim da mesma cerca, o
ribeirão denominado de Prata, até a proximidade do rio Santana, aonde se
encontra a linha divisoria dos terrenos pertencentes aos herdeiros do finado
VICENTE FERREIRA, cujo rumo corre na direcção de 74º Noroeste, e seguindo este
rumo e medindo 816 braças, isto é, 1.795,20 metros, se chegou no canto dos terrenos
que são hoje de JOSÉ JOAQUIM DA FONSECA, onde se achou cravado um Marco de
pedra bruta. Desse marco segue o rumo antigo da Sesmaria do Padre Werneck, hoje
dividindo com o Commendador FELÍCIO AUGUSTO DE LACERDA, e mediu na divisão de
69º Sudoeste, e até encontrar o rumo do princípio da nossa orientação 560
braças ou 1.232 metros.
Formando desta forma a configuração deste terreno
uma configuração toda irregular com uma área de 1.163.966 braças quadradas,
equivalentes a 563 hectares, mais 30 ares e 96 centiares (m2). E por me ser pedido,
passo o presente por mim feito e assignado.
MONTE
LÍBANO, 22 DE SETEMBRO DE 1877
GUILHERME
DE METZEINGEN
José Joaquim da Fonseca, a rogo de D. Margarida
Joaquina de Almeida Fonseca, Joaquim Teixeira Portella, José da Rocha Chaves,
Anna de Jesus Rocha, Manoel Vicente Pereira da Silva, Paulina Maria da Silva, Luiz
Quirino da Rocha Gomes, Thereza de Jesus Maria Gomes, João Nicoláo Pereira da
Silva, Indelvinda Lucinda da Rocha Silva e pelo Commendador Felício Augusto de
Lacerda, Affonso da Costa Braga, e a rogo de D. Maria da Piedade Ribeiro de
Lacerda, Affonso de Costa Braga.
IGUASSÚ, 23 DE NOVEMBRO DE 1877
Nada mais se continha e nem declarava do que dou
fé, apontado em seus autos de medição e aviventação dos rumos da Fazenda do
Monte Líbano, que correu pelo Cartório do Escrivão, JOAQUIM IGNÁCIO BUENO DE
FARIA, da VILA DE IGUASSÚ, em que são Supplicantes o Dr. MANOEL PEIXOTO DE
LACERDA WERNECK e sua mulher D. EVELINA TEIXEIRA DE MACEDO WERNECK, de cujo
apontado EU, TABELLIÃO, fiz pedido da parte extrahir a presente PUBBLICA FORMA
que conferi, achei-a em tudo conforme e subscrevo-a e assigno em pubblico e
razo, nesta cidade do Rio de Janeiro, Capital Federal da República dos Estados
Unidos do Brasil, em 16 de janeiro de 1897.
EU,
PEDRO EVANGELISTA DE CASTRO, TABELLIÃO
Subscrevo e assigno em Pubblico e razo.
Nada mais se continha em a Pubblica Forma que me
foi apresentada para ser reproduzida em copia legal e authentica, tendo da
mesma feito extrahir a presente Pubblica Forma que, depois de conferida e
arrestada por Tabellião companheiro, achada em forma, entreguei o original ao
portador e esta que subscrevo e assigno nesta cidade do Rio de Janeiro, Capital
Federal dos Estados Unidos do Brasil, em 30 de maio de 1920.
EU, ARTHUR CARDOSO DE OLIVEIRA, TABELLIÃO INTERINO,
QUE SUBSCREVO E ASSIGNO. (15º TABELLIÃO T. MOREIRA)"
Inventariada após a morte do Barão de Paty
(ocorrida 22 de novembro de 1861), Monte Líbano coube a seu quarto filho, o Dr.
Manoel Peixoto, que recebeu suas terras e mais os bens de raiz com 350 braças
de testada em quadra por 2.200 braças de fundos, com montante de Rs.
212:173$16. A fazenda, situada numa das
faldas mais ensolaradas e férteis das montanhas que circundam Vera Cruz, bem a
cavaleiro do rio Santana, foi grande produtora de café na metade do século XIX,
mas hoje restam poucos vestígios de sua existência. Nela, a propósito,
pernoitou em 1875 o Conde d´Eu quando de sua visita de cortesia às propriedades
do amigo Manoel Peixoto e à Fazenda de Arcozelo, do visconde do mesmo nome. Manoel
faleceu em 23 de março de 1898, um ano depois de determinar a medição correta
de sua fazenda, deixando viúva d. Evelina Teixeira de Macedo Werneck e órfãos
os filhos Olívia, Sérgio e Francisca.
Lá pela metade do século XX, um empresário de
Miguel Pereira tentou transformar a velha Monte Líbano num Hotel Fazenda, nela
alocando inclusive um pequeno cassino, mas tal empreendimento revelou-se um
fracasso.
Na
próxima edição: Fazenda São José