Hoje Paty do Alferes celebra 200 anos

"Hoje, dia 4 de setembro de 1820, a localidade conhecida como Roça do Alferes foi promovida à categoria de vila, passando a se chamar Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra Acima da Roça do Alferes, por decreto oficial de D. João VI, em função da sua

 04/09/2020     Paty, 200 anos      Edição 308
Compartilhe:       

"Hoje, dia 4 de setembro de 1820, a localidade conhecida como Roça do Alferes foi promovida à categoria de vila, passando a se chamar Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra Acima da Roça do Alferes, por decreto oficial de D. João VI, em função da sua crescente importância no cenário socioeconômico do estado do Rio de Janeiro". Para celebrar esta importante data, a Prefeitura de Paty do Aferes lançou no início do ano um concurso para a elaboração de um monumento comemorativo aos 200 anos a ser construído na Praça Manoel Congo, onde fica localizado o Centro Cultural de Paty.

Os ganhadores do concurso foram o casal Rogéria Magalhães e Octacílio Ramalho com o projeto "Vila de Paty do Alferes: 200 anos de lutas, trabalho e conquistas". Os artistas são responsáveis pela idealização, criação, concepção artística, construção dos mosaicos e por toda a execução, estando presentes em todas as etapas do projeto. Rogéria é historiadora e artista plástica, e destacou a relevância do monumento: "Com a obra, buscamos envolver os patienses e turistas com a história de criação e desenvolvimento do município, na formação da nossa sociedade e, principalmente, como se forjou seu povo trabalhador e sua cultura".

Para o secretário de Cultura, Economia Criativa e Desenvolvimento Econômico do município Henrique Gonçalves, o projeto é um marco para a cidade: "Paty tem uma história rica e o monumento vem para celebrar esta história importante não só para o patiense, mas também para todo brasileiro", destaca.

Para Marcelo Mourão - que além de procurador do município também é artista e já foi secretário municipal de Cultura -, a relevância histórica patiense precisa ser contada: "Já tivemos em nossa cidade importantes fazendas históricas, um dos mais importantes quilombos do Brasil - o de Manoel Congo, que foi morto em 1839 - e também aqui, em 1870, nasceu o autor da letra do hino nacional brasileiro, Joaquim Osório Duque Estrada. Nossa cidade tem uma história muito rica e este monumento vem para celebrar toda esta riqueza".

Algumas curiosidades sobre o município

O nome da cidade vem da fusão do vocábulo indígena "pati", que é uma espécie de palmeira, com o termo "alferes", patente militar na época, provavelmente fazendo referência a um dos alferes que detinham propriedades na região nos idos de 1700, cujos nomes eram Leonardo Cardoso da Silva e Francisco Tavares.

Suas fertilíssimas terras, banhadas pelos Ribeirão de Ubá e Rio do Saco, primeiro acolheram o plantio da cana-de-açúcar (século XVIII) e, um século depois neste mesmo solo, o café viria a brotar como ouro, fazendo nascer também uma aristocracia rural formada por nobres intimamente ligados à Corte, como o Visconde de Ubá, o Barão de Capivary e o Barão de Guaribú, dentre muitos outros.

Em 1833, por questões políticas, Paty do Alferes teve sua sede transferida para a Vila de Vassouras. Em 1987, reconquistou, por emancipação, o título de cidade, resgatando sua relevância, propiciada pela excelente posição no ranking das melhores cidades do estado em produção agrícola, acumulando assim duas importantes datas comemorativas em sua história.

Diversidade na produção agrícola

Atualmente, Paty do Alferes se destaca como um município com uma economia agrícola forte e com diversidade de culturas, pois, além do tomate, atualmente há uma grande produção de maracujá, pimentão, louro e hortaliças, entre outros. O município também se destaca na produção do cultivo protegido, plantio realizado em estufas, de maneira sustentável, com menos insumos e menor consumo de água.

Turismo Rural

A experiência do Turismo Rural também é uma característica de Paty do Alferes. No município, os visitantes podem ficar em hotéis e pousadas que oferecem experiências rurais, como tirar leite de uma vaca e visitar estufas de tomates, orquidários, apiários e ranchos, entre outras atrações.

O município também foi o primeiro do país a ter o Museu da Cachaça do Brasil, fundado em 1991, onde os visitantes encontram curiosidades sobre a bebida mais popular do Brasil, com fotos, documentos e mais de 1.000 marcas de cachaças.

Paty e o cinema

Em 2020, a riqueza de Paty foi mostrada para o mundo com o lançamento do filme Ricos de Amor, exibido na Netflix. O longa teve Paty como cenário e mostrou para o mundo a famosa Festa do Tomate, o cultivo protegido e as belezas da cidade.

Monumento ao bicentenário da Vila de Paty do Alferes

A obra "Vila de Paty do Alferes: 200 anos de lutas, trabalho e conquistas" foi a vencedora do concurso público para comemoração dos 200 anos de criação da Vila de Paty do Alferes.

O município tem mais de 300 anos de história, e agora tem-se a oportunidade de comemorar e refletir esses 200 anos de fundação da Vila de Nossa Senhora da Conceição da Serra Acima da Roça do Alferes (ou simplesmente Vila de Paty do Alferes, conforme o Alvará Real de criação de 1820). Deve-se comemorar a bonita história de Paty e refletir quanto à importância da participação da população nos destinos do município, objetivando aumentar o orgulho e sentimento de pertencimento dos patienses com sua terra.

Os três arcos

Os três arcos do monumento sugerem um "túnel do tempo", contendo os registros dos principais eventos, períodos e produções patienses nestes 300 anos de história; esses registros estão representados nos azulejos pintados. Estima-se que exatamente ao lado da Praça Manoel Congo, na direção de Palmares, era um trecho do "Caminho Novo das Minas". Tal via foi encomendada a Garcia Paes na virada do século XVII para o século XVIII visando a redução de tempo e risco do transporte de ouro e pedras preciosas até o Porto do Rio de Janeiro - fato este que inclusive precisa ser recontado, fazendo justiça à importância de Paty na história do Brasil e no desenvolvimento de toda a região.

De modo a inteirar a população e os visitantes da cidade sobre a obra e a história do município, foi idealizado um banco com contornos orgânicos, lembrando as montanhas de Paty, revestido com mosaico de cerâmicas nas cores de nossa bandeira e tons terrosos, contendo o símbolo do município e o Alvará Real de criação da Vila. Além de se constituir um ponto de encontro para a população, também propiciará que os visitantes tirem fotos no monumento. Além disso, também servirá para palestrantes nos contarem mais sobre a história e os "causos" de Paty.

O mosaico tem um lugar muito especial na história da arte, dos mais diferentes povos e nas diversas etapas de formação das sociedades e regiões de nosso planeta. Essa foi a opção dos artistas para essa obra construída para o povo de Paty. Foi um trabalho minucioso e dedicado que eles esperam que seja recebido com carinho pela população.