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Essa foi a 14ª edição do Festival Vale do Café, maior evento de música instrumental da região Sul Fluminense e pelo segundo ano consecutivo a sociedade civil Abrace Vassouras, formada por empresários das áreas de hotelaria, gastronomia e cultura da cidade realiza sua programação paralela. Com roteiro que incluiu música instrumental e popular e apresentações de artistas locais e convidados, a intenção foi oferecer gratuitamente atrações que preencham os intervalos da programação principal, acrescentando elementos regionais que representam a essência do Vale do Café.

As cidades do interior do estado, pelo isolamento a que foram condicionadas, são hoje centros de grande preservação cultural, onde ainda se vê antigas tradições que parecem ter sido esquecidas nas capitais e na maior parte do país. O interior do sul fluminense é rico em Folias de Reis, Calango e Caninha Verde, todas originais dos países ibéricos, sendo localmente adaptadas. Também encontramos o Jongo, a Capoeira, o Maculelê, de origem africana e a Tradição das Benzedeiras, figuras que costumam substituir visitas aos médicos e indicam ervas e banhos ao invés de remédios.

Com intuito de valorizar e fortalecer a memória dessas manifestações populares, o Abrace Vassouras definiu apresentações individuais para cada uma delas, que aconteceram ao longo de todo o evento, possibilitando um contato próximo com os espectadores, que puderam vê-las de perto e também experimentá-las. A vivência também envolveu o período imperial, quando a região ficou conhecida pela produção cafeeira: atores interpretaram personalidades da época e foram os mestres de cerimônia, abrindo as apresentações com diálogos que explicam e contextualizam suas próprias histórias. Serão interpretados personagens como Eufrásia Teixeira Leite e Joaquim Nabuco, Santos Dumont, Manuel Congo, entre outros.

Personagens de época também foram a tônica da apresentação do grupo Quinteto Imperial, que aconteceu na Câmara Municipal. Os atores-cantores vestidos à caráter, contam e cantam a história da região no século XIX. O mergulho ao passado é certo quando se faz visitas às fazendas históricas. Quem não conseguiu ingresso para o Festival pode aproveitar a apresentação do pianista Marcos Ariel na Fazenda Cachoeira Grande, e passar a tarde na Fazenda Santa Eufrásia, no mesmo horário, com partidas de croquet e piquenique no extenso gramado da fazenda, ambas com aquisição de ingresso.

Se os músicos sêniores exploram a música brasileira e seus diversos estilos e gêneros, a nova geração mostra seu talento através de uma formação mais clássica. Participam a Orquestra Maré do Amanhã, composta por jovens do complexo da Maré, no Rio, e a Orquestra de Violinos de Volta Redonda, formada por estudantes do ensino fundamental. Em comum, além da formação instrumental, as duas tem o fato de serem fruto de projeto social e pioneiras em suas comunidades. Outro grupo de pequenos e talentosos músicos presentes será Os Pequenos Mozart, orquestra composta por crianças violinistas, coordenados por Suray Soren, que tocam trajados como o famoso compositor que dá nome ao grupo.

Além de ouvir houve muito que ver em Vassouras durante essas duas semanas. As Folias de Reis teve exposição dedicada a elas, no Casario Shopping, para saciar a curiosidade de quem não conseguir ver os palhaços de perto. A coleção que pertence ao acervo cultural da UERJ (Universidade  do Estado do Rio de Janeiro), já viajou o mundo e conta com  27 máscaras e vestes produzidas por foliões de todo o sudeste.

Uma notícia para os amantes da boa mesa foi o lançamento do Pólo Patrimônio & Gastronomia, que reúne diversos restaurantes, bares e cafés da cidade que buscam o desenvolvimento da gastronomia local. Alinhados com o que há de mais atual no segmento da alimentação fora de casa, os empreendimentos procuram a valorização da cozinha típica do interior e suas influências, representando o verdadeiro sabor do Vale do Café. Os locais que fazem parte do Pólo podem ser identificados pelo galhardete exposto na porta e oferecem pratos produzidos especialmente para a programação paralela.