Fazenda em Paty do Alferes é exemplo de boas práticas no campo

Adoção de técnicas sustentáveis, incentivadas pelo Rio Rural, gera bons resultados na Microbacia Ubá 7 Coqueiros, Rio Pardo

 03/09/2016     Agricultura   
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“É preciso ter cuidado com a terra, porque ela é vida e só vai responder bem, aumentar e melhorar nossa produção, se for bem tratada”. Esse é o pensamento do produtor Eugênio Carius de Melo, patriarca de uma família de produtores rurais de Paty do Alferes, na Região Centro-Sul Fluminense, que é um exemplo quando o assunto é a utilização de boas práticas no campo.

“Sempre estive na lavoura com a preocupação de viver em harmonia com a natureza. Com a chegada do Rio Rural, eu e meus filhos decidimos apostar nas práticas sustentáveis, incentivadas pelos técnicos da Emater-Rio. Tudo está indo muito bem e não queremos parar por aqui”, comentou “seu” Eugênio, como é conhecido na região.

O respeito à natureza é praticado pela família na Fazenda Cantagalo, que fica na microbacia Ubá 7 Coqueiros/Rio Pardo. A diversificação de culturas contribui para o equilíbrio entre a atividade agropecuária e a preservação ambiental e, por isso, a fazenda conta com o plantio em estufas do tomate tipo grape, criação de búfalos (para corte e novilhos), criação de vacas para produção de leite, além de olericultura (cultivo de pimentão e repolho).

Para garantir o cuidado com a terra na propriedade, o Rio Rural já incentivou práticas como pastoreio rotacionado, que evita a degradação do solo; sistemas de irrigação para olericultura, que promovem o uso racional da água; instalação de esterqueira, que facilita a adubagem natural; além de apoio à regularização ambiental. Segundo explicou Delaine Alves Arneiro, extensionista da Emater-Rio e técnica executora do Rio Rural, o produtor e sua família estão focados na troca de todo sistema convencional por sistemas sustentáveis.

“A fazenda pode facilmente servir de exemplo para muitos outros produtores. O trabalho que está sendo feito aqui, de forma muito bem planejada pela família, que sempre busca auxílio dos técnicos da Emater-Rio, pode servir de inspiração para muitos outros produtores do estado”, frisou Delaine Arneiro, feliz com os resultados do Rio Rural na propriedade. Além de “seu” Eugênio, estão envolvidos na lida da Fazenda Cantagalo três dos seis filhos da família Melo (Luan, Juliano e Adriano) e mais dois arrendatários (Giovani da Silva e Adriano Rodrigues), todos empenhados na promoção da sustentabilidade no campo.

Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, os bons exemplos comprovam que o uso de técnicas ambientalmente adequadas é o caminho para o desenvolvimento rural sustentável. “A realidade tem mostrado que podemos aliar a preservação dos nossos recursos naturais com o desenvolvimento satisfatório das cadeias produtivas agrícolas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida e a renda dos agricultores”, destacou o secretário.

Sistema silvipastoril

Na transição das práticas convencionais para uma atividade agropecuária mais sustentável, destaca-se na propriedade da família Melo a adoção do sistema silvipastoril (SSP), que é a combinação intencional de árvores, pastagem e gado em uma mesma área, ao mesmo tempo. Nesse sistema, o manejo é feito de forma integrada, com a possibilidade de intensificar a produção por meio do uso racional e otimizado dos recursos naturais. Assim, é possível evitar a degradação do solo, além de recuperar e intensificar sua capacidade produtiva.

A implementação do SSP é simples: ao plantar árvores dispersas na pastagem, é possível reduzir a erosão, melhorar a conservação da água, reduzir a necessidade de fertilizantes minerais, capturar e fixar carbono no solo e diversificar a produção. Desse modo, o produtor pode aumentar não apenas a própria renda, mas também a biodiversidade, além de melhorar o espaço para um maior conforto dos animais.

Protegendo as fontes de água

Outra prática sustentável relevante na Fazenda Cantagalo é a proteção de nascentes. Na propriedade, quatro fontes de água já foram protegidas com incentivos do Rio Rural, e outras três com recursos próprios da família Melo. Mais de oito hectares de terra já têm intervenções de proteção de nascentes e recuperação de áreas de recarga, que promovem maior absorção de água no solo, contribuindo para a preservação dos lençóis freáticos. “A meta é proteger a natureza em mais de 20% da área da fazenda”, explicou Juliano de Melo, um dos três filhos de “seu” Eugênio que participam da lida.

A prática de preservação de nascentes também é simples. Depois de identificar onde as nascentes estão localizadas na propriedade, o produtor deve cercá-las e promover o replantio de árvores nativas ao seu redor. Assim, é facilitada a absorção da água pelo solo, que evita erosão e assoreamento da fonte.

Nos últimos anos, a proteção de nascentes foi amplamente impulsionada pela campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, lançada pelo Rio Rural em 2010. O objetivo foi estimular os agricultores familiares fluminenses a preservarem fontes de água até o início da Olimpíada. A iniciativa contabilizou a preservação de 5.152 nascentes em todo o estado, contribuindo para o abastecimento das cidades e para o desenvolvimento rural e urbano sustentável.