Cerca de três bilhões de pessoas não têm água e sabão em casa
Alerta do UNICEF revela que quase 3/4 (três quartos) dos que vivem em países menos desenvolvidos não possuem instalações básicas para lavar as mãos
27/03/2020
Planeta Colabora
Edição 287
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Não há nenhuma dúvida de que lavar as mãos
corretamente é fundamental para evitar a contaminação e proliferação do
coronavírus. Tem até vídeo na internet ensinando como se deve fazer e o tempo
que se leva. Uma das dicas é não parar de lavar até que termine de cantar "Parabéns
pra você". Acontece que, para alguns, ou melhor, para muitos, lavar as mãos
não é uma ação tão simples. De acordo com o UNICEF (Fundo das Nações Unidas
para a Infância), apenas três em cada cinco pessoas em todo o mundo têm
instalações básicas adequadas para se lavar as mãos.
"Lavar as mãos com sabão é uma das coisas
mais baratas e eficazes que você pode fazer para se proteger e proteger os outros
contra o coronavírus, bem como contra muitas outras doenças infecciosas. No
entanto, para bilhões de pessoas, mesmo as medidas mais básicas estão
simplesmente fora de alcance", explica o Diretor de Programas do UNICEF,
Sanjay Wijesekera.
Em muitas partes do mundo, crianças, pais,
professores, profissionais de saúde e outros membros da comunidade não têm
acesso a instalações básicas para lavar as mãos em casa, em instalações de
saúde, escolas ou em outros lugares. De acordo com as estimativas mais recentes
da entidade, os dados são os seguintes:
3 bilhões de pessoas não têm lavatório com
água
40% da população mundial, ou 3 bilhões de
pessoas, não têm lavatório com água e sabão em casa. Quase três quartos das
pessoas nos países menos desenvolvidos não têm instalações básicas para lavar
as mãos em casa.
47% de escolas não têm lavatório
47% das escolas carecem de um lavatório com
água e sabão, afetando 900 milhões de crianças em idade escolar. Mais de um
terço das escolas em todo o mundo e metade das escolas nos países menos
desenvolvidos não têm lugar para as crianças lavarem as mãos.
16% dos estabelecimentos de saúde não têm
lavatório
16% dos estabelecimentos de saúde, ou cerca
de um em cada seis, não têm banheiros funcionais ou instalações para lavar as
mãos nos pontos de atendimento onde os pacientes são tratados.
No Brasil, 35 milhões sem acesso à água
tratada
No Brasil, a situação não é muito melhor. De
acordo com o Instituto Trata Brasil, são quase 35 milhões de brasileiros sem
acesso à água tratada. Em 2016, uma em cada sete mulheres brasileiras não tinha
acesso à água. No caso dos homens, um em cada seis não tinha água. Os dados
mostram ainda que apenas 22 das 100 maiores cidades brasileiras possuem 100% da
população atendida com água potável. Tudo isso em um país que detém 12% de toda
a água doce do planeta. Já os desperdícios e as perdas na distribuição no
Brasil chegam, em média, a 38,45% de tudo que é produzido.
Em todo o mundo, as populações urbanas são as
que correm mais riscos de infecções respiratórias virais devido à densidade
populacional e às reuniões públicas mais frequentes em espaços lotados, como
mercados, transporte público ou locais de culto religioso. As pessoas que vivem
em favelas urbanas - a pior forma de assentamento informal - estão
particularmente em risco. Como resultado, lavar as mãos se torna ainda mais
importante. Ainda hoje, segundo o UNICEF:
Na África
Na África, ao sul do Saara, 63% da população
nas áreas urbanas, ou 258 milhões de pessoas, não têm acesso à lavagem das
mãos. Cerca de 47% dos sul-africanos urbanos, por exemplo, ou 18 milhões de
pessoas, carecem de instalações básicas para lavar as mãos em casa, tendo os
moradores urbanos mais ricos quase 12 vezes mais chances de ter acesso às
instalações para lavar as mãos.
Na Ásia
Na Ásia Central e Meridional, 22% da
população nas áreas urbanas, ou 153 milhões de pessoas, não têm acesso à
lavagem das mãos. Por exemplo, quase 50% dos bengaleses urbanos - ou 29 milhões
de pessoas - e 20% dos indianos urbanos - ou 91 milhões de pessoas - carecem de
instalações básicas para lavar as mãos em casa.
No Leste da Ásia, 28% dos indonésios urbanos,
ou 41 milhões de pessoas, e 15% dos filipinos urbanos, ou 7 milhões de pessoas,
carecem de instalações básicas para lavar as mãos em casa.
Ruanda: pias portáteis em pontos de ônibus
Para minimizar esses problemas, em tempos de
coronavírus, o governo de Ruanda resolveu espalhar pias portáteis em pontos de
ônibus, perto de restaurantes, bancos e lojas da capital Kigali. Até agora,
Ruanda não registrou nenhum caso do vírus, mas a vizinha República Democrática
do Congo confirmou seu primeiro caso na terça-feira, elevando para oito o
número de países da África Subsaariana atingidos pela pandemia.
Foto 1 - A pequena Shania, de 4 anos, lavas
as mãos em uma torneira improvisada num subúrbio de Kigali, capital da Rwanda. (Foto:
Unicef/2020)
Foto 2 - Crianças fazem fila para lavar as
mãos do lado de fora de uma escola na Índia. (Foto: Unicef)