Filtros solares ameaçam saúde e meio ambiente
Pesquisa analisou 1300 e constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana para medicamentos e alimentos
21/06/2019
Planeta Colabora
Edição 247
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Foto 1 - Filtros solares à venda no Havaí: pesquisa analisou 1300 e
constatou que eles não passariam por regras de segurança da agência americana
para medicamentos e alimentos (Foto: Christina Horsten/DPA)
Há muito tempo existem preocupações com possíveis efeitos das
substâncias químicas dos filtros solares sobre os sistemas reprodutivo e
endócrino - assim como a possibilidade de que causem câncer e o fato de que são
perigosos para o meio ambiente. Agora, um estudo descobre que não são apenas absorvidos
pela pele - menos de um dia depois do uso vão parar na corrente sanguínea.
Pense com cuidado antes de escolher seu filtro solar. O Environmental
Working Group (EWG) analisou a eficácia de 1.300 deles e descobriu que não
passariam nas regras de segurança propostas pela Food and Drug Administration
dos EUA (FDA), agência reguladora de alimentos e drogas nos Estados Unidos.
Mais de 60% deles ou não protegem adequadamente contra a exposição ao
sol, como têm efeitos potencialmente daninhos por suas substâncias químicas.
Mas a organização afirma que há meios de checar que sejam seguros.
"Com base na melhor ciência disponível, acreditamos que os filtros mais
seguros e eficazes têm como ingredientes ativos óxido de zinco e dióxido de
titânio", diz Nnkea Leiba, diretora do grupo. "Já faz muito tempo que as
substâncias químicas deviam ser testadas para mostrar que não fazem mal à nossa
saúde".
O EWG aconselha contra o uso de produtos que contenham oxibenzona. "Ela
é um alergênico absorvido pela pele e que pode ser detectado nos corpos da
maioria de seus usuários", diz o estudo. "É também um potencial disruptor
hormonal ainda em uso em 60% dos filtros solares não minerais".
No começo deste mês, a FDA publicou um estudo segundo o qual diversos
ingrediente ativos, incluindo a oxibenzona, entram na corrente sanguínea em
níveis que excedem em muito o limite exigido pelos padrões de segurança.
Com relação ao meio ambiente, 14 mil toneladas de filtro solar vão parar
em recifes de coral a cada ano. Nelas se encontram nutrientes da vida marinha;
"Os filtros solares também poluem os esgotos", afirma Craig Downs, do Haeretics
Environmental Laboratory.
"Todo mundo sempre julgou que, porque são destinados a trabalhar na
superfície da pele, não seriam absorvidos. Mas são", afirma Theresa Michele,
diretora de produtos sem prescrição da FDA. E isso pode acontecer em horas.
Os pesquisadores viram os mesmos padrões em todos os 24 voluntários do
estudo - 12 homens e 12 mulheres, escolhidos aleatoriamente para aplicarem um
de quatro filtros comercialmente disponíveis: dois sprays, uma loção e um
creme. Usaram os produtos de acordo com as recomendações da embalagem. Quatro
vezes por dia em quatro dias, em 75 por cento de sua pele.
Durante quatro dias, e nos três dias depois, foi coletado sangue para
analisar a presença de avobenzona, oxibenzona, octocrileno e ecamsule.
Descobriu-se que os níveis destas substâncias permaneciam altos três dias
depois da aplicação.
O fato de que as moléculas dos protetores penetram no sistema
circulatório não quer dizer que seus ingredientes não sejam seguros. "Mas o
problema é que não sabemos", diz Kanade Shinkay, dermatologista e editora da
publicação JAMA Dermatology. "Embora seja irrefutável que o sol causa câncer de
pele, cientistas sabem muito menos sobre os riscos e benefícios relativos das
substâncias químicas. Para saber isso, serão necessárias mais pesquisas".
É um mercado muito valioso, com US$ 1.5 bilhão de dólares em vendas em
2014, avalia a empresa de pesquisa de mercado Datamomitor. Na Europa, as vendas
chegaram a US$ 2,2 bilhões de dólares no mesmo período.