"É preciso levar a luta dos comerciários ainda mais longe"

Entrevistamos Márcio Ayer para saber porque se licenciou do poderoso Sindicato dos Comerciários para se tornar pré-candidato a deputado estadual

 15/06/2018     Luta sindical      Edição 194
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No início de junho, o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes, Márcio Ayer, se licenciou do cargo com a intenção de representar a categoria comerciária na Assembleia Legislativa do Rio (ALERJ). Filho de comerciários (ela ex-funcionária da extinta Mesbla e ele autônomo, com passagem pelo Ceasa), Márcio começou a trabalhar no comércio aos 18 anos, informalmente, em uma empresa de gás em São Gonçalo, cidade em que nasceu. Trabalhou também no varejo de material hospitalar e depois em loja de material de construção, como auxiliar administrativo, até que em 2015 foi eleito presidente do Sindicato com 80% dos votos dos comerciários, colocando fim ao reinado da família Mata Roma na entidade.

 

Entrevistamos Márcio Ayer para saber porque decidiu se tornar pré-candidato a deputado estadual.

 

Por que ser pré-candidato a deputado estadual?

Márcio Ayer - Hoje os comerciários não estão representados na ALERJ. A luta no Sindicato continua sendo fundamental para a categoria, mas muitas decisões que nos dizem respeito são tomadas na Assembleia, hoje dominada por maus políticos, quase todos a serviço dos mais ricos. O resultado é o desemprego e essa calamidade nos hospitais, escolas e na segurança em nosso estado. Precisamos de mais filhos do povo na ALERJ pra virar esse jogo.

 

Qual a principal reivindicação dos comerciários?

MA - Temos que mudar as prioridades para enfrentar a crise e também valorizar o comerciário. É na ALERJ que poderemos reconquistar o descanso aos domingos para os trabalhadores de supermercados e lojas de rua de todo o Estado do Rio de Janeiro. Chega de sermos privados da convivência com a família, das nossas práticas religiosas e o futebol com amigos. E ainda querem que trabalhemos aos domingos sem nos dar nada em troca.

 

Foi uma decisão coletiva?

MA - Sim, foi uma decisão tomada a partir das cobranças de vários trabalhadores do comércio. O pessoal percebeu que é preciso levar mais longe a luta dos comerciários, para garantir melhores condições de trabalho, maior valorização da profissão e um futuro melhor para nossas famílias. 

 

Será a sua primeira candidatura?

MA - A primeira candidatura ao Legislativo sim, mas já faço política há algum tempo. Comecei no movimento estudantil, aos 15 anos, quando estudava na Faetec Henrique Lage em São Gonçalo. Além de fazer parte do grêmio, participei de muitas manifestações contra os tubarões do ensino, pelo passe-livre e pela reserva de vagas para negros, carentes e alunos de escolas públicas nas universidades. Em novembro de 2014, a central sindical CTB me convidou para participar da chapa que iria disputar a direção do Sindicato dos Comerciários. Aceitei o convite e, pelo meu perfil, fui escolhido para presidir a chapa. Já sabia pelos jornais o que estava acontecendo no Sindicato - intervenção judicial e investigação dos desvios da administração anterior - e tinha o maior interesse em transformar aquela situação.

 

Como vai ficar a gestão do Sindicato durante o seu afastamento?

MA - Em muito boas mãos! Temos uma diretoria formada exclusivamente por comerciários de verdade, que conhecem os desafios da categoria e têm consciência da nossa responsabilidade. Ficarei licenciado até outubro. Até lá nossa Campanha Salarial vai correr firme sob o comando da combativa vice-presidenta Alexsandra. A luta será dura, porque, como sempre, os patrões se recusam a reconhecer nosso valor. Querem retirar direitos de nossas convenções e negam um aumento com ganho real, acima da inflação. Além disso, não abrimos mão da volta do adicional de 100% para o trabalho nos feriados. Por isso, temos que estar mais unidos do que nunca. Seguirei presente nessa luta e conto com a participação de todos. Nossa vitória depende disso.