Quer um cão? Adote. Amigo não se compra.

Humanimal - Associação Centro de Convivência Humano Animal

 01/04/2017     Planeta Colabora   
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Gente que cuida de bicho e bicho que cuida de gente. Um dos lemas da Associação Centro de Convivência Humano Animal (Humanimal) mostra que não há como separar o cuidado com as pessoas do tratamento digno com os animais que vivem ao nosso lado. Essa ONG, com sede em São Bernardo do Campo (SP), região do ABC Paulista, foi criada, em 2008, por um trio de mulheres apaixonadas por bichos: as psicanalistas Sueli dos Santos Miyamoto, Simone Stahlsschmidt e a aposentada Maria Sabatini.

“Temos uma proposta diferente. Gostamos dos animais e das pessoas. Sonhamos com uma sociedade harmônica e para isso, é preciso mudar o pensamento das pessoas. Uma pessoa feliz não chuta cachorro, não maltrata crianças, não abandona idosos”, opina Sueli Miyamoto.

A ideia de criar uma ONG nasceu no dia em que Simone encontrou uma cadela pit bull atropelada e chamou Sueli para ajudar a levar o animal para o veterinário. “Não tínhamos onde deixá-la durante o pós-operatório, então a levamos para o nosso consultório. Ali começou a nossa conscientização de que havia outras formas de vida que precisavam de cuidado. A cadelinha continua conosco, é nossa mascote”, conta Sueli. A associação tem caráter de utilidade pública municipal e participa do Conselho Gestor de Saúde da cidade, propondo políticas públicas relacionadas à defesa dos animais. “Participamos de todos os tipos de ações que possam ser ligadas à causa, como passeatas, manifestações, grupos de debates, palestras, “cãominhadas” (passeios com cachorros de caráter terapêutico, com crianças especiais)”, lembra.

“Gostamos dos animais e das pessoas. Sonhamos com uma sociedade harmônica e, para isso, é preciso mudar o pensamento das pessoas. Uma pessoa feliz não chuta cachorro, não maltrata crianças, não abandona idosos”

Sueli Miyamoto - presidente da ONG Humanimal

Antes de fundarem a Humanimal, elas acompanhavam histórias de pessoas que, individualmente, cuidavam de vários bichos abandonados em suas casas. Algumas tinham mais de 50 animais. Quando estes cuidadores morriam, era um grande problema arranjar abrigos para os cachorros e os gatos. A ideia de criar a ONG foi justamente para realizar um projeto com futuro, uma ação coletiva.

Casa de Passagem

O local onde ficam os animais se chama Casa de Passagem. Lá vivem, atualmente, 54 cachorros. A Humanimal já chegou a abrigar mais de 100 bichos. “Ter este tipo de abrigo grande é como enxugar gelo. O nosso objetivo é acabar com o abrigo e trabalhar com lares temporários. Ou seja, ajudar as pessoas a cuidarem dos cachorros e gatos em suas casas, em células menores. Assim, podemos ampliar o trabalho e ajudar mais animais em perigo”, diz Sueli. A ONG já faz isso com vários cachorros e gatos, sendo que os felinos não ficam no abrigo principal, mas somente em casas de protetores independentes. “Nossos voluntários vão nas casas ajudar a cuidar dos bichos. Damos ajuda financeira para as famílias que não têm condições de alimentar e comprar remédios para os animais”, diz a presidente da Humanimal.

Sueli conta que os cuidadores não precisam apenas desse auxílio prático, financeiro, mas, muitas vezes, de ajuda emocional e psicológica. “Tem gente que tem muitos animais em casa e acaba não doando, porque acredita que só ela sabe cuidar. Esse comportamento pode mudar com tratamento psicológico, e nosso objetivo é também oferecer este tipo de ajuda aos que protegem os animais”, explicou a psicanalista.

Após as adoções, a Humanimal continua dando apoio aos donos. O contato é permanente. “Não queremos nos livrar dos bichos, mas doá-los para que eles vivam bem e não sejam jogados na rua. Por isso, fazemos este acompanhamento”, explica. Sueli lamenta que a proporção entre adoção e abandono seja tão desfavorável. Para cada animal adotado, cinco são abandonados. A ONG é sustentada, principalmente, pela realização de bingos beneficentes. São quatro por ano. Cada um deles arrecada, em média, R$ 20 mil.

A ideia de conscientizar as pessoas sobre a importância de tratar bem os animais sempre esteve presente, desde a criação da associação. Um ano depois de formada, a ONG registrou na prefeitura o projeto Parque da Humanimal. “Há famílias que, por várias razões, não podem ter um bicho. Então, tivemos a ideia de propor um local onde as crianças pudessem interagir com os bichos já treinados. Seria um parque educacional e sustentável, com restaurante vegano. Animais são ótimas ferramentas para desenvolver afeto em crianças e adultos”, explica a psicanalista. A ideia ainda não saiu do papel, mas Sueli continua alimentando esse sonho.