Visconde e Barão de Barra Mansa - João Gomes Leite de Carvalho

Título de barão, com Honras de Grandeza, concedido em 15 de maio de 1867, referendado por Joaquim Fernando Torres, representante do Império em terras de Barra Mansa.

 03/04/2020     Historiador Sebastião Deister      Edição 288
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Título de barão, com Honras de Grandeza, concedido em 15 de maio de 1867, referendado por Joaquim Fernando Torres, representante do Império em terras de Barra Mansa, e de visconde, também com Honras de Grandeza, outorgado em 15 de janeiro de 1868.

Nasceu em Amparo em 10 de abril de 1839, no atual município de Barra Mansa, sendo filho de Manuel Gomes de Carvalho (o 1º barão do Amparo) e de D. Francisca Bernardina Leite de Carvalho, neta do pioneiro e influente argento-mor José Leite Ribeiro, prestigiado minerador e produtor rural luso-brasileiro, patriarca de uma família com grande acesso às instâncias de poder e de grande respeito na sociedade brasileira. O sargento ocupava lugar destacado dentro da nobreza do Império do Brasil.

Importante informar que Manuel Gomes de Carvalho, o 1° barão do Amparo, nasceu em São Tiago de Amorim, em Portugal, no dia 21 de fevereiro de 1788, emigrando para o Brasil com apenas 13 anos e deixando em sua cidade de origem os país Matias Gomes de Carvalho e Mariana Josefa Martins, radicando-se então no território circunscrito pelo rio Paraíba do Sul e ocupando terras hoje formadoras do município de Barra Mansa. Tornou-se um próspero fazendeiro, adquirindo na região diversas propriedades, inclusive aquela batizada como Sant'Anna do Turvo.

Manuel ainda se tornou um conhecido militar, recebendo a patente de tenente-coronel do Corpo de Cavalaria das Milícias do Império. Em 17 de janeiro de 1853 foi agraciado, graças a um Decreto Imperial, com o título de barão do Amparo, tendo a honra de ser o primeiro portador de tal título nobiliárquico. A denominação honorífica faz referência à serra do Amparo, localizada no distrito de Nossa Senhora do Amparo, em Barra Mansa (antigamente conhecido como Amparo da Barra Mansa), região onde ele possuía a maior parte de suas terras.

Manuel morreu em 25 de maio de 1855 aos 67 anos de idade, dois anos após ser titulado como barão, deixando os filhos João (visconde e barão de Barra Mansa), Joaquim (2° barão do Amparo) e Manuel (barão do Rio Negro).

Segundo o escritor Aluísio de Azevedo, o visconde de Barra Mansa foi um abastado latifundiário fluminense. Solteirão convicto, apreciava a companhia dos boêmios tanto de Amparo quanto do Rio de Janeiro, aos quais sempre dava abrigo e refeições na sua fazenda em Barra Mansa e também em sua luxuosa mansão nas Laranjeiras. 

O visconde veio a ser um rico fazendeiro e respeitado proprietário de terras em Barra Mansa, apondo em sua nobiliarquia o nome da cidade onde nascera. Foi ainda condecorado com as insígnias de Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Dignatário da Imperial Ordem da Rosa e Comendador da Imperial Ordem de Cristo da Vila Viçosa, em Portugal. Exerceu também as funções de Moço Fidalgo com exercício na Casa Imperial.

Com apenas 60 anos, o visconde de Barra Mansa faleceu no Rio de Janeiro em 26 de abril de 1899. Morreu solteiro e sem deixar descendentes.

BRASÃO DE ARMAS (v. imagem): Escudo esquartelado. No primeiro e no quarto, em campo de ouro, três cabeças de índios Araris com um turbante de penas coloridas na cabeça, postas em roquete. No segundo e terceiro, em campo vermelho, pelicanos in pietá de ouro em seu ninho, mordendo as entranhas para com seu sangue nutrir os filhos. Chefe cosido de azul com três besantes de prata. Por diferença, uma brica de prata com um ramo de cafeeiro de sinople e bordadura de azul.

 

COROA: da dignidade de visconde, com Coronel de Conde sobre o Elmo, pela Honra de Grandeza.

TIMBRE: uma das cabeças de índio do escudo.

DIVISA: Ambitio et invidia sit procul - Deixe longe a ambição e a inveja em caracteres de negro sobre um listel branco forrado de vermelho (Brasão passado em 18 de julho de 1867 e registrado no Cartório de Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, Livro VI, Fls. 82).

Tal Brasão de Armas foi concedido em 21 de agosto de 1853 a Manuel Gomes de Carvalho, o 1º barão do Amparo, e depois transferido para seu filho, o barão e depois visconde de Barra Mansa. A representação dos índios Araris (ou Araras) no primeiro e quarto quartéis do escudo parece sugerir que eles tiveram grande importância na implantação das fazendas surgidas em seus domínios. Já os quartéis II e III trazem as Armas da família Gomes, com diferença, mudando o campo de azul para vermelho e sendo referente aos três filhos do patriarca, que foram o barão de Barra Mansa, o 2º barão do Amparo e o barão do Rio Negro.

Já no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro existe o original do Escudo de Armas do 1º barão do Amparo, no qual, no Chefe dos 2º e 3º quartéis, em lugar de besantes, estão pintadas três bolotas de carvalho com folhas, numa representação falante do nome Carvalho, sendo o azul do chefe a cor do Escudo de Armas dessa família. Por ser este o principal nome, suas Armas deveriam estar no 1º quartel, mas pode-se aqui deduzir que o 1º barão do Amparo, em razão da forte simbologia do pelicano in pietá, preferiu esta ordenação, representando seus filhos as três bolotas, fruto do Carvalho. Ao ser novamente concedido esse Brasão ao visconde de Barra Mansa, foi então mudado o Chefe para besantes, já que as bolotas pertenciam apenas a seu pai. Por seu turno, a brica foi utilizada para personalizar o barão de Barra Mansa.