Família Almeida
Famílias Pioneiras e seus Brasões de Armas - 07
21/05/2021
Historiador Sebastião Deister
Edição 346
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Sobrenome extremamente popular em quase todos os países de língua
portuguesa. Sua forma ortográfica nasceu em terras da Península Ibérica, embora
sua origem venha da língua árabe significando AL (A) MEIDA (MESA). Genealogistas
afirmam que a palavra tenha sentido geográfico, remetendo-se a um planalto ou
chão muito plano que lembrava, aos povos do Oriente Médio, a forma de uma
grande mesa de refeições.
Outra versão defendida por estudiosos da língua árabe garante que sua
origem é toponímica (no caso, geográfica) por conta da existência de um grande
solar batizado como Castelo de Almeida, mas normalmente referido pelas pessoas
como Casa dos Almeida, titulação que, com o tempo e consagrada pelo uso, acabou
por ser repassado como sobrenome definitivo aos descendentes da família.
Existem documentos em Portugal que dão conta de que os Almeida descendem
diretamente de D. Fernão Canelas, Senhor das Quintas do Pinheiro e de Canelas,
pai de João Fernandes de Almeida. Na família destacou-se, também, D. Egas
Moniz, conquistador da região de Almeida, sendo que um de seus filhos
assenhoreou-se da designação Almeida impondo-a em definitivo como sobrenome da linhagem
portuguesa que ele representava.
Entretanto, o genealogista português Manuel José da Costa Filgueiras
Gaio, em seu Nobiliário de Famílias de
Portugal, centra a origem dos
Almeida em Dom Paio Amado, fidalgo que se casou com D. Moninha Guterres,
Dama da Rainha D. Teresa, com quem teve um filho chamado Soeiro Pais Amado.
Este, por sua vez, esposou D. Justa Pais, filha do Alcaide-Mor Paio Guterres da
Silva, tendo com ela um filho chamado Paio Guterres Amado, responsável por
derrotar os Mouros e tomar o Castelo de Almeida de Riba Coa (Ribacôa), conhecido como Almeidão. Por conta desse extraordinário
feito, recebeu do Rei Dom Sancho I o título de Senhor do Castelo de Almeida. Dom Paio Guterres Amado legou o Castelo aos
seus descendentes, que então assumiram o termo Almeida como sobrenome de
família. Segundo o genealogista, o primeiro membro da família a receber o
sobrenome Almeida foi Pedro Paes de Almeida, filho de Paio Guterres Amado.
Embora possa existir aqui um pequeno conflito de pesquisa, é fato que os Almeida
nasceram, de fato, em Portugal. Um detalhe, contudo, aproxima as duas versões:
Almeida é um sobrenome de conotação toponímica, ou seja, sua origem indica,
realmente, um local de origem.
Seja como for, a verdade é que nas
centúrias XIV e XV o apelido já se tornara conhecido em praticamente todo o
território português, tanto que, em meados do século XIV, os Almeida fixaram
raízes muito fortes na zona mais setentrional do país, onde circulou a lendária
figura da Padeira de Aljubarrota, personificada numa tal Brites
de Almeida, aventureira, matadora de castelhanos com o uso de
pás na batalha de Aljubarrota, em 1385.
Esta vila ainda conserva traços histórico-medievais com prédios que não
ultrapassam o primeiro andar. Foi em suas proximidades que se travou uma das
mais decisivas batalhas pela independência nacional de Portugal: a mencionada
Batalha de Aljubarrota em 14 de agosto de 1385. Consta que Brites era natural do Algarve - segundo uns, de Loulé,
outros de Faro -, ou de outro lugar situado entres essas duas localidades. Fato
é que um monumento em Aljubarrota evoca a lendária intervenção de Brites de
Almeida durante aquela dura batalha.
Além de Brites,
outros exemplos são Diogo Lopes de Almeida,
companheiro de descobertas africanas de Afonso Gonçalves Baldaia em 1436, com
quem explorou a zona da Ponta da Galé, e Estêvão de Almeida, também navegador,
companheiro de Nuno Tristão, com quem morreu, em combate, em África, 60 léguas
a sul de Cabo Verde, no ano de 1446.
Ainda no século
XIV, mais um Almeida entrou na história e no imaginário dos portugueses por
suas façanhas. Trata-se de Duarte de Almeida,
Alferes de D. Afonso V, filho de Pedro Lourenço de Almeida, herói da Batalha
de Toro ocorrida em 1
de março de 1476 durante a Guerra de Sucessão de Castela, entre tropas portuguesas joanistas de
D. Afonso V e castelhanas/isabelinas de Fernando II, Rei de Aragão, Leão e Castela. O soberano
português fora a campo defender os direitos de sua sobrinha, Joana, a Beltraneja, Rainha Consorte de Portugal. Na luta,
distinguiram-se o príncipe D. João (que viria a reinar como João II de Portugal), Gonçalo
Pires, e Duarte
de Almeida, o Alferes-mor do Rei, a quem estava confiada
a bandeira portuguesa. Após violenta refrega, vendo parte das
tropas portuguesas em debandada, Duarte de Almeida apoderou-se do abandonado Estandarte
Real, defendendo-o heroicamente. Os inimigos cortaram-lhe uma das mãos e, em
seguida, depois a outra, mas mesmo assim, apesar de violentamente amputado,
manteve o estandarte preso ao peito com os cotos e os dentes, resistindo sempre,
mas logo sendo derrotado. Moribundo, foi feito prisioneiro e levado para
Castela, onde acabou sendo tratado com consideração pelo inimigo, conseguindo
se recuperar. Libertado, enfim, retornou a Portugal meses depois com a Alcunha
de O Decepado, morrendo, mais tarde, no Castelo de Vilarigas, que herdara de
seu pai.
Tanto em Portugal quanto no Brasil, os Almeida espraiaram-se por várias
regiões, formando múltiplas famílias e ligando seu sobrenome a muitas outras
estirpes. Por conseguinte, é muito comum encontrarmos escritores bastante
conhecidos (como Almeida Garret, em Portugal, e Manuel Antônio de Almeida, no
Brasil, autor de Memórias de um Sargento de Milícias), artistas de vários
naipes, médicos, padres e numerosos políticos, incluindo-se aqui Roberto Daniel
Campos de Almeida, prefeito de Miguel Pereira por quatro gestões.
Brasão de Armas da Família Almeida
O brasão da família Almeida tem cores fazendo referência à riqueza e ao poder,
representadas por ouro e vermelho. É constituído por um dobre-cruz acompanhado
de seis besantes, tudo feito de jalde (isto é, da cor do ouro,
amarelado). Também possui bordadura do mesmo. No seu TIMBRE encontra-se um elmo
representativo da linhagem de nobreza da família.