Médica cubana se despede de Miguel Pereira

E recebe homenagem da Câmara dos Vereadores

 11/08/2017     Saúde Pública   
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Com milhares de atendimentos realizados e uma legião de fãs, a médica cubana Maria Tereza V. León se despede de Miguel Pereira e do Posto de Saúde da Praça da Ponte, onde substituiu um médico de Petrópolis que deixou o posto sem atendimento. Maria Tereza ficou na Praça da Ponte por mais de três anos (desde que chegou).

Formada pela Faculdad de Ciencias Medicas de Las Tunas (Villa Clara), em Cuba, Tereza, como ela gostava de ser chamada, era defensora da medicina preventiva, como é em Cuba, com atendimento regular da família, e foi essa medicina que o governo federal, dos presidentes Lula e Dilma, adotaram no Programa da Saúde da Família em todos os municípios do país. Maria Tereza veio no primeiro grupo de cubanos, onde o Brasil, no primeiro momento, chegou a ter cerca de 112.000 médicos cubanos.

No PSF da Praça da Ponte, a rotina era: pela manhã, das 8 às 12hs, a médica cubana atendia a “demanda espontânea”; das 13hs às 16hs atendia as consultas agendadas e urgências, como pacientes com febre, esses, normalmente eram encaixados. Às terças-feiras, era dia de atender as grávidas, pré-natal e crianças. As consultas eram agendadas por telefone. Às quartas-feiras eram reservadas para as visitas domiciliares com os agentes de saúde e a cada 15 dias havia uma reunião da equipe para avaliações.

Lorena, de 17 anos, foi paciente da cubana e conta que sua consulta era demorada, minuciosa, e saía do consultório com uma batelada de exames para fazer. “Ela era muito atenciosa com a gente, perguntava tudo, tudo mesmo, e explicava o que tinha que fazer,” disse a jovem que fez seu primeiro pré-natal com a médica. Maria Tereza apenas segue o protocolo da Organização Mundial da Saúde, onde estabelece, por exemplo que em cada gravidez deve ser pedido dois exames de glicose e três exames de sangue. Com apenas esses procedimentos, vários problemas podem ser evitados como o nascimento prematuro do bebê.

Dona Pasqualina era outra de suas pacientes regulares e vinha sempre ao seu consultório. Ela atendia a gente com muita educação, atendia de igual para igual, não faltava, ia até tarde, pegava na gente, nos dava atenção, ela vai fazer muita falta aqui no nosso bairro, vou sentir saudades" disse a paciente do Clube Velho.

Maria Tereza está em Miguel Pereira há pouco mais de três anos. Seu contrato de trabalho foi assinado em 13/03/2014 e expirou em 2017, e, com o fim do Programa de Cooperação Humanitária entre o Brasil e Cuba, Maria Tereza volta para Cuba nesse sábado dia 12/8, e vai rever o filho de 16 anos e que se prepara para escolher a carreira que seguirá e Maria Tereza quer estar nesse momento importante, há 18 meses que ela não volta a Cuba, ela estava com saudades da sua terra.

A médica cubana chegou ao Brasil junto com outros 300 médicos e médicas vindos do exterior, como Cuba, Espanha e Portugal, para fazer parte do Programa Mais Médicos, que é parte do pacto de melhoria do atendimento, e que, por força de lei, não podem clinicar no país após o contrato vencer, só o podendo fazer enquanto o contrato do Programa Humanitário estiver em vigor.

Hoje, o governo federal tem condições de substituir por brasileiros, os contratos que estão sendo encerrados com os médicos estrangeiros, coisa que não ocorreu quando o Programa foi criado, porque os médicos brasileiros, na época, não tiveram interesse em participar do programa e ir para o interior do Brasil. Essa possibilidade ocorreu, uma vez que nos últimos anos novas faculdades de medicina foram autorizadas a funcionar e as existentes foram autorizadas a ampliadas o número de vagas.

O último edital lançado pelo governo federal ofertou 1.674 vagas, sendo que 78% (1.302) delas foram ocupadas por médicos brasileiros formados, com registro no país. Anteriormente, entre essas vagas, mil eram ocupadas por profissionais da cooperação humanitária com a OPAS.

Antes de partir, a médica cubana foi agraciada pela Câmara de Vereadores de Miguel Pereira com uma Moção de Aplausos, aprovada pela unanimidade dos vereadores.

Para Geraldino Fraga, vice-presidente do PT de Miguel Pereira "esse é um programa de saúde pública criado pelo presidente Lula e mantido e ampliado pela presidente Dilma. O Programa Mais Médicos é para as pessoas que mais precisam, as mais simples. Miguel Pereira vai perder sua médica, e é por essas e por outras, que Lula dispara nas pesquisas para presidente, mas não tem problema, pois em 2018 Lula colocará a casa em ordem, como ele a deixou. Segundo as pesquisas, Lula vence em qualquer cenário, com qualquer concorrente" garantiu Fraga.