1º Visconde de Queluz - João Severiano Maciel da Costa

O visconde também exerceu as funções de deputado à Assembleia Constituinte por Minas Gerais em 1823, integrando, também, o Conselho de Dez Membros nomeado pelo Imperador para redigir o novo Projeto de Constituição

 26/06/2020     Historiador Sebastião Deister      Edição 298
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Filho do coronel Domingos Alves de Oliveira Maciel (advogado e deputado à Assembleia Constituinte pela Província de Minas Gerais) e de D. Juliana de Oliveira, vinha a ser neto do coronel Maximiano de Oliveira Leite, potentado da zona do Carmo, descendendo diretamente do grande bandeirante Fernão Dias Paes.  

Casado com Bárbara Benedita de Tavares da Costa Lobo Ferreira, foi titulado visconde com Grandeza por Decreto expedido pelo Império em 30 de junho de 1847. Tornou-se um dos magistrados mais respeitados e influentes na centúria XIX, com participação direta em dezenas de atividades políticas e judiciárias junto ao Império Brasileiro. Embora tenha nascido em Mariana (Minas Gerais) em 1769, faleceu em Vassouras em 19 de novembro de 1833.

Ainda bem jovem, seguiu para Portugal a fim de estudar Direito. Diplomado em Leis pela Universidade de Coimbra, voltou ao Brasil e, ingressando na Magistratura, logo se tornou Desembargador.

Em 1808, quando da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, João desempenhava a importante função de Agravista da Casa de Suplicação, ou seja, detinha o cargo de juiz nas dependências dos escritórios que, pelas antigas Ordenações Afonsinas, anteriormente se chamara Casa de Justiça da Corte. Meses depois, viu-se indicado como Intendente-Geral e Governador na Guiana Francesa, ali trabalhando de 1809 a 1819. Retornando ao Brasil em 1821, acompanhou D. João VI em sua viagem de retorno a Portugal. Novamente no Brasil, passou a ocupar o cargo de Presidente da Assembleia Constituinte de 1823, de onde saiu temporariamente para presidir a Província da Bahia em 1825. Incansável e requisitado pelas autoridades, no ano seguinte já representava a Província da Paraíba do Norte como senador no Governo Imperial.

O visconde também exerceu as funções de deputado à Assembleia Constituinte por Minas Gerais em 1823, integrando, também, o Conselho de Dez Membros nomeado pelo Imperador para redigir o novo Projeto de Constituição, que ficou sendo chamado Conselho de Estado, comentado e duramente criticado em 12 de fevereiro de 1824 por frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca.

Posteriormente, João Severiano viu-se alçado à condição de Ministro do Império no 3º Gabinete de 1827 e Conselheiro Efetivo de Estado em 1824, tendo sido um dos mais respeitados redatores da Constituição do Império. Viu-se agraciado com a Imperial Ordem do Cruzeiro em 1824.

Seu filho João Tavares Maciel da Costa foi agraciado com os títulos de 1º barão e 2º visconde com Grandeza de Queluz, tendo falecido em 9 de dezembro de 1870 em Vassouras. Casou-se com Cândida Augusta de São José Werneck, filha de Francisco das Chagas Werneck (o sexto filho de Inácio de Souza Werneck, da fazenda Piedade, de Vera Cruz) e de D. Ana Joaquina de São José, ela, por sua vez, neta de Inácio de Souza Werneck, nascida em 3 de janeiro de 1826 e falecida em 30 de março de 1853.

João Tavares Maciel da Costa revelou-se um ardoroso lutador pela liberdade de imprensa no Brasil.

O 2º visconde de Queluz deixou apenas uma filha - Ana Maciel da Costa - que esposou o senhor João Pedroso Barreto de Albuquerque, com quem teve os filhos Maria Eugênia Barreto de Albuquerque Maciel da Costa (casada com o engenheiro Dr. Adel Barreto Pinto, funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil e autor do Block System Adel) e João Pedroso Barreto de Albuquerque Maciel da Costa, médico e íntimo colaborador do Dr. Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro (casado com D. Edite Bitencourt).

Como curiosidade, podemos registrar que o Block System Adel foi uma invenção do engenheiro brasileiro Adel Barreto Pinto com patente em diversos países da América e Europa. No Brasil, constituiu um sistema formado por uma combinação de aparelhos como semáforos e cabines de aviso destinado a garantir a circulação de trens em geral em um ou dois sentidos de movimento. Foi aprovado com louvor pelo Clube de Engenharia e pela Exposição Nacional de 1908, sendo logo adotado na Estrada de Ferro Central do Brasil pelo Dr. André Gustavo Paulo de Frontin, na linha circular de Cascadura, Madureira e D. Clara e pelo Dr. Osório de Almeida, na Serra do Mar. Em Miguel Pereira, na serra de conexão Vera Cruz - Arcádia, há uma antiga parada de reabastecimento de locomotivas batizada com o nome de Engenheiro Adel, infelizmente hoje abandonada e mostrando poucos vestígios de sua importante existência ao longo das atividades da Linha Auxiliar.