Peregrino José D'América Pinheiro - Visconde de Ipiabas
Paty do Alferes a Caminho do Bicentenário - XIII
07/09/2018
Historiador Sebastião Deister
Edição 206
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Peregrino
José d'América Pinheiro foi titulado visconde com Grandeza por Decreto Imperial
de 17 de junho de 1882, após ter sido laureado como 1º barão de Ipiabas por
Decreto expedido em 30 de novembro de 1866. A designação Ipiabas refere-se a uma
povoação do mesmo nome localizada em terras do Sul-Fluminense, hoje dentro do
território municipal de Barra do Piraí.
O
visconde nasceu em Paty do Alferes no dia 21 de julho de 1811. Era filho de
João Pinheiro de Souza e de D. Isabel Maria da Visitação Werneck, ele um
Capitão Reformado da 2ª Linha da Guarda Nacional, nascido em Sacra Família do
Caminho Novo do Tinguá em 3 de março de 1787, e ela nascida em 20 de fevereiro
de 1785 na Fazenda de Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz, na Freguesia de
Paty do Alferes, sendo a nona filha do Padre Werneck de Vera Cruz (Inácio de
Souza Werneck). O Visconde de Ipiabas, portanto, também vinha a ser neto do
Padre Werneck e o 23º na linha direta de sua sucessão. Casou-se no dia 4 de
fevereiro de 1841 com sua prima-irmã Ana Isabel Werneck, nascida em 19 de
janeiro de 1778, filha de Francisco das Chagas Werneck (o 6º filho do Padre
Werneck) e de D. Ana Joaquina de São José. Assim, ambos eram primos diretos.
Em 5 de
janeiro de 1837 ? quando contava apenas 25 anos ? Peregrino alistou-se nas
fileiras da Guarda Nacional, logo sendo promovido ao posto de Capitão da
Cavalaria do 1º Corpo da Legião de Valença, e quatro anos depois (em 23 de
novembro de 1841) foi alçado à patente de Major da Guarda Nacional. Fadado a
uma carreira militar brilhante, Peregrino recebeu sucessivas promoções e
honrarias, tais como Moço Fidalgo com Exercício na Casa Imperial; Cavaleiro,
Oficial e Comendador da Imperial Ordem da Rosa; Cavaleiro e Comendador da
Imperial Ordem de Cristo; Coronel Chefe e Comandante Superior da 8ª Legião da
Guarda Nacional com Direitos de Comando em Valença e Paraíba do Sul e 1º Barão
de Ipiabas com Honras de Grandeza. Peregrino ainda se tornou Membro do
Instituto de Agricultura Fluminense, Juiz do Município de Valença, Provedor da
Santa Casa de Misericórdia de Valença e Membro do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, além de contribuir com elevada soma de dinheiro para a
criação do Corpo do Exército do Brasil que lutou na Guerra do Paraguai.
Extremamente religioso, foi um dos responsáveis diretos pela construção da
matriz da Vila de Comércio (atual Sebastião de Lacerda).
O
visconde faleceu na famosa Fazenda Oriente em 8 de julho de 1882, poucos dias
antes de completar 71 anos. A Viscondessa morreu na mesma fazenda em 16 de
novembro de 1892, sendo ambos sepultados no cemitério Riachuelo, na cidade de
Marquês de Valença. O casal gerou quinze filhos, entre eles Francisco,
condecorado como 2º barão de Ipiabas. Além disso, outros filhos tiveram
descendentes que também desempenharam importantes funções em Vassouras. A filha
Isabel Peregrina, por exemplo, casou-se com o Dr. Antônio José Fernandes,
médico, fazendeiro, educador, deputado e senador pelo Estado do Rio de Janeiro,
cujo filho Raul Fernandes (o caçula dentre cinco descendentes) veio a ser
advogado, deputado federal, Presidente Provincial do Estado do Rio de Janeiro,
Plenipotenciário do Brasil à Conferência de Paz em Paris (1919), Delegado às
Assembleias da Sociedade das Nações em 1920, 1921, 1924 e 1925 e Embaixador
Brasileiro na Bélgica em 1926. Hoje, uma das mais respeitadas e conhecidas
unidade de ensino de Vassouras leva seu nome (Colégio Chanceler Raul
Fernandes). Já a segunda filha do visconde de Ipiabas ? Ana Peregrina ?
casou-se com o tio Inácio José de América Pinheiro, irmão de Peregrino, e
tornou-se baronesa de Potengi através do título dado ao marido. O visconde de
Ipiabas também era pai da baronesa de Almeida Ramos (sua quarta filha,
Francisca Peregrina Werneck, casada com o barão Joaquim de Almeida Ramos), da
2ª baronesa de Palmeiras (sua sétima filha, Carolina Peregrina, casada com o 2º
barão de Palmeiras, João Quirino da Rocha Werneck, seu parente direto) e da
baronesa d?Aliança (sua oitava filha, Maria Peregrina, casada com o barão
Manuel Vieira Machado da Cunha).
A relação completa de seus filhos é a seguinte:
1. Epifânio
Pinheiro de Souza Werneck ? Morreu sem descendentes.
2. Ana
Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com o barão de Potengi (Inácio José d?América
Pinheiro), irmão de Peregrino José e, portanto, seu tio.
3. Isabel
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com o Dr. Antônio José Fernandes.
Pais de Antônio José Fernandes Junior (Advogado, Promotor Público, Juiz do
Tribunal Eleitoral do Distrito Federal e Deputado pela Província do Rio de
Janeiro), Alberto Fernandes (Coletor Federal em Magé), Maria José Fernandes,
Anita Fernandes e Dr. Raul Fernandes.
4. Francisca Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com o barão de
Almeida Ramos (Joaquim de Almeida Ramos).
5. Cândida
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck - Casou-se
com seu primo, o Comendador Benjamim de Salles Pinheiro. Tiveram como filhos
Dr. João de Salles Pinheiro (Desembargador do Estado do Rio de Janeiro),
Rodolfo de Salles Pinheiro, Guilherme de Salles Pinheiro e Augusta de Salles Pinheiro.
6. Francisco
Pinheiro de Souza Werneck ? Tornou-se o 2ª barão de Ipiabas. Casou-se com a prima
Francisca Guilhermina de Almeida Werneck.
7. Carolina
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com o 2º barão de Palmeiras (João
Quirino da Rocha Werneck), também seu parente.
8. Maria
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com o barão d?Aliança (Manoel
Vieira Machado da Cunha).
9. João
Pinheiro de Souza
Werneck ? Morto sem descendentes.
10. Rita
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com um primo distante, João Vieira
Machado da Cunha. Geraram os filhos Cecília, Catarina, Ana, Peregrino, Isaura,
Augusto, João, Adolfo, Albertina e Paulo.
11. Guilhermina
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Casou-se com Luiz Vieira Machado da Cunha,
seu concunhado e primo-distante. Sem descendentes.
12. Emília
Peregrina Pinheiro de Souza Werneck ? Esposou o cunhado Luiz Vieira Machado da
Cunha logo após a morte da irmã Guilhermina Peregrina. Foram pais de Eugênio e
Maria Isabel.
13. Amélia
Pinheiro de Souza Werneck ? Sem descendentes.
14. Maria
Pinheiro de Souza Werneck ? Não deixou filhos.
15. Minervina
Pinheiro de Souza Werneck ? Também não deixou filhos.
2. BRASÃO
DE ARMAS:
Em campo azul um pinheiro de ouro, com raízes de prata entre dez besantes de
ouro, em duas palas, e uma orla de prata. Brasão passado em 14 de setembro de
1867, registrado no Cartório da Nobreza, livro VI, fls. 91.