Prefeito Rachid, suas angustias, dificuldades e algumas sugestões para a próxima administração.

Quero o título do município de MELHOR produtor de tomate para o consumo, sem agrotóxico e com economia de 95% de água

 28/10/2016     Política Municipal   
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Como o senhor recebeu a prefeitura da gestora anterior (Batata-Lúcia de Fátima)?

Recebi uma prefeitura menor do que ela é hoje, com uma situação (arrecadação) financeira decrescente porque em 2007, no penúltimo ano do seu mandato, foi o auge dos royalties. A prefeitura chegou a arrecadar 16 milhões de reais/ano. Nos meados de 2008 esses royalties começam a cair, por conta do preço do barril do petróleo, da própria divisão, chegando no final do ano de 2009 com arrecadação de 6 milhões de reais, e hoje (2016) não deve fechar o ano em 4 milhões de reais. Esse foi o maior problema financeiro. Falo desse recurso (royalties) porque o gestor pode aplicá-lo em qualquer situação, exceto na folha de pagamento. Em 2009, a ex-prefeita deixou o Plano de Cargos e Salários bem avançado, e fui eu que implantei. Só nele foram mais de 300 mil reais/mês. Então você começa o governo com queda acentuada da arrecadação e um comprometimento alto com a folha de pagamento e despesas; é tudo o que um gestor não pode ter. Na administração pública você tem que equilibrar as contas. 

Na infraestrutura, o que o senhor destacaria em seu governo?

Um dos primeiros desafios era dar infraestrutura para os agricultores e isso passava obrigatoriamente por duas obras importantíssimas e que eram vitais para os produtores da nossa região. Um era a RJ 117, que liga Paty até BR 040 (Petrópolis) e a outra era a recuperação da RJ 125 Japeri até Avelar, Andrade Pinto. Felizmente contávamos com o governador Sérgio Cabral, e senti que era o momento. Muitos políticos já haviam lhe pedido obras, e aí fomos também ao governador Cabral, e em abril começava os mais de 20 kms até ao Vale das Videiras. Para crescer precisávamos de acesso, e isso era um passo importante, porque se levava o asfalto aos bairros como Coqueiros e Maravilha, que são bairros importantes, em uma região forte tanto na produção agrícola, como no veranismo do Vale das Videiras para cá, e também onde fica o Laticínio Manoel Borges. Por causa do asfaltamento, já surgiu outro laticínio que é o Laticínio Rei do Queijo. Outras áreas foram transformadas em condomínios de luxo, transformando o ITR – Importo Territorial Rural em IPTU em novas residências. A outra obra, a RJ125, infelizmente só foi possível fazer a metade e estamos sofrendo por isso. O governador Pezão chegou até a fazer todo o estudo topográfico, medições e o custo para fazer a segunda parte até Andrade Pinto, que era o grande sonho nosso, mas por causa da crise, não foi feito. 

O senhor é agricultor e foi eleito com o apoio pesado dos agricultores. O que mudou no setor agrícola com sua chegada?

Os gestores anteriores só se lembravam do agricultor na época da Festa do Tomate, tendo sido inclusive essa a grande bandeira da emancipação. Paty era conhecida como o maior produtor de Tomate do Brasil. Paty tinha essa fama, mas não se fez nada, não se pensou em um modelo de atividade agrícola para a região. Eu fui eleito com esse clamor dos agricultores. Paty é uma cidade muito nova, mas precisava definir sua vocação. Ela é o quê? Turística? Veranista? Industrial? Paty precisava disso, eu via essa necessidade de colocar a cidade nos trilhos para que isso gerasse desenvolvimento, emprego, que é tudo o que um gestor precisa primar. Hoje Paty sai do título de maior produtor de tomates, que era um título que para mim não interessava e nem era interessante. Nós não queremos ser “maior”, mas a gente quer disputar o título de “melhor produto para ser consumido”. É aonde a gente quer chegar com a certificação, e se orgulhar disso. 

O que é esse “melhor”?

A gente sai de uma cultura totalmente devastadora, que ocasionava danos irreparáveis da maneira com que estava sendo conduzida. Primeiro, a possibilidade de erosão; a nossa topografia é muito acidentada, com morros extremamente íngremes. Eu já vi lavouras em morros, que muitas vezes o pessoal tinha que ser amarrado para poder trabalhar. Um absurdo, mas mesmo assim, se instalou na época do café. Então, quando você ara aquele morro de cima para baixo, gera erosão, e como você agrega o ecoturismo com isso? Não é possível! Como você leva um turista para visitar uma lavoura de tomates? Paty era o maior produtor de tomates, mas também era o maior consumidor de agrotóxicos. Várias e várias vezes saímos no Globo Repórter, Globo Rural e revistas batendo na gente. O tomate é uma atividade, uma cultura de ciclo rápido, é muito suscetível às pragas e doenças, e você não tem recursos naturais para combatê-las. É diferente do café, da laranja, que são culturas de ciclos mais longos, e por isso, você consegue metodologia para combater e controlar essas pragas de forma natural, mas o tomate, com 4, 5 meses, é muito difícil e a praga é fatal. não há saída,se não se aplicar agrotóxico. 

E qual foi a saída que vocês produtores e Prefeitura encontraram?

A saída foi a Prefeitura, através da Secretaria de Agricultura, abraçar o Projeto do Cultivo Protegido, que foi iniciado por um empresário (Bira). São as estufas que eu conheci e que tinha o sonho de trazer para cá. É um projeto que está implantado na Europa, Israel e México, que vende muito produto para os EUA e na América do Sul, no Chile, onde eu tive oportunidade de conhecer. Você chega hoje na Espanha, dependendo da região, e vê um mar de estufas produzindo alimentos para um mercado totalmente exigente. E por isso, investimos tudo o que pudemos nesse Projeto. 

Como é o Projeto do Cultivo Protegido do Tomate?

Esse foi um grande momento do governo. Com esse Projeto, a gente renasce a cultura do tomate, que estava em declínio, em decadência. O caminho de Paty ia ser a cidade da Festa do Tomate sem tomate, ia ficar só o nome da festa. Eu sou produtor e sei o que ia acontecer. A terra não suportava mais, o produtor sempre aprendeu que terra fértil era terra virgem, e por isso o desmatamento. Para se poder ter terra virgem para o cultivo, ele não aprendeu outro jeito, senão desmatar. Ninguém ofereceu uma outra alternativa para ele. Nem o poder público, nem ninguém. Então esse Projeto permite que o produtor use a mesma terra que já está desmatada, desgastada e que não saia mais dela. 

E o problema do consumo de água e agrotóxicos no Cultivo Protegido?

Quando você faz o cultivo em estufas, você cultiva nos vasos e não no solo, que já está todo contaminado por fungos e bactérias, e também não precisa mais desmatar. Considero esse projeto completo, porque ele gera empregos e reduz em 95% a quantidade de água para o mesmo cultivo. Quanto consumia uma lavoura de tomate com uma bomba de 8 polegadas?!... O problema da água é hoje um dos problemas mais graves da nossa cidade; Esse Projeto diminui drasticamente o consumo de agrotóxicos, chegando a quase zero, e eu falo a zero porque inseticida nós não usamos mais. Fica tudo fechado, e assim não há pragas. O que pode se usar é uma adubação foliar, um cálcio, um microelemento e às vezes dependendo da temperatura, um fungicida, mas há casos em que se zera completamente. Por isso, ele é totalmente sustentável sob o ponto de vista ecológico. E quando você exclui o agrotóxico, você passa a concorrer em um mercado mais exigente, você agrega valor ao seu produto, você já sai do tomatinho que está jogado lá na gôndola por R$ 0,50 para um produto com outro patamar, remunerando melhor o produtor que está neste projeto, fazendo com que ele comece a sentir a diferença.

Qual o tamanho desse projeto?

Hoje nós temos mais de 50.000 m² de área coberta em Paty. Você conversa hoje com o produtor que era fechado para essa tecnologia, e pergunta se quer voltar a plantar no campo novamente, e ele vai te responder... nunca mais! Ele hoje trabalha com a família com dignidade, está protegido e não está mais usando veneno. Aliás, crucificaram muito o produtor dizendo que ele gostava de usar veneno. A verdade é que ninguém gosta de usar veneno e ninguém acha isso bonito, mas era necessário.  Como ele vai tocar uma atividade sabendo que pode perder tudo da noite para o dia?! Hoje ele tem um modelo que não precisa mais se envenenar. Com esse Programa conseguimos estancar o desmatamento em Paty do Alferes 

E a produtividade?

A produtividade aumenta. A cada 1.000m² de estufa você produz 4.000 kg de alimentos, o que atinge cerca de 400 mil de kg de alimentos por ano (duas safras anuais), porque quando você cultiva essa planta em um ambiente propício, fechado, totalmente favorável, ela não gasta energia para se proteger de fungos, bactérias e de doenças, e com isso ela passa a produzir seu potencial total. Com isso, você mantém a agricultura viva em Paty, e traz, por conseqüência, alternativas para os produtores 

Quais os produtos que já estão sendo cultivados em estufa?

Qualquer tipo de tomate. Hoje nos temos vários segmentos como tomate caqui, tomate santa cruz, tomate italiano, tomate graepe, que foi o pioneiro e é do tamanho de uma uva, e agora estamos partindo para o pimentão colorido, sempre com valor agregado alto. E é isso que está acontecendo em Paty hoje. São vários produtores entrando no Programa, e esse é o grande projeto... queremos ser conhecidos como o município que produz o melhor alimento para as mesas, mais seguro, sem resíduos químicos. Esse é o caminho para se chegar ao produto orgânico. 

Qual o custo de uma estufa para o produtor?

Cada módulo tem cerca 1.000 m², e custa em torno de 80 a 100 mil reais com todos os equipamentos. Com a primeira safra, você praticamente paga essa despesa e já começa a ter lucro, mas para isso também houve a aproximação da Prefeitura com o Banco do Brasil, que foi importantíssima, porque ele financia com prazo de 10 anos, com carência e juros subsidiados. Isso não seria possível sem a prefeitura, que faz toda a terraplanagem sem custo para o produtor. Nós investimos muito nisso, em máquinas e equipamentos. Nós levantamos a Secretaria de Agricultura com esse projeto. 

Quais a vantagens do Projeto de Cultivo do Tomate Protegido?

Ele melhora a saúde porque você elimina o uso de agrotóxico; No meio ambiente, foi o tiro mais certo que nós demos. Evita o desmatamento e a erosão, e na questão água, nem se fala; eu mesmo cheguei a usar bomba de 8 polegadas que a gente ligava às 4 hs da manhã e tinha que desligar às 9 hs porque o nível do rio tinha descido. E foi esse modelo que eu peguei. Hoje, o equipamento que eu uso é uma bombinha de 2cv, toda automatizada, que joga água em um tanque de 10 mil litros com nutrientes que bombeia para os vasos que têm sensores de umidade, ou seja a tecnologia chegou de vez à agricultura. E com a melhora da renda do produtor, ele melhora também a sua segunda atividade, que costuma ser a pecuária. Hoje ele tem vacas de melhor qualidade, melhor genética e maior produção de leite, chegando ao ponto de viabilizar um segundo laticínio, o Rei do Queijo, que está indo muito bem. 

Novos investimentos

Hoje já há empresário vindo para Paty com essa disposição. Recentemente houve um empresário que comprou uma fazenda em Campo Verde e copiou tudo de nós.  Já tem 12 empregados com carteira assinada. Em Campo Verde a agricultura tradicional já havia praticamente acabado, e hoje ela renasce com esse modelo. 

Quais são os próximos desafios do Projeto do Cultivo Protegido?

O próximo passo é a obtenção do Selo do produto e a união de um grupo de produtores em uma cooperativa, que terá a função de fechar contratos diretos com os supermercados, excluindo o intermediário e melhorando ainda mais os preços para os produtores e também para os supermercados, que já estão nos procurando para fechar negócio, assim como buscar um canal de exportação e trazer divisas para o país e para a cidade.  

E a fábrica de extrato de massa de tomate?

Sempre foi pensado por pessoas que não eram do ramo. Nós não queremos nossa produção para a indústria. Tomate para indústria é produzido no interior de São Paulo, Goiás, Brasília, que são regiões planas. Eles mecanizam a colheita e desempregam muita gente, quando compram uma máquina da Califórnia que faz tudo. Quem falou há algum tempo  em indústria de massa de tomate é porque não é era do ramo. Não é isso que a gente quer; muito pelo contrário, o que queremos é um preço agregado alto. 

Soube que Paty saiu na frente e está implantando o projeto “Produtores de Água” que remunera o produtor rural por manter sua mata, dando a ela valor em pé e não cortada. Como funcionará o Projeto em Paty?

Assinamos essa semana convênio com a Agevap (Agência da Bacia do Rio Paraíba do Sul) que entra com os recursos, e sorteamos três produtores que já estão recebendo recursos para manterem suas matas em pé. Serão três produtores de Coqueiros. O primeiro passo foi convencer esse produtor para parar de desmatar a propriedade para viver, e para convencê-lo, eu tinha que apresentar uma alternativa de renda e essa alternativa foi o plantio de tomate no sistema do Cultivo Protegido (em estufa) e pensar em outro mercado, inclusive em exportar. 

E a usina de lixo?

Hoje não temos mais. Acabamos com aquele processo penoso de separação de lixo, que gerava muito chorume, Quando recebi a Prefeitura, tínhamos caminhões basculantes abertos para coletar o lixo doméstico. Comprei dois caminhões basculantes para o lixo e outros dois caminhões para a coleta seletiva. Na segunda gestão incentivamos mais ainda a coleta seletiva e partimos para fazer a Estação de transbordo, que recebe o lixo coletado pelos caminhões basculantes da coleta domiciliar e enche a carreta que leva o lixo embora para os aterros sanitários licenciados de Nova Iguaçu ou de Seropédica. Quanto mais eu incentivar a coleta seletiva, menos despesa eu terei para levar o lixo embora. Isso foi um grande marco do governo, que eu entrego com o problema resolvido. 

E a questão da água, como o seu governo tratou dessa questão?

Em primeiro lugar, o maior consumidor de água é a agricultura. É preciso plantar alimentos, mas também é preciso ter água para beber. E nesse ponto já demos um caminho sustentável e possível. Aquele modelo antigo de agricultura não se sustenta mais. 

E a falta de água na cidade?

Em curtíssimo prazo, eu não vejo uma solução que não seja com a melhoria e ampliação da Estação de Tratamento de Miguel Pereira. É preciso juntar as forças das duas prefeituras, deixar a vaidade de lado e cobrar da Cedae essa ampliação, que é simples e barata. Eu já tive várias reuniões com Vagner Victer, então presidente da Cedae e com o atual presidente defendendo essa solução. Eu não quero inventar nada na água, como eu não quis inventar no problema da Fundação. Beber água é saúde, é vital para as pessoas, e por isso, não se pode inventar e nem ter aventuras. É a solução mais rápida e que já está funcionando, licenciada, etc. Mais tarde pode-se pensar em outra solução, como a água do Rio Paraíba do Sul, de Avelar a Andrade Pinto onde está o Rio Paraíba do Sul, que não é muito longe. O Rio Fagundes também é uma opção. 

Praça dos Três Poderes

Eu falo que deixo lucro. Adquirimos dois terrenos muito valiosos no centro da cidade, no valor de 1,5 milhão de reais. Um fica ao lado do Fórum ,onde eu quis fazer a Praça dos Três Poderes, Judiciário, Legislativo e o Executivo que eu quis construir, mas não deu. Mas deixo mais fácil para a próxima gestão construir. 

Funcionalismo público

Dei todos os aumentos possíveis que podiam ser dados sem comprometer o pagamento de todos. Esse ano é que foi mais difícil, por conta da queda da arrecadação. Mas conversei e expliquei que não dava para se ter uma atitude irresponsável esse ano. Hoje, o ICMS vem apenas três vezes por semana e todo picotado. 

Concurso Público

Sem falsa modéstia, o melhor concurso público da região, fiz com o IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal, que chegou a ter mais de 11 mil inscritos. Eu saio da Prefeitura com tudo pronto em relação a contratos. Nós não temos mais aqueles contratos precários; todos viraram concursados, e extingui dezenas de cargos como manda a Lei, e já estamos chamando professores, médicos, etc. 

A Previdência dos Servidores Públicos

Recebi a Previdência com cerca de 20 milhões de reais e hoje eu entrego com 80 milhões.  Hoje, a nossa previdência se destaca, em relação aos outros municípios do mesmo porte que o nosso. 

Na Educação, o que o senhor destacaria no seu governo?

Não tínhamos nenhuma escola em tempo integral e hoje já temos duas na área rural (Rio Pardo e Capivara) que são um modelo e que a gente se orgulha muito. No IDEB, nós crescemos em todos os rankings e somos o terceiro no estado e o primeiro entre os municípios acima de 10 mil habitantes. Reformamos e ampliamos muitas escolas se adequando à nova realidade. Também buscamos atender os estudantes do ensino universitário com o convênio com a FAA - Fundação Educacional Dr. André Arcoverde, de Valença, onde eles dão 50% de bolsa para os moradores de Paty e nós damos o transporte, hoje são mais de 200 alunos. 

Faetec em Avelar

Esse foi outro terreno que comprei da RFFSA no centro de Avelar, com cerca de 7.500 m² por 300 mil reais para instalar a Faetec. Já estava tudo certo, o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado já havia dado o de “acordo” e publicado no Diário Oficial do Estado, porém, com a atual situação financeira do estado, tudo parou. Hoje esse terreno vale 1,5 milhão de reais. 

Transporte escolar

Compramos quase 20 ônibus novos nesses oito anos.

Tomógrafo em Paty

Pois é. Essa foi mais uma parceria com a FAA de Valença, que comprou um tomógrafo maior, e que doou para Paty. Já está funcionando na unidade de saúde do Centro (onde era a maternidade). 

Clínica da Família

E já que estamos falando em saúde, hoje temos médicos em todos os Postos de Saúde, e é um grande desafio colocar médico em todos os postos de saúde. Nós fomos o único município que conseguiu a Clínica da Família para a região. Hoje ela atende lá em Arcozelo mais de 3 mil pessoas por mês, e em várias modalidades como cardiologista, ortopedista, clínico geral, saúde da mulher, saúde do homem, etc. 

Hospital Fundação?

Eu nunca quis inventar a saúde. Cheguei com responsabilidade e isso é muito sensível para se mexer. Quando você fica doente, você vai é para a fundação, então com isso, eu não posso brincar. Eu não consigo ver um hospital bom em Paty e outro bom em Miguel Pereira, ainda mais nessa crise. Por que é que tem que haver uma maternidade lá e outra aqui? Meia boca lá e meia boca aqui? Pra quê? Isso é demagogia!  Políticos passados diziam: patiense tem que nascer em Paty! Eu já acho que patiense tem que nascer bem. Minhas duas filhas nasceram na Fundação. Quando eu assumi, a Prefeitura repassava 80 mil reais/mês e hoje repassamos 310 mil reais/mês para o Pronto Socorro da Fundação. 

O SAMU? 

Foi outra parceria que deu certo e os motoristas das ambulâncias são todos de Paty. 

Ambulância UTI?

Hoje temos ambulância UTI, que não é a ambulância comum. Comprar uma ambulância UTI é mole, mas ter as equipes de profissionais que tem que ter é que é caro. 

O que fez para melhorar a arrecadação?

A implantação da Nota Eletrônica foi importante e com a anistia que demos, pudemos melhorar muito a arrecadação própria. Só na Dívida Ativa tínhamos mais de 8.000 processos, ela estava abandonada. Reduzimos muito esse número e transformamos em receita para novos investimentos, e convertemos esses devedores em contribuintes em dia com seu IPTU. Também foi o primeiro governo que colocou lotes em leilão para melhorar nossa arrecadação. Com o novo sistema, temos conseguido aumentar a arrecadação municipal. Ao contrário das receitas estaduais e federais, nós fizemos nosso dever de casa. 

E a geração de emprego e renda?

Para mim, a atividade mãe é a agricultura, mas também incentivamos outras atividades, como o Laticínio Rei do Queijo, do empresário André, e que é um segundo laticínio de sucesso. No ramo têxtil, trouxemos a Rigotex, do seu Rafic, que já tinha tentado se instalar em outras épocas, e foi na nossa gestão que nós estendemos o tapete pra ele, com o incentivo e adequação de leis.  Hoje ele está lá, gerando mais de 100 empregos, confeccionando as peças, porque até então só confeccionava o tecido. Outra atividade que cresceu muito nesse governo foi o abatedouro da Fazenda das Antas, com quem temos uma parceria grande, não como amigo, mas como empresário, como poder público e empresa. 

Incentivo à novas construções e geração de emprego, renda e impostos

Com a abertura da nova estrada para o Vale das Videiras, vem a questão do veranismo com outro público vindo para cá. Incentivamos e ajudamos a abertura de novos empreendimentos, como o Tasso Moraes, que fez um loteamento visando esse público e, com isso, gerando novos IPTUs, novas construções, novos postos de trabalho, geração de receita, renda e qualidade de vida. A propriedade do seu Tasso pagava ITR, hoje são mais 300 IPTUs para Paty, e isso traz dinheiro novo para o município. A construção civil é um grande gerador de emprego e renda. Agilizamos as aprovações na Secretaria de Obras e melhoramos a legislação. A rede hoteleira também aumentou e hoje temos mais de 700 leitos de hotéis. Além da regularização e a formalização de microempreendedores, que contou com a parceria do Sebrae.

Mudança de gabarito, a legislação e agilização dos processos na Secretaria de Obras

Hoje temos dois serviços de terraplanagem no centro da cidade, onde irão ser construidos mais dois prédios, que na verdade, um dos quais será o quarto prédio subindo nesse último ano, gerando mais emprego, mais venda de material de construção, mais IPTU, fazendo a economia girar. O primeiro, que já está pronto, é ao lado da Academia da Canedo, o segundo  é o que está ao lado da Caixa Econômica, e mais esses dois, que estão terminando a terraplanagem. Eu vejo o centro da cidade progredindo e para isso melhoramos a legislação adequando-a ao novo momento da cidade.

E como você vê a economia da cidade?

Apesar da crise, eu vejo a economia da cidade indo bem. Exemplo disso é o município ter hoje oito postos de gasolina. Esse é um grande indicador, é um parâmetro, aliás, postos e bancos só existem onde há dinheiro circulando. 

Festa do Tomate com artistas de primeira grandeza e sem custo para a Prefeitura. Como foi isso?

Essa foi outra economia que trouxemos para o caixa da prefeitura. Foi com o modelo que adotamos para a Festa do Tomate de 2016, quando trouxemos um astro de primeira grandeza, um sucesso danado sem gastar um centavo, como foi o caso do Wesley Safadão, que chegou a cobrar cachê de 600 mil reais. Trocamos o show dele pela bilheteria. Nenhum artista viria pela bilheteria se não confiasse no evento. 

Como o senhor vai entregar o governo municipal

Vou deixar um governo sem dívidas e estamos trabalhando para isso. Disponibilizei uma equipe muito boa na execução fiscal, que está trabalhando muito, e dei outra anistia. O que vai depender são os recursos estaduais e federais que a gente não sabe se vai receber e quanto vai receber. Hoje, eu deixo a cidade com uma agricultura definida, com um modelo saudável e ecologicamente correto, agregando valor e um modelo sustentável e duradouro. Torço muito para que o novo governo dê certo, e já me coloquei à disposição do Juninho para o que ele precisar. Já iniciei a transição, aliás, no dia seguinte já liguei para ele, colocando tudo à disposição. Não precisa terminar as formalidades. Estarei lá, com minha esposa, para passar o governo, democraticamente. 

Tribunal de Contas

Tive todas as contas aprovadas, e agora só estou esperando pelas contas de 2015. 

E o futuro?

Pois é. Isso todo mundo pergunta. O que eu sei é que no dia 1º de janeiro, estarei lá me dedicando ao meu negócio, que quero ampliar.

E a questão política? Daqui a 2 anos teremos eleições para deputado...

É, isso eu já defini. Quero apoiar algum candidato a deputado estadual e federal que sejam daqui. Isso não quer dizer que eu serei candidato. Nós só vamos conseguir fazer crescer a nossa região Miguel Pereira, Paty, Vassouras, Paulo de Frontin quando tivermos um representante daqui. Nós não temos força política. Eu gostaria muito de trabalhar isso, essa união. Tudo que eu vou trabalhar nos próximos anos é trabalhar essa alternativa. Gostaria muito de votar em um deputado estadual e federal daqui; é importante porque precisamos unir a nossa região. Não dá para se fazer política pensando que Miguel Pereira é um lugar e Paty, outro.