Visconde (e 1º Barão) de Rio Preto
Domingos Custódio Guimarães
01/05/2020
Historiador Sebastião Deister
Edição 292
Compartilhe:
Filho de Pedro Custódio Guimarães e de D. Teresa
Maria de Jesus, Domingos foi titulado como 1ª barão de Rio Preto em 6 de
dezembro de 1854 e como visconde com Grandeza em 14 de março de 1867, além de
ser agraciado, também, com as insígnias de Comendador da Imperial Ordem da Rosa
e da Real Ordem de Cristo.
Casou-se pela primeira vez com Faustina Xavier
Pestana, falecida sem lhe dar herdeiros. Num segundo matrimônio, esposou Maria
das Dores de Carvalho, morta em Valença em 12 de janeiro de 1873, filha de
Joaquim Inácio de Carvalho e de D. Cândida Umbelina de São José. Com ela, o
Visconde gerou dois descendentes, sendo o primeiro a filha Maria Amélia, casada
com o Comendador Domingos Teodoro de Azevedo Jr., com o qual teve dez filhos:
Maria Amélia, Eugênia, Alberto, Augusto, Leonor, Adolfo, Alceu, Domingos
Teodoro, Domingos Custódio e Branca. Já o filho Custódio Guimarães Filho -
titulado como 2º barão de Rio Preto em 23 de setembro de 1874 - casou-se com
Maria Bebiana de Araújo, filha do visconde de Pirassununga (Joaquim Henrique de
Araújo Filho) e neta do marquês de Olinda (Pedro de Araújo Lima). Com ela, o 2º
barão gerou os filhos Domingos, Artur, Pedro, Carlos, Marieta e Julieta.
Segundo Eloy de Andrade, em Da Grandeza da Província à Decadência do Estado do Rio de Janeiro, "(...)
o visconde associou-se, por ocasião do Primeiro Império, a um dos mais
ilustres brasileiros de seu tempo, João Francisco de Mesquita (1790-1883), barão,
visconde e por fim marquês de Bomfim, o banqueiro que tantas vezes acudiu ao
Tesouro Nacional com avultadas quantias em dinheiro. Trataram os dois sócios de
abastecer o Rio de Janeiro com carne, fazendo descer de Minas Gerais grandes
rebanhos, e como administravam um comércio bem organizado, ganharam largas
somas de dinheiro. A malignidade e a maledicência públicas acusaram D. Pedro I
de comparticipar dos lucros da firma Mesquita & Guimarães. A esse rumor
malévolo davam asas as contínuas transações entre o Estado, então em grandes
apertos financeiros, e o rico banqueiro, já titulado marquês de Bomfim."
Eloy ainda registra que, dissolvida a sociedade,
pensou Domingos Custódio Guimarães em fazer-se fazendeiro de café, encarregando
um sobrinho e um dos seus agentes para a compra de duas dezenas de gado e de
lhe ver alguma propriedade de dimensões razoáveis em boa zona climática para
pecuária. Assim, em suas repetidas viagens para comprar os animais desejados, seu
sobrinho Joaquim Cândido Guimarães conheceu terras de ótima produtividade,
terrenos pouco acidentados e ótimas vias de comunicação pela velha estrada do
Comércio que conectava Valença a Vassouras e à região do Rio de Janeiro. Às
margens do rio Preto, comprou a João Pedro Maynart, por cento e vinte contos de
réis, duas fazendas batizadas como Flores do Paraíso e Loanda, anteriormente conhecidas
como Barra das Flores, além de duzentos cativos que por lá trabalhavam. Finalizada
a compra, Domingos e família mudaram-se de pronto para a Fazenda da Loanda.
A partir daí, o visconde deu início a restaurações,
melhorias e ampliações da Fazenda Flores do Paraíso, tida no século XIX como a
Joia de Valença e até hoje uma das propriedades mais elegantes e refinadas de
Rio das Flores. De fato, a propriedade é a única do Vale do Café que ainda
mantém intactas todas as características da faustosa época da cafeicultura,
inclusive as pinturas artísticas, o mobiliário centenário e as paredes da
cozinha cobertas da fuligem seculares desprendida pelo uso do grande fogão a
lenha. Registre-se o importante fato de que a fazenda permanece nas mãos de uma
mesma família há 104 anos.
O visconde faleceu em 7 de setembro de 1868, no
vestíbulo da Fazenda Flores do Paraíso, vitimado por um ataque cardíaco
exatamente no dia do seu aniversário, conforme consta no mausoléu da família no
cemitério do Riachuelo, em Valença, cidade em que foi vereador por dois períodos
(1861-1864 e 1865-1868). Ressalte-se que, à hora de sua morte, o visconde
chegava da viagem de inauguração do trecho da estrada entre sua fazenda e a
localidade de Monte Serrat (junto à Ponte de Paraibuna), cuja pavimentação ele
financiara e cujas obras tinham sido dirigidas por Mariano Procópio Ferreira
Lage, que o acompanhava na carruagem. Por ocasião de sua morte, a Câmara
Municipal de Valença, em 14 de setembro, decretou luto oficial por 8 dias,
tamanha era sua importância e prestígio naquela cidade.
BRASÃO DE ARMAS: Lisonja partida em três palas: na
primeira e terceira, de prata, cobertas com uma rede de sable, a segunda de
goles com um leão de prata rompante armado de prata com uma espada na garra
direita, ensanguentada, copos de ouro e folha de prata, a qual cai na primeira
pala e a cauda de leão na última. Apresenta, ainda, um chefe de azul, carregado
com um coração inflamado de ouro entre duas estrelas de prata. O brasão foi
concedido à viúva viscondessa em 28 de outubro de 1869, com Registro no
Cartório da Nobreza no Livro VI, folhas 106.
COROA: A de conde, pois na Nobiliarquia Brasileira o
título de visconde com Grandeza tinha o direito de usar a coroa de conde em seu
brasão.